{{channel}}
Após prejuízos de R$ 231 milhões com chuvas, Muçum lança movimento para recuperar cidade
Muçum planeja ainda a construção de um Parque Industrial, no prazo de até dois anos e meio, com capacidade para comportar empresas de grande porte.
A prefeitura de Muçum apresentou no final da tarde desta segunda-feira (25) as diretrizes para a recuperação da cidade, praticamente destruída pelas fortes chuvas e enchentes do início de setembro. Chamado de Movimento Recupera Muçum - Olhando Sempre Para Frente, o planejamento prevê a busca de captação de recursos humanos, materiais e financeiros para a execução de projetos e atividades que não serão custeadas pelos poderes públicos federal, estadual e municipal.
• LEIA TAMBÉM: Trapiche turístico de Tapes é levado pela chuva
Será iniciado um processo de novo planejamento urbanístico e estratégico para expansão e crescimento da cidade. “Nós trabalhamos muito também ao longo desses 21 dias. Hoje (segunda-feira) fecha exatamente três semanas da inundação, dessa catástrofe, trabalhamos praticamente todas as noites para conseguir estruturar isso e poder apresentar para a comunidade”, disse o prefeito Mateus Trojan durante apresentação da proposta.
Muçum teve 16 mortes dos 49 óbitos confirmados pela Defesa Civil até o momento em decorrência dos temporais e inundações. Três moradores seguem desaparecidos. Nos dias que se seguiram após a chuvarada o cenário foi de ruas cobertas de lama, casas e carros arrastados pela correnteza e muita destruição.
O impacto econômico da tragédia é avaliado em R$ 231 milhões, com prejuízos de R$ 28 milhões em estruturas, R$ 84 milhões em residências, R$ 89 milhões no setor econômico (empresas e comércio), R$ 11 milhões no setor primário (produção, estrutura, maquinário e serviços). A esses valores somam-se ainda R$ 19 milhões do temporal de granizo no dia 23 de setembro, até então o maior na história de Muçum, com danos em quase mil moradias.
“Os prejuízos totais estimados de forma direta são de R$ 231 milhões. É um número muito impactante. Para vocês terem uma ideia, o orçamento do município para 2023 está em torno de R$ 35 milhões. Vocês imaginam quantos orçamentos do município precisamos exclusivamente para reconstrução, para compensar tudo que tivemos de prejuízo? Isso mostra o tamanho do desafio e mostra porque nós precisamos de parcerias e agregar pessoas nesse processo”, afirmou Trojan.
O prefeito ressaltou que não está menosprezando os auxílios e apoios já recebidos dos governos federal e do Estado, mas que eles não chegarão no montante necessário para a recuperação da cidade, o que requer que sejam buscadas mais parcerias. Até o momento, Muçum recebeu R$ 2.858.077,51. Da parte federal, a maior fatia é destinada à ajuda humanitária, totalizando R$ 1.076.180,00 já depositado. Brasília destinou também recursos para o atendimento de assistência social aos desabrigados no município (R$ 312 mil) e à limpeza urbana (R$ 217.815,20). As verbas federais englobam ainda auxílio aos atingidos pelo temporal de granizo para a compra de cestas básicas (R$ 48.782,00) e restabelecimento de telhados destruídos. O governo estadual disponibilizou R$ 350 mil para o custeio da saúde municipal e R$ 150 mil para o custeio hospital.
O município busca por uma área para construção de residências provisórias, posterior à desapropriação feita pelo governo do Estado. O local deste terreno e a quantidade de casas ainda não estão definidos. Posteriormente, a remoção das famílias para moradias definitivas, o terreno poderá ser usado para a construção de residências do Minha Casa, Minha Vida. A reconstrução de casas destruídas pela enchente, para moradia definitiva, deve levar de 12 a 15 meses. O novo local de habitação será uma área do Loteamento Jardim Cidade Alta II.
Muçum planeja ainda a construção de um Parque Industrial, no prazo de até dois anos e meio, com capacidade para comportar empresas de grande porte. A intenção é que seja feita outra desapropriação de área de terra, mediada pelo governo do Estado, também sem definição de área. A ideia é que o parque tenha capacidade de comportar empresas de grande porte que já possam também pensar na diversificação da economia local e no crescimento geral, tanto econômico e, consequentemente, social.
