Ciclone causa mortes e espalha danos pelo Estado

Litoral Norte e Região Metropolitana sofreram maiores estragos

Por JC

O nível do Rio dos Sinos, na régua do Serviço Geológico do Brasil (ANA/CPRM), localizada na rua da Praia, chegou na marca de 5,16m
O Rio Grande do Sul ainda lida com os efeitos do ciclone extratropical que atingiu o Estado entre a noite de quinta-feira e a madrugada da última sexta-feira. A Defesa Civil gaúcha confirmou, durante o domingo, mais duas mortes, ambas ocorridas no município de Caraá, no Litoral Norte, área mais diretamente atingida pela fortes chuvas e ventos.
Com isso, estavam confirmados 13 mortos em decorrência do ciclone, além de 3.713 pessoas desabrigadas e 697 desalojadas. Uma das cidades mais atingidas, Caraá ainda tinha quatro desaparecidos até o fechamento desta edição.
O evento climático espalhou danos e destruição em boa parte do Estado. Pelo menos dez rodovias sofreram bloqueios, e os acumulados de chuva deixaram cidades inteiras debaixo d'água. Após visitar áreas atingidas, o governador Eduardo Leite determinou que seja realizada uma reunião nesta segunda-feira entre os órgãos de Defesa Civil e prefeituras para discutir os planos de trabalho no socorro às vítimas e rescaldo dos danos da tragédia. O encontro acontecerá em Osório e será coordenado pelo vice-governador Gabriel Souza.
Em Porto Alegre, dezenas de bairros sofreram com interrupções no fornecimento de água, enquanto moradores de diferentes regiões enfrentaram longos períodos sem luz. Em bairros como Menino Deus e Tristeza, a falta de energia persistiu por quase 24 horas. Inundações foram verificadas em bairros como Cavalhada, Humaitá e no Quarto Distrito; no bairro Três Figueiras, uma construção desabou, atingindo três residências no entorno.
Pontos como as ruas Costa Gama, Oscar Pereira, Gedeon Leite, Edgar Pires de Castro, João de Oliveira Remião, Antônio de Carvalho, Vasco da Gama, Farrapos e Bento Gonçalves registraram bloqueios de trânsito por alagamentos ou pela queda de árvores e galhos. O aeroporto Salgado Filho suspendeu voos na sexta-feira, enquanto várias escolas e pelo menos dez unidades de saúde ficaram fechadas à população. O Ginásio do Departamento Municipal de Habitação (Demhab) chegou a abrigar cerca de 40 pessoas simultaneamente, todas atingidas pelo evento climático.

Governador e ministros vistoriam áreas atingidas

Durante o sábado, o governador Eduardo Leite sobrevoou o Estado acompanhado pelos ministros da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, e o do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias. De acordo com Dias, haverá um esforço conjunto entre estado, união e municípios para agilizar a reconstrução das áreas afetadas.
"Equipes técnicas estão chegando ao Rio Grande do Sul para desenvolver e executar planos de ajuda humanitária e outras em reconstrução e restabelecimneto. A ideia é elaborar atuar de forma estratégica para se ter respostas mais rápidas", ressaltou o ministro em coletiva realizada no município de São Leopoldo.
Em Caraá, um dos locais mais afetados, a comitiva conversou com desabrigados que estão instalados em um centro de tradições gaúchas (CTG) do município. Na mesma ocasião, o governador garantiu prioridade para a reconstrução de três pontes que desabaram em Caraá, em um esforço que deve unir verbas estaduais e federais.
O grupo também esteve em São Leopoldo, no Vale do Sinos, que chegou a enfrentar mais de 240 milímetros de chuva em 18 horas. O Rio do Sinos registrou a marca de 5,16m, causando alagamentos, e quase 300 pessoas tiveram que se abrigar no Ginásio Municipal Celso Morbach.

Prefeitura e Estado recebem doações na Capital

Até o final da tarde de domingo, quase 37 mil clientes ainda estavam sem energia elétrica no Rio Grande do Sul. Segundo último boletim da CEEE Equatorial, cerca de 31 mil consumidores seguem sem luz em todo o Estado.
As regiões mais afetadas são Metropolitana (23 mil consumidores) e Litoral Norte (6 mil). Os municípios mais impactados são Porto Alegre, Alvorada, Caraá, Palmares do Sul e Santo Antônio da Patrulha. Já a RGE informou que, até a tarde de domingo, 6,8 mil clientes aguardavam o retorno do fornecimento de energia, concentrados principalmente na região do Vale dos Sinos, Canoas e Gravataí.
A prefeitura de Porto Alegre está recebendo doações de alimentos, cobertores e produtos de higiene para auxílio às famílias atingidas pelas chuvas. Os donativos podem ser entregues no Paço Municipal, no Centro Administrativo do município e nas unidades do supermercado Zaffari na Otto Niemeyer, Juca Batista, Sertório e Fernando Machado. O governo do Estado também recebe doações no Centro Administrativo (Caff), Palácio Piratini e em unidades do Sesc e do Banco do Brasil, entre outros.