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Geral

Igreja Católica

- Publicada em 04 de Maio de 2023 às 16:02

'O grande escândalo do Brasil é a desigualdade social e a pobreza', diz novo presidente da CNBB

Novo presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, afirmou que a educação não pode ser política de um governo, mas um projeto de nação

Novo presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, afirmou que a educação não pode ser política de um governo, mas um projeto de nação


EVANDRO OLIVEIRA/JC
"O grande escândalo do Brasil é a desigualdade social e a situação de pobreza. Não podemos ficar indiferentes às realidades onde a vida não é cuidada ou promovida. Tudo isso exige da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a revisão de métodos, talvez uma mudança de linguagem ou a forma de estar junto do povo brasileiro. Temos que ousar e criar na igreja Católica". A análise é do arcebispo de Porto Alegre e novo presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, que nesta quinta-feira (4) participou da reunião-almoço Papo Amigo da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) Porto Alegre onde abordou o tema "Perspectivas da ação evangelizadora no Brasil". Spengler, que foi eleito presidente da CNBB, estará à frente da presidência da entidade de 2023 a 2027. Dom Jaime é o 14º presidente da Conferência. Em outubro deste ano, Spengler já como presidente da CNBB, terá uma audiência com o Papa Francisco no Vaticano. 
"O grande escândalo do Brasil é a desigualdade social e a situação de pobreza. Não podemos ficar indiferentes às realidades onde a vida não é cuidada ou promovida. Tudo isso exige da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a revisão de métodos, talvez uma mudança de linguagem ou a forma de estar junto do povo brasileiro. Temos que ousar e criar na igreja Católica". A análise é do arcebispo de Porto Alegre e novo presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, que nesta quinta-feira (4) participou da reunião-almoço Papo Amigo da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE) Porto Alegre onde abordou o tema "Perspectivas da ação evangelizadora no Brasil". Spengler, que foi eleito presidente da CNBB, estará à frente da presidência da entidade de 2023 a 2027. Dom Jaime é o 14º presidente da Conferência. Em outubro deste ano, Spengler já como presidente da CNBB, terá uma audiência com o Papa Francisco no Vaticano. 

• LEIA MAIS: Arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler é eleito presidente da CNBB até 2027

Jornal do Comércio - Quais os desafios da sua gestão no comando da CNBB?
Dom Jaime Spengler - São dois desafios. O primeiro, é dar continuidade ao processo de gestão, que se inaugurou no último quadriênio da CNBB e que se demonstrou muito eficiente. O segundo, é dar sequência ao processo de evangelização do Brasil, que é marcado por desigualdades imensas e pela multiplicação de expressões religiosas. Tudo isso exige da CNBB rever métodos, talvez linguagem ou a forma de estar junto do povo brasileiro. Temos que ousar e criar.
JC - Quais as primeiras ações que o senhor pretende implementar na presidência da CNBB?
Spengler - A presidência e o conselho da CNBB farão um encontro no final do mês de maio em Brasília onde será discutida a nossa linha de ação no comando da Conferência. Em junho, na reunião do Conselho Permanente da CNBB, também em Brasília, vamos escolher os integrantes das diversas comissões e assessores e partir deste momento vamos começar a pensar em orientações na gestão de pessoas e recursos da conferência. O Conselho Permanente é formado por representantes das 19 regionais da CNBB no Brasil.
JC- O senhor afirmou que os pobres sempre estarão no coração da obra evangelizadora da igreja. Como será feito este trabalho?
Spengler - O Papa Francisco tem falado com muita insistência que nós devemos estar próximos às periferias. Quando falamos de pobres têm aqueles que carecem do mínimo necessário para a própria subsistência. Temos muitas formas de pobreza na sociedade brasileira que precisam de atenção, de acompanhamento e da construção de indicações para superação dos diversos desafios sociais.
JC - A situação social, política e econômica do Brasil preocupa a CNBB?
Spengler - O grande escândalo do Brasil é a desigualdade social e a situação de pobreza. É claro que a realidade da miséria, da pobreza e da violência sempre será gozará de atenção da igreja católica. Não podemos ficar indiferentes às realidades onde a vida não é cuidada ou não é promovida. 
JC - O senhor afirmou que a igreja Católica olha para a realidade atual na qual a pobreza é consequência da forte relação entre inflação e desemprego. O que pode ser realizado pela sua gestão na CNBB?
Spengler - A nossa missão é propor o Evangelho e Jesus Cristo. Eu sempre gosto de recordar uma expressão que está no Evangelho de João, versículo 10: "Jesus disse que veio para que todos tenham vida e vida em abundância". Junto com outras forças da sociedade brasileira podemos construir caminhos para a promoção da vida e a superação dessa triste realidade que marca a sociedade brasileira: a pobreza, a violência e a desigualdade social.
JC - O senhor afirmou que vai continuar o processo de escutar os anseios da comunidade católica defendidos pelo Papa Francisco. Quais são esses anseios?
Spengler - Os nossos anseios são uma Igreja mais próxima do povo, uma Igreja capaz de realmente escutar as necessidades das comunidades e uma Igreja atenta aos sinais do tempo. Precisamos de uma sensibilidade e uma perspicácia grande a fim de colher realmente o que precisamos em termos de metodologia. O objetivo da igreja Católica é alcançar com a sua linguagem o maior número de pessoas.
JC - Como o senhor analisa a perda de fiéis para outras igrejas. Como mudar este quadro?
Spengler - Em um passado não muito distante, a Igreja Católica gozava de uma maioria absoluta no território brasileiro. Era tradição afirmar ser da Igreja Católica. A perda de fiéis é algo que nos preocupa e podemos afirmar que há sinais de que algumas expressões religiosas se tornaram negócios e negócios bem vultuosos. O evangelho não pode ser usado para fins econômicos. 
JC - Qual a posição da igreja em relação a política brasileira?
Splenger - Todos nós somos seres políticos e isso faz parte da identidade humana. É verdade, que no atual momento, encontramos um tecido social tenso com  famílias e comunidades divididas por questões políticas ideológicas. Precisamos construir e promover no seio da sociedade espaços de reconciliação e diálogo. Se quisermos uma sociedade mais sadia certamente precisamos investir de uma forma vigorosa na educação. Educação não pode ser política de um governo, mas um projeto de nação e isso no Brasil nos falta. Em 2024, o tema da Campanha da Fraternidade será a "Amizade Social" como caminho de reconciliação. A proposta da iniciativa é baseado no texto lançado há dois anos pelo Papa Francisco com o título "Todos Irmãos".