O Esqueletão, como é conhecido o Edifício Galeria XV de Novembro, será demolido em duas etapas. O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), informou que a licitação ou contrato será emergencial e deve ser publicado ainda em agosto. O modelo escolhido, após o recebimento do laudo de estudo de projeto contratado pela prefeitura, foi o misto, com parte demolição convencional e outra implosão parcial.
O prefeito ressaltou a importância da decisão, após anos de tramitação na Justiça e apelos populares e de técnicos. “É um simbolismo da retomada do Centro Histórico”, afirma Melo. O prédio na rua Marechal Floriano Peixoto está inacabado desde a década de 1950, tem 19 andares e já passou por alguns incêndios. Segundo laudo elaborado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), 61% da estrutura de concreto armado do Esqueletão já atingiu o tempo de vida útil do projeto. Devido aos riscos, os moradores restantes do local foram evacuados até setembro de 2021.
Após o pedido de autorização para demolição, a prefeitura esperou oito meses para poder prosseguir. A decisão judicial foi publicada em abril desde ano pela 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central, e a gestão municipal contratou uma empresa para estudar um projeto de demolição viável. Os técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura (Smoi), junto com outras secretarias, escolheram como modelo a demolição convencional manual e mecânica de nove andares do prédio e a implosão parcial dos últimos dez andares. O custo aproximado é de R$ 3,9 milhões e deve durar quatro meses. O edital deve ser lançado ainda neste mês de agosto.
O secretário de Obras e Infraestrutura, André Flores, afirmou que o serviço deve causar o “menor transtorno possível” para os moradores e comerciantes do entorno. Também foi destacada uma preocupação com os resíduos que serão recolhidos durante a demolição. Mais detalhes sobre como a obra será conduzida serão fornecidos quando o edital for publicado.
Segundo Melo, a prefeitura tem pressa para concluir a demolição do prédio, com cerca de 300 proprietários. “Tem uma dívida de 3,5 milhões, sem a atualização de IPTU, e mais a demolição, que vamos cobrar deles também”, avisa o prefeito.
Relembre os últimos acontecimentos sobre o Esqueletão
2012
- Ministério Público entra com ação judicial contra os proprietários e o município.
2018
- Avaliação feita por técnicos da prefeitura atesta risco crítico da edificação.
2019
- Município pede autorização judicial para interditar e desocupar o prédio, até que laudo definitivo ateste sua segurança.
- Ministério Público também requereu a desocupação. Justiça determina a interdição e desocupação total.
- Em virtude da pandemia, ação foi postergada.
2020
- Município pede novo mandado de desocupação.
2021
- Prefeitura contrata Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme)/Ufrgs para elaboração de laudo técnico.
- Realizada a desocupação total do prédio.
2022
- Município recebe o laudo técnico do Leme/Ufrgs e pede à Justiça autorização para demolir o prédio.
2023
- Justiça autoriza demolição e prefeitura contrata empresa para fazer estudos sobre a melhor forma de demolição. Empresa entrega os estudos contratados, apontando duas opções para a demolição do prédio.
Entenda o caso sobre o Esqueletão
- O Edifício Galeria XV de Novembro – com 19 andares e 13 mil metros quadrados localizados na Marechal Floriano Peixoto – começou a ser construído na década de 1950, mas nunca foi concluído.
- Durante anos, o imóvel foi ocupado por famílias e sua estrutura foi se deteriorando.
- Em 2019, o então prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior, assinou decreto que declarou o imóvel de utilidade pública. Na ocasião, o município explicou que a medida possibilitava a destinação "adequada ao imóvel, seja a reconstrução ou demolição".
- Em setembro de 2021, famílias que tinham ocupado o prédio do centro histórico começaram a deixar o local. Ao total, 50 moradores abandonaram suas casas com o apoio da Secretaria Municipal de Habitação de Regularização Fundiária (SMAHRF) e após engenheiros da prefeitura terem constatado riscos na estrutura.
- Em 2022, a prefeitura contratou um laudo à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O estudo apontou sérios riscos de desabamento e afirmou que era economicamente inviável recuperar o prédio. No laudo consta que 61% da estrutura de concreto armado do edifício precisa ser recuperada, enquanto 6,7% do total precisa ser reforçado, o que significa risco de colapso parcial.
- Depois do resultado, a Procuradoria-Geral do Município (PGM) entrou com petição no Judiciário para a demolição do Esqueletão.