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Moradoras de Lajeado relatam situação dramática na cidade após enchentes
A Defesa Civil informou na manhã desta quarta-feira (6) que 70 municípios foram afetados pelas chuvas
Arthur Reckziegel e Luciane Medeiros
O município de Lajeado, no Vale do Taquari, é um dos que foi atingido pelas cheias causadas em decorrência das fortes chuvas no Rio Grande do Sul. Até a tarde desta terça-feira (5), o nível do Rio Taquari havia subido 29,55 m, segundo informou a prefeitura de Lajeado. Moradores de algumas partes da cidade estão ilhados, sem água, luz e acesso à comunicação. A Defesa Civil informou na manhã desta quarta-feira (6) que 70 municípios foram afetados pelas chuvas. Pelo menos 27 pessoas morreram nas enchentes, uma delas em Lajeado.
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A jornalista Fernanda Mallmann, que mora no Centro de Lajeado, conta que na área central há luz e internet nesta quarta-feira (6), mas água não. No bairro Hidráulica, onde vivem os pais de Fernanda, não há água desde a manhã de terça (5). Fernanda não consegue contato telefônico com a irmã, que mora em uma região que está sem sinal da operadora.
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“A cidade está um caos, está parada. A madrugada inteira teve barulho de helicópteros e agora de manhã não é diferente. Estou na minha casa nesse momento, tenho luz e tenho internet, mas não tenho água. Na casa dos meus pais, que fica em outro bairro, eles estão sem água e sem luz. Eu não consigo chegar lá porque teria que fazer o acesso pela BR-386 e temos evitado sair de casa”, descreve.
Fernanda, que tem 45 anos, diz que a vida inteira conviveu com situações de cheia na cidade pelo menos uma vez por ano, mas nunca uma enchente tinha tido a proporção da atual. “Eu lembro dos meus pais falando da enchente de 1941 quando teve muita morte mas nunca se teve nada parecido com aquilo. A água atingiu níveis que nunca chegou, ela nunca veio com tanta força e rapidez. Áreas da cidade, do centro que nunca haviam sido alagadas, desta vez foram”, descreve.
Fundada por colonizadores alemães, Lajeado cresceu ao longo do Rio Taquari. “A cidade nasceu e cresceu na beira do rio, que era o meio de transporte onde os nossos antepassados recebiam alimentos. Esse rio que é bom para a gente em épocas de verão, porque não costumamos ter seca e é realmente uma riqueza, ele também causa fatos inesperados “, lamenta.
As aulas foram suspensas nas redes públicas e particulares na cidade. A professora Andrea Reckziegel narra o desespero de colegas para não ficarem ilhados. “Foi desesperador, colegas tendo que ir embora às pressas porque senão iriam ficar ilhados”, conta a professora.
Segundo ela, o grande volume de chuva pegou muitos moradores de surpresa. “As pessoas tinham uma experiência de enchente, elas se programavam até um determinado lugar para levantar móveis e outras coisas dentro de casa. Ontem (terça) uma colega ligou chorando dizendo que ligou para a Defesa Civil e não conseguiu falar com ninguém e que precisou subir em um pedaço do telhado porque a água já estava batendo na cintura dentro de casa. Eram cinco pessoas nessa casa e foram resgatados de helicóptero porque não tinha acesso por meio de barcos”, afirma.
O marido de Andrea, Armando Santiago, é proprietário de um café no centro da cidade e o local também foi invadido pelas águas. "Ele perdeu tudo, não se imaginava que seria tão grande assim", salienta.