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Saúde

- Publicada em 13 de Setembro de 2023 às 16:52

Enchentes apresentam riscos biológicos para a população atingida

Mais de 90 cidades no Estado já declararam situação de calamidade pública

Mais de 90 cidades no Estado já declararam situação de calamidade pública


HANDOUT/RIO GRANDE DO SUL/FIRE DEPARTMENT/AFP/DIVULGAÇÃO/JC
O Rio Grande do Sul sofre, desde o início deste mês, com um dos piores eventos climáticos das últimas décadas. Mais de 90 cidades gaúchas declararam situação de calamidade pública, há 47 mortos e mais de 900 feridos. Milhares ficaram sem acesso ou tiveram perdas em suas residências. Há registros de pessoas que ficaram abrigadas em cima de telhados ou árvores, para fugir da força das águas.
O Rio Grande do Sul sofre, desde o início deste mês, com um dos piores eventos climáticos das últimas décadas. Mais de 90 cidades gaúchas declararam situação de calamidade pública, há 47 mortos e mais de 900 feridos. Milhares ficaram sem acesso ou tiveram perdas em suas residências. Há registros de pessoas que ficaram abrigadas em cima de telhados ou árvores, para fugir da força das águas.
Além de todos os prejuízos, ainda há perigo para a saúde das pessoas atingidas. São três os principais riscos: diarreia, hepatite A e leptospirose. A principal forma de prevenção é não entrar em contato com a água acumulada, contudo, para quem já se contaminou, o importante é ficar atento aos sinais.
O infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury no Rio Grande do Sul, Dr. Celso Granato, comenta sobre a expectativa de vida nas cidades atingidas pelas enchentes: “os idosos podem ter sistemas mais comprometidos, enquanto crianças sofrem mais com desidratação”. Além das faixas etárias que exigem mais atenção, grupos de risco como hipertensos e diabéticos também precisam ficar mais alertas aos sintomas.
No caso da diarreia, o período de incubação é curto, em dois dias após a ingestão da água contaminada, a pessoa já deve apresentar os sintomas. A contaminação pode ocorrer por vírus ou bactéria e o diagnóstico é clínico, mas pode ser feito um teste para saber qual o agente. A principal característica pode ser identificada nas fezes amolecidas ou líquidas, em episódios de pelo menos duas vezes ao dia. O tratamento consiste em principalmente hidratação.
Já a hepatite A tem contaminação oral-fecal, ou seja, a pessoa precisa ingerir água ou alimentos contaminados. Mas, felizmente, existe vacina contra essa forma da doença, e é aplicada na infância, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI), contudo, adultos também podem ser imunizados.
A principal característica dos infectados é a icterícia, o termo médico para pele amarelada, que pode demorar até três semanas, após o contágio, para se manifestar. A hepatite A atinge o fígado e o tratamento consiste em hidratação e repouso.
Já o grande perigo das enchentes é a proliferação de leptospirose na população, pois a doença pode ser mortal. A bactéria leptospira, que afeta principalmente os rins, está presente na urina de ratos, comuns nas cidades, por se alimentarem principalmente de resíduos de alimentação humana. Com as enchentes, além da contaminação do esgoto, outras substâncias se misturam na água. Outro ponto de perigo é o fato da leptospirose ser adquirida através do contato direto, não necessariamente a ingestão. “Temos microfissuras na pele, e mesmo sem perceber a olho nu, bactérias podem entrar no corpo”, explica o infectologista.
Após a contaminação, a leptospirose pode demorar de uma a três semanas para mostrar os sintomas, sendo o principal a pele alaranjada. O diagnóstico é clínico e o principal grau de suspeita é a pessoa ter tido contato com áreas alagadas. O tratamento é feito com antibióticos e pode durar algumas semanas.
A bactéria leptospira produz uma toxina que causa uma queimação nos órgãos, e pode causar insuficiência renal. “É muito perigoso ter muitas pessoas de uma região com essa doença, porque não haverá hospitais com hemodiálise para todos”, ressalta o médico Celso Granato.
Como se prevenir após o contato com a água da enchente?
- Lave bem as mãos antes de preparar os alimentos;
- Não utilize água de poço (a não ser para lavar o quintal/calçadas);
- Beba sempre água potável, fervida ou com adição de cloro e a utilize para preparo de alimentos, principalmente de crianças menores de um ano;
- Guarde os alimentos em recipientes bem fechados;
- Utilize apenas os enlatados cujas embalagens não apresentem amassamentos, pontos de ferrugem ou sinais de danos;
- Em caso de hortas que sofreram inundação, não utilize esses produtos; 
- Descarte medicamentos e alimentos que entraram em contato com lama ou água de enchente, mesmo aqueles embalados com plástico ou que não foram abertos;
- Caso seja portador de doença crônica, solicite em sua unidade de saúde novos medicamentos de uso contínuo;
- Descarte tábuas de madeira, chupetas e mamadeiras;
- Descarte alimentos (rações) de animais domésticos;
- Retire, acondicione e descarte o lixo adequadamente;
- Aloje animais domésticos em local seguro para evitar contato com águas de enchente.