Porto Alegre tem 77 km de infraestrutura cicloviária utilizada diariamente por centenas de ciclistas, seja para locomoção ou lazer. Segundo pesquisa de 2021 sobre o Perfil do Ciclista Brasileiro, realizada pela Associação Transporte Ativo e pelo Labmob-UFRJ, 60,2% dos moradores da Capital utilizaram a bicicleta como meio de transporte nos cinco anos entre 2017 e aquele ano. Ao usar a vias para bicicletas, ciclistas reclamam principalmente da falta de conexão entre os trechos, além de sinalização e iluminação precárias.
Todos os dias a jornalista Maia Rubim, de 31 anos, usa a sua bicicleta para se locomover para suas aulas e outras tarefas. A jovem reclama sobre atenção dada pelo poder público aos ciclistas: “falta uma continuidade das ciclovias, andamos por um trecho e logo já não tem mais sinalização”. Ela já sofreu acidentes na avenida Ipiranga e comenta que a iluminação do local é um perigo. “Lembro de ter visto várias campanhas de conscientização sobre a segurança no trânsito nos últimos anos, mas agora não vejo mais”, completa.
A Capital tem um Plano Diretor Cicloviário (PDC) desde 2009, que prevê 495 quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas, e desde o ano passado a prefeitura trabalha na atualização. Para que isso ocorra, a Secretaria de Mobilidade Urbana realiza neste ano a Pesquisa de Origem e Destino e Domiciliar (Edom), na busca de entender o deslocamento da população. A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) afirma que a pesquisa ajudará a renovar o PDC.
Grande parte da malha cicloviária da Capital foi construída a partir de contrapartidas, que podem ser definidas como algum serviço ou material que uma empresa fornece em troca do espaço para construir seu empreendimento. A cada 100 vagas de estacionamento em empreendimentos comerciais, deve-se construir ou fornecer material para 200m de estrutura cicloviária. Esses trechos beneficiam o próprio empreendedor, pois as obras ocorrem nas redondezas do local. “Se fez nos últimos anos muitos trechos de ciclovias, agora vamos fazer um estudo para interligar os trechos”, comenta o diretor executivo da EPTC, Flávio Caldasso.
Ele explica que há três tipos de faixas apropriadas para ciclistas. Ciclovias, como a da avenida Ipiranga, são pistas de uso exclusivo de bicicletas, com separação física do tráfego comum. Já a ciclofaixa é identificada a partir da pintura no chão e alguma barreira como grade ou tachão, ao lado das faixas dos carros, e a ciclorrota é menos segregada da via. Além disso, ele afirma que a prefeitura promove diálogos com a população, através de reuniões, principalmente com comerciantes, para entender quais regiões têm interesse em ter um espaço destinado aos ciclistas.
Segundo Caldasso, a prefeitura está na fase de “análise dessas informações para ter uma posição mais assertiva na hora de executar essas novas obras de ciclovias". Além disso, a Secretaria de Mobilidade Urbana promove desde o início do mês a Pesquisa de Origem e Destino e Domiciliar. Segundo o secretário da pasta, Adão de Castro Júnior, a intenção da coleta é “fazer uma grande radiografia e extrair um perfil do deslocamento do porto-alegrense". Mais de 10 mil residências receberão recenseadores, em todos os bairros da cidade. O levantamento dura em torno de 30 minutos, pois pede dados básicos e outros específicos sobre mobilidade.
Uma das críticas de ciclistas é a falta de manutenção das vias, que apresentam buracos, rachaduras, raízes levantando o solo, além da falta de pintura. Outro ponto, bastante visível na ciclovia da avenida Ipiranga é a falha de segurança devido à falta de grades em alguns pontos, tanto na divisa com a via dos carros quanto na divisa com o arroio Dilúvio. “Estamos conversando sobre esse problema de segurança das ciclovias”, afirma Caldasso. Ele comenta sobre a dificuldade de encontrar o mesmo material dos guarda-corpos, que foi feito de plástico reciclado e madeira de reflorestamento e não é produzido em grande escala.
Na época da construção dos 9,4 km da ciclovia foi realizado um concurso para escolher qual o design e material da grade de proteção, e a ideia sustentável do arquiteto Rodrigo Troyano venceu. Quando o equipamento foi instalado, não se pensava em ter manutenções com frequência, diz o diretor executivo. Grande parte das alterações na estrutura se devem aos acidentes de carro que danificam o guarda-corpo.
“Buscamos alguém que possa produzir esse mesmo molde, com essa mesma semelhança, para não ficar remendado”, ressalta Caldasso. A solução para o custeio da manutenção, atualmente, é via contrapartidas. Um dos locais em que a população pode perceber a falta de manutenção dos guarda-corpos é entre a avenida Érico Verissimo e rua Tibério Bagnati.
“Buscamos alguém que possa produzir esse mesmo molde, com essa mesma semelhança, para não ficar remendado”, ressalta Caldasso. A solução para o custeio da manutenção, atualmente, é via contrapartidas. Um dos locais em que a população pode perceber a falta de manutenção dos guarda-corpos é entre a avenida Érico Verissimo e rua Tibério Bagnati.
Para o diretor executivo “a estrutura das ciclovias é ótima”. O que pode deixar a desejar são reparos de pinturas e também buracos. Ele também comenta sobre o deslizamento que ocorreu em uma parte da avenida Ipiranga, no mês de julho, após fortes chuvas. A obra de recuperação do talude que cedeu está sendo realizada pelo Dmae, já que o deslizamento ocorreu devido à infiltração de água. “A ideia é que se faça uma recuperação da área, mas isso tem que ser tratado entre várias secretarias”, comenta Caldasso. Ele diz que a parte de solos é com a Secretaria de Serviços Urbanos e só após todas questões estruturais serem resolvidas é que a EPTC realiza a sinalização. O canal de reclamações e sugestões para a prefeitura é através do número 156 e também pelo site.