Ocupação da faixa de areia pode definir por onde Xangri-Lá crescerá

Procuradora do município e arquiteta detalharam projetos

Por Mauro Belo Schneider

Xangri-Lá volta a debater a revisão de seu Plano Diretor
Foram retomadas nesta semana as discussões sobre a revisão do Plano Diretor de Xangri-Lá. Um grupo de técnicos responde as dúvidas da população até esta quinta-feira (26) em reuniões territoriais abertas na Câmara de Vereadores do município. O debate terá seu ponto alto daqui a um mês, no dia 24 de novembro, quando ocorrerá a audiência pública sobre o Plano Diretor.

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Na atividade desta quarta-feira, no Legislativo, cerca de 30 pessoas estiveram presentes. Mais uma vez,  um dos focos do debate foi a mudança no limite da altura máxima dos prédios. Outro ponto que apareceu foi a definição de novos investimentos a partir da chamada ocupação da faixa de areia, mencionada na apresentação. Na prática, trata-se de uma projeção para evitar uma superlotação da praia, em um cálculo que leva em consideração o número de residências em uma faixa do município e o espaço da areia na praia naquela região.
A arquiteta da Secretaria Municipal de Planejamento de Xangri-Lá, Luiza Trisch, foi quem citou a sugestão, que integra um estudo realizado pelo Núcleo de Tecnologia Urbana da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (NTU), contratado pela prefeitura. "Pela ocupação da faixa de areia dá para ver qual impacto um empreendimento causará, se estará dentro dos parâmetros desejáveis, sustentáveis", explicou.
Atlântida, por exemplo, onde há pouco espaço livre no verão, teria uma análise diferente de um local com menos densidade. O estudo da Ufrgs considera o espaço mínimo desejável por habitação na faixa de areia de 10 metros quadrados. Este indicador, conforme o documento (disponível na internet), pode ser aplicado para calcular a ocupação de cada condomínio. A partir disso, seria possível observar onde há população ideal ou em excesso. Atualmente, Atlântida oferece 12,7 m² de faixa de areia para cada habitação. Caso houvesse aprovação demasiada de condomínios, poderia cair para 2,6 m². Este nível acenderia o alerta vermelho e entraria na categoria indesejável. 
Tatiana Dal Ri, procuradora do município de Xangri-Lá, explicou que os encontros desta semana não significam o início de um novo processo do Plano Diretor, mas sim a retomada dos debates sobre o texto, liberado no dia 13 de setembro após adaptações solicitadas tanto pelo Ministério Público Federal quanto Estadual. "Estamos discutindo uma emenda legislativa", frisou, respondendo à maioria das questões levantadas.
O novo Plano Diretor vem sendo tratado desde 2019. Apesar disso, há muitas reclamações das poucas oportunidades para participação popular.
No evento aberto desta quarta-feira, a organização do debate rebateu a crítica lembrando de oficinas e audiências públicas que foram realizadas. Durante uma delas, inclusive, no verão, o clima esquentou. Com a praia cheia de veranistas, o grupo de pessoas contrárias ao aumento da altura das edificações ganhou fôlego.
Atualmente, são liberadas construções de até sete pavimentos, o que motivou revolta quando foi citada a possibilidade de lançar empreendimentos de 14 andares em Rainha do Mar e em Xangri-Lá. Até abraços coletivos nos terrenos foram promovidos em protestos.
Luiza esmiuçou o assunto, sem tratar desses casos específicos. "A altura vai depender da largura da via. Onde admite mais, pode-se chegar a mais", disse, acrescentando a relação com o tamanho da caixa viária (distância entre dois alinhamentos prediais em oposição).
Embora o encontro desta quarta-feira tenha tido o objetivo de tratar especificamente dos bairros Figueirinha e Guará, a comunidade trouxe à tona diversos assuntos. Outra solicitação da reunião foi a troca do texto, na parte em que mencionava a destinação da área de promoção do Planeta Atlântida, abrindo oportunidade de uso do espaço para outros eventos culturais.