Um vírus de transmissão fácil entre crianças vem preocupando a comunidade médica. Se trata do sincicial respiratório, comum entre os pequenos, de dois anos ou menos. O que mais preocupa os médicos é o aumento no número de casos em estações além do inverno, e pelo contágio em crianças cada vez menores. O vírus causa a bronquiolite, uma inflamação de canais no pulmão, com acúmulo de secreção. A Secretaria de Saúde do Estado informou que neste ano, foram contabilizados 587 casos, com cinco óbitos.
Em adultos e crianças maiores também ocorre a transmissão, no entanto, os sintomas são apenas gripais. Mas quanto menor e mais jovem o bebê, mais agressivo é o vírus. Em 90% dos casos, a doença pode ser tratada em casa, com lavagem nasal e cuidados de higiene. Já os casos graves necessitam de internação, até mesmo em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) com o uso de oxigênio. A bronquiolite, em crianças com menos de um ano de vida, causa maiores chances de sequelas durante o resto da infância.
O professor e médico emergencista pediátrico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), João Carlos Santana, explica que os cuidados são os mesmos da Covid-19. Higiene das mãos, distância de 1,5m e uso de máscara quando há proximidade e isolamento social por alguns dias, quando houver sintomas.
Antes da explosão de casos do coronavírus, ele afirma que no HCPA, os casos de vírus sincicial eram elevados durante o inverno, com cerca de 180 crianças internadas. Já durante o ano de 2020, apenas 12 bebês precisaram de cuidados intensivos. "O sincicial quase desapareceu no auge da pandemia, ou seja, todos os cuidados que foram tomados para a Covid acabaram impedindo outros vírus também".
O médico reflete que por ser um vírus com baixo índice de mortes, as pessoas não tomam tantos cuidados de prevenção, e as crianças doentes muitas vezes continuam indo para a creche, mantendo contato. "Por isso a doença começou a se desviar para crianças cada vez mais novas, e esses pacientes poderão ter que usar respiradores", explica o especialista, que considera a falta de conscientização sobre o vírus um grave problema de saúde pública.
Atualmente, não há vacinas para prevenir o sincicial. "Se afastar a criança do convívio por quatro dias, ela já não infecta o colega da escolinha que é mais suscetível". O isolamento e cuidados de higiene, são os principais apelos do médico.