Rio Grande do Sul terá a ocorrência de dois ciclones em sequência nesta semana

Fenômeno será mais forte entre quarta e quinta-feira na região Leste e em todo o Litoral gaúcho

Por Cláudio Isaías

Lajeado, no Vale do Taquari, foi uma das cidades atingidas pela enchente
O Rio Grande do Sul terá a ocorrência dois ciclones em sequência nesta semana. O alerta é do Coordenador do Curso de Geografia da Escola de Humanidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), Luciano Zasso, ao destacar que os prognósticos mostram a ocorrência dos fenômenos entre esta segunda (11) e terça e de quarta (13) para quinta-feira (14) no Estado.

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O primeiro ciclone já se forma entre a noite de segunda (11) e a terça-feira (12). Conforme Zasso, o evento climático passará mais para dentro do Oceano e os ventos estarão mais concentrados no Litoral gaúcho. "Não será o mais forte, mas vai trazer mais vento, muita agitação marítima para a área costeira e chuva", destaca.
No entanto, conforme Zasso, os prognósticos da meteorologia apontam que o segundo ciclone que se forma de quarta para quinta-feira vai ficar bem próximo da Costa gaúcha. "Teremos ventos muito fortes na parte Leste do Rio Grande e em todo o Litoral gaúcho", destaca.
Nesta segunda-feira, a temperatura deverá passar dos 30°C, o que resultará em muita umidade que vem do Norte do Brasil, da região Sudeste e do próprio Oceano Atlântico Sul que está muito aquecido. Conforme o coordenador do Curso Curso de Geografia da Escola de Humanidades da Pucrs, essa umidade vai se instalar sobre o Rio Grande do Sul. O resultado será que o Estado deverá ter um cenário de bastante instabilidade, precipitação e ventos fortes entre terça, quarta e quinta-feira.
Nesta segunda-feira a tendência é de chuva forte na região da Campanha e na Fronteira Sul e Oeste. Na terça, a instabilidade se espalha pelo Estado e chega a Porto Alegre junto com um vento Sul que poderá ser forte. Na quarta-feira, a chuva fica generalizada por todo Estado e em algumas áreas com volume bem expressivo em torno de 30mm a 50 mm principalmente no Centro de Estado e pegando a região de Porto Alegre em cheio.
Os moradores das Ilhas (Grande dos Marinheiros, Pavão, Pintada e das Flores) devem ficar em alerta - há um prognóstico de o Guaíba subir porque o vento Sul será bastante forte associado a chuva e aos rios que já estão com muito volume da região Serra que desembocam no Guaíba. Segundo ele, a tendência é que ocorra um cenário de elevação rápida do Guaíba o que pode afetar aos moradores das Ilhas que moram mais próximo das margens. "Eu diria que na quarta-feira o alerta é Laranja quase um Vermelho", destaca o coordenador.
O professor explica que a quinta-feira ainda é de atenção para os moradores das Ilhas porque os rios continuarão desembocando no Guaíba com grande volume e vazão muito forte. "O Guaíba continuará represado em função do Vento Sul desde a Laguna dos Patos o que acaba por ter impacto no Guaíba", explica.
Os prognósticos apontam que a instabilidade nas regiões do Vale do Taquari não será na proporção que causou destruição na região. "As regiões afetadas devem continuar em alerta. As chuvas desta semana vão atrapalhar o processo de recuperação das cidades, mas não será no nível que causou toda a destruição nos municípios", acrescenta Zasso. Na sexta-feira (15), os gaúchos terão um forte aquecimento com prognósticos que mostram temperaturas acima de 30°C.

Alerta de altos volumes de chuva e temporais

O Rio Grande do Sul poderá ter altos volumes de chuva e temporais nos próximos dias, sobretudo na Metade Sul. O aviso consta do boletim meteorológico da Sala de Situação do governo do Estado, coordenada pela Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema).
Entre segunda-feira (11) e sexta-feira (15), existe o risco de chuva forte em grande parte das regiões. Os volumes de chuva podem variar entre 100 milímetros e 200 milímetros nas regiões Sul, Campanha, Oeste, Centro, Sudeste, Leste e Noroeste e ultrapassar 250 milímetros em alguns pontos. Além disso, o risco é alto para queda de granizo, descargas elétricas e vento forte.
Ao longo desta semana, uma área de baixa pressão atmosférica atuará sobre o Estado e vai se intensificar com o fluxo de umidade da Amazônia e com a aproximação de uma frente fria. Nos primeiros dias do mês de setembro, os volumes de chuva ocorridos já superaram a média histórica na maior parte do Rio Grande do Sul.
A meteorologista Cátia Valente explica que a precipitação volumosa acontece em função da combinação de sistemas com reforço do fenômeno climático El Niño. "Nesta época do ano, é normal as chuvas começarem a ter maior frequência e intensidade por causa do fluxo de umidade que vem do norte do Brasil, trazido em altitude pelos ventos", explica. Segundo Cátia Valente, associado a isso, está a influência do fenômeno El Niño e, como um fator adicional, as águas do oceano Atlântico quentes que alimentam ainda mais os sistemas meteorológicos. "Tudo isso potencializa frentes frias, baixas pressões e ciclones extratropicais", comentou.