Reunião entre poderes debate ações para acolher pessoas em situação de rua de Porto Alegre

Principal preocupação da prefeitura é que a queda no número de pessoas nesta condição é pequena

Por Bolívar Cavalar

Porto Alegre, RS, 18/05/2023 - Visita do Gabinete da Primeira-dama no bairro Mario Quintana com o projeto Gabinete Itinerante. Distribuição de roupas e alimentos. Associação de Moradores Residencial Machado. Foto: Rodger Timm / PMPA.
Uma reunião promovida na prefeitura de Porto Alegre, nesta quinta-feira (18), debateu as preocupações com a população em situação de rua da Capital. O encontro contou com diferentes instituições, da União, do Estado e do município, que tratam do assunto. Pontos de vista diferentes sobre esta questão foram discutidos e ações a serem tomadas foram definidas.
Após a reunião, o titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SMDS), Léo Voigt, destacou à reportagem as principais preocupações da prefeitura para com esta população. Ele afirma que não há déficit de vagas nos cinco abrigos destinados a pessoas em situação de rua da Capital. No entanto, o secretário diz que "a queda do número de moradores de rua é absolutamente pequena, reduzida". Voigt ainda completa: "Nós não temos sido bem sucedidos na oferta, na sedução, para que estas pessoas aceitem as cinco ofertas diferentes de acolhimento. Elas (as pessoas em situação de rua) têm resistência à política pública, seja ela qual for, e elas preferem permanecer na rua".
Em 2022, a prefeitura contabilizou 2.371 pessoas diferentes que estiveram, em algum momento, utilizando a rua como dormitório. Esse número é mais baixo que o registrado nos dois anos anteriores, com destaque para 2020, que Porto Alegre bateu recorde com 2.679. Confira o gráfico apresentado na reunião:
Voigt explica alguma das ações que serão aplicadas pela prefeitura nos próximos meses. Em primeiro lugar, ele cita a iniciativa de mobilizar todos os órgãos da cidade a ajudar no acolhimento de pessoas em situação de rua, além de "desestimular a esmola e desestimular a distribuição de comida" para esta população. Além disso, o secretário afirma que o executivo planeja contratar duas equipes de redutores de dano, ou seja, pessoas que já estiveram em situação de rua que vão participar da abordagem. Voigt explica que este modelo tem o objetivo de levar pessoas com uma linguagem parecida, fraterna, que já passaram por estas condições, em um método inspirado no Alcóolicos Anônimos (AA).
O executivo municipal também planeja realizar uma pesquisa quanti-qualitativa sobre a população em situação de rua de Porto Alegre. Segundo Voigt, a prefeitura busca recursos para realizar um contrato com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) para botar em prática este estudo. 
O secretário também antecipa que será criado, no segundo semestre deste ano, um novo Centro POP para atendimento social da população em situação de rua. Segundo Voigt, provavelmente ele ficará na região do Triângulo da Assis Brasil, na Zona Norte da Capital. Atualmente, Porto Alegre conta com três Centros POP - dois na região Centro e um na região Humaitá/Navegantes.

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