A primavera tem início neste sábado (23), às 3h50min, e a estação deve ser marcada por chuva acima da média devido à influência do El Niño, que será o mais forte desde 2015. A estação mais florida do ano também terá calor e umidade presentes.
Os grandes volumes de chuva na região Sul são explicados pela presença do El Niño, que consiste no aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico e causa mudanças climáticas significativas, principalmente na faixa tropical do globo. A última vez que ele ocorreu foi entre 2015 e 2016, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
O RS é o estado que mais gera preocupação devido aos volumes extraordinariamente altos de chuva e níveis dos rios muito acima do normal no fim deste mÊs, conforme análise da MetSul meteorologia. Há a possibilidade de ocorrência de novas enchentes. A região mais afetada deve ser o Oeste gaúcho, até então poupada das cheias do Rio Uruguai, onde o risco de cheias aumenta ao longo da primavera.
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"O El Niño aumenta a frequência de dias com chuva. Com isso, a quantidade de perídos chuvosos serão maiores do que os últimos três anos que foram influenciados pela La Niña. Como consequência, o nível dos rios vai se manter alto, trazendo transtornos, com alagamentos e risco de enchentes. A população vai ter que estar muito bem preparada para enfrentar essas dificuldades", explica a meteorologista da MetSul, Estael Sias.
As temperaturas altas devem predominar, não chegando aos picos persistentes de calor que são vistos no Centro-Oeste, mas com predomínio do calor, além de noites e madrugadas abafadas. "Aquela condição de primavera normal, em que você tem uma temperatura mais amena durante a noite, fica mais mais restrito", afirma o meteorologista da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Flavio Varone.
Outro fenômeno comum na estação que será intensificado com a ocorrência do El Niño é a umidade. "O dia a dia da dona de casa fica mais difícil porque a chuva é muito frequente, então bota a roupa para secar quando sai para trabalhar, chove, volta para casa e a roupa segue molhada, a casa com mofo em razão do excesso de umidade", pontua Estael.
Com o aquecimento do Oceano Pacífico, os temporais que já são comuns nesta estação se tornarão ainda mais frequentes. Um fenômeno que tende a se tornar recorrente são os Complexos Convectivos de Mesoescala, que consistem em aglomerados de nuvens carregadas formados pelo calor úmido no Nordeste da Argentina e no Paraguai, os quais avançam em direção ao Mato Grosso do Sul e ao Sul do Brasil, favorecendo a ocorrência de fenômenos meteorológicos extremos.
"Ao longo da primavera, teremos bastante tempestades, associadas à chuva intensa com volume elevado em curto intervalo de tempo, como já ocorreu nas últimas semanas. Quando essas tempestades vêm, elas estarão acompanhadas de fortes rajadas de vento e, às vezes, até granizo", complementa Varone.