“Essa é a responsabilidade que carregamos e precisamos que seja compartilhada com muitas frentes para que não se condene a cidade a se diminuir ou entrar em colapso no futuro, seja econômico, social, de infraestrutura ou de todos esses itens. Esse é o desafio que temos”, destacou Trojan.
Volta às aulas em Muçum e organização do cemitério são alguns dos desafios
Durante a apresentação do Movimento Recupera Muçum, o prefeito Mateus Trojan elencou uma série de desafios imediatos para a recuperação da cidade, como a volta às aulas, reconstrução da Ponte Brochado da Rocha - um dos símbolos da cidade -, reestruturação dos prédios públicos em geral e a situação das estradas. Em relação ao cemitério, destruído durante a catástrofe, o prefeito fez um apelo: “É uma dificuldade muito grande lidar dentro do contexto do cemitério com exposição de restos mortais, com várias estruturas danificadas e até levadas pelas águas. Está sendo feita uma organização junto com IGP, Polícia Civil e o Exército de intervenção no local e solicitamos, a gente quase implora, que as pessoas não acessem o cemitério até que esse trabalho seja feito porque o ambiente é inclusive de risco”.
Dos cinco colégios municipais e um estadual em Muçum, três foram atingidos pelas cheias, dois perderam absolutamente tudo o que tinha dentro e o outro teve a condenação do prédio. As outras duas escolas municipais não foram atingidas pela enchente mas foram severamente afetadas pelo temporal de granizo e necessitam de troca do telhado. O colégio estadual foi atingido pelos dois fenômenos e teve graves avarias no telhado.
O excesso de lixo gerado pela enxurrada dificulta a limpeza completa da cidade, que tem ainda pontos com entulhos nas ruas. Outro problema é o entupimento de tubulações e os bueiros que foram quebrados na ânsia de tentar dar a vazão para água e precisam ser consertados.
As estradas do interior precisam ser restabelecidas. “Nós conseguimos amenizar mas temos muito ainda a ser feito porque realmente foram muitas estradas danificadas e o tempo, nesse sentido, acaba não ajudando”, lamentou. Além disso, a prefeitura vai elaborar um estudo de impacto nas áreas da zona rural para poder retomar a produção primária.
As estradas do interior precisam ser restabelecidas. “Nós conseguimos amenizar mas temos muito ainda a ser feito porque realmente foram muitas estradas danificadas e o tempo, nesse sentido, acaba não ajudando”, lamentou. Além disso, a prefeitura vai elaborar um estudo de impacto nas áreas da zona rural para poder retomar a produção primária.
Cidade precisa de materiais e profissionais para garantir reconstrução
Diante da grande mobilização para ajudar as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, que receberam ajuda não só dos gaúchos mas também de todo o País, numa iniciativa que envolveu ainda a iniciativa privada e órgãos públicos, a cidade de Muçum busca agora viabilizar o que é necessário para a recuperação de casas, empresas e prédios públicos. Segundo o levantamento apresentado pela prefeitura, para reforma de residências ainda em condições de moradia, é preciso materiais de construção como cimento, tijolos, estruturas metálicas, madeiras diversas, aberturas, forros, tintas.
Em itens para mobiliário, os moradores ainda precisam de móveis e eletrodomésticos, que foram destruídos pelas chuvas. “Essa demanda ainda é bastante grande, então alertamos que aceitamos e precisamos de doações para atender as famílias”, afirmou o prefeito Mateus Trojan.
Para a construção e/ou reconstrução de pavilhões de pequeno porte e atendimento de empresas com menor necessidade de espaço de pavilhão, a prefeitura pede doação de tijolos e blocos de concreto; estruturas metálicas; brita; areia; mão de obra; e maquinários para terraplanagem. Além disso, Muçum solicita a colaboração de voluntários de engenharia para a elaboração de projetos de reconstrução.
No caso dos espaços públicos, alguns projetos para reformas de escolas e espaços públicos já estão em em trâmite e serão realizados juntamente com parceiros, seja da iniciativa privada ou via recursos dos governos estadual e federal.