Os gaúchos que não são muito fãs do frio característico do Estado já têm um motivo para comemorar: o inverno de 2023 deve apresentar temperaturas mais amenas em relação aos anos anteriores. Em contrapartida, a estação será marcada por muita umidade e longos períodos de chuva. Este tempo úmido e com frio menos intenso se deve pela incidência do fenômeno climático El Niño, que está previsto para atingir o Hemisfério Sul do Planeta neste ano. Vale ressaltar que, apesar das temperaturas mais altas em relação aos últimos invernos no RS, a estação segue sendo a mais fria do ano e a população precisará, sim, tirar os casacos do armário.
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Meteorologista da MetSul, Estael Sias explica que neste momento estamos em um período de neutralidade, à espera da chegada do El Niño, que deve ocorrer nas próximas semanas. "Com este aquecimento que está sendo bem rápido lá no Pacífico, a gente acredita que nas próximas semanas já se pode ter o El Niño de fato instalado, e aí impactar parte do inverno. [...] Então nesta transição de neutralidade para El Niño, a gente pode ter o enfraquecimento ou pelo menos uma tendência menor de frio prolongado, de um inverno rigoroso e uma tendência de mais umidade", afirma Estael. Apesar disso, "não excluiu o frio", pondera a meteorologista, que afirma que haverá dias de frio intenso no Estado, mas estes serão mais isolados e não devem ser prolongados.
"Quem precisa do tempo mais seco, mais aberto, para qualquer atividade, que aproveite agora estes próximos 10 ou 15 dias que não chove por aqui, porque a partir de junho isso muda", brinca Estael. Ela ainda conclui: "em geral, uma estação que não deve ter frio rigoroso e o que as pessoas vão ter que lidar é a umidade, que vai estar mais presente em relação a invernos anteriores". Sobre as fortes chuvas que atingiram o Estado neste início de maio, a meteorologista afirma que é algo natural do período, assim como em junho e julho, marcados por serem os meses de mais chuvas no RS.
Para quem tem o costume de subir a Serra Gaúcha para acompanhar a possível chegada da neve, uma boa notícia: apesar das temperaturas, em média, mais altas, a incidência da umidade pode resultar em neve nas semanas mais frias do inverno. Apesar disso, Estael afirma que ainda é cedo para confirmar ser haverá neve no Estado neste ano.
Impactos do inverno na agricultura
Extensionista da equipe da Diretoria Técnica da Emater, Célio Colle afirma que o inverno chuvoso e úmido requer maiores cuidados em algumas culturas, especialmente no trigo, ameixa e pêssego. Ele cita duas fases mais problemáticas no trigo: as épocas da floração e da colheita, que podem ser afetadas pelo excesso de chuva. Entre as orientações para os agricultores, Célio destaca a importância de não manter o solo exposto. Além disso, ele recomenda que os produtores mantenham contato com a Emater e outras entidades que possam auxiliar nas avaliações técnicas relativas ao tempo e seus impactos.