O Rio Grande do Sul tem sido assolado por um novo ciclone extratropical. Com as fortes chuvas e consequentes inundações, ao menos 36 pessoas morreram e outras 3.500 estão desalojadas no Estado. Este número já faz com que esta seja a maior tragédia natural das últimas quatro décadas em solo gaúcho, superando o ciclone de junho deste ano, que deixou 16 pessoas mortas. Um dos fatores que explica o alto volume de chuvas nos últimos meses é a ação do El Niño.
O fenômeno retornou ao Brasil em 2023 depois de três anos e, de acordo com Estael Sias, meteorologista da MetSul, os anos em que ele atua sob o país costumam ser mais chuvosos e com alta frequência de temporais. Ela realça que as consequências dependem de sua intensidade. “Quanto mais intenso o fenômeno for, maior será o volume de precipitação, o que pode gerar muitas inundações como as que vemos agora”, explica Sias.
O El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico, que ocorre a cada dois ou sete anos, caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico. Conforme Cátia Valente, meteorologista do Climatempo, este aquecimento “muda a circulação atmosférica e, portanto, influencia todas as estações do ano, no mundo inteiro”. Valente ainda ressalta que nos últimos anos o Estado vinha sendo influenciado pelo "La Niña", fenômeno que favorecia a estiagem e as secas, atuando de forma contrária ao El Niño.
Em relação aos próximos dias, Estael Sias liga o alerta. Segundo ela, a tendência é que uma massa de ar quente provoque mais chuvas na metade sul e oeste do estado, com risco de temporais acompanhados por raios e granizos no feriado de 7 de setembro. As chuvas devem parar no final de semana - quando as temperaturas irão baixar em todo o Estado -, mas voltarão já na próxima terça, com novo alerta para temporais no Rio Grande do Sul.
Setembro de 2023 deverá superar a média histórica de chuvas do mês na maioria dos municípios gaúchos e a tendência é que o El Niño continue impactando o clima no estado até o outono de 2024. Os altos volumes de precipitação devem permanecer até lá ou até mesmo aumentar: de acordo com a MetSul, ainda há previsão de um “Super El Niño” entre outubro e janeiro, que poderá intensificar os efeitos climáticos.