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Geral

Segurança

- Publicada em 19 de Abril de 2023 às 18:52

Número de denúncias de ameaças a escolas dá salto em Porto Alegre, afirma delegada

Delegada Caroline Bamberg afirma que o Estado está atento na prevenção aos ataques às escolas

Delegada Caroline Bamberg afirma que o Estado está atento na prevenção aos ataques às escolas


ANA TERRA FIRMINO/JC
Depois dos ataques que mataram quatro crianças em Blumenau (SC) e uma professora em outra instituição de ensino em São Paulo, o número de denúncias de ameaças a escolas, seguindo uma tendência nacional, deu um salto em Porto Alegre, segundo a delegada Caroline Bamberg, diretora da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) - braço do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulnerários. Ainda sem dados documentados, o órgão afirma que tem trabalhado intensamente para dar conta de todas as denúncias que tem causado pânico entre familiares e alunos.
Depois dos ataques que mataram quatro crianças em Blumenau (SC) e uma professora em outra instituição de ensino em São Paulo, o número de denúncias de ameaças a escolas, seguindo uma tendência nacional, deu um salto em Porto Alegre, segundo a delegada Caroline Bamberg, diretora da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) - braço do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulnerários. Ainda sem dados documentados, o órgão afirma que tem trabalhado intensamente para dar conta de todas as denúncias que tem causado pânico entre familiares e alunos.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Caroline destaca a atuação da polícia civil e o que tem sido feito para coibir ataques e reforça a necessidade de levar toda e qualquer ameaça a sério. "Nunca sabemos quando vai acontecer ou não, não dá para achar que é brincadeira", alertou Caroline. Além disso, ela ressalta a falta de controle sobre dispositivos móveis utilizados por crianças e adolescentes como um dos principais fatores para os últimos ocorridos, uma vez que os jovens ficam expostos a criminosos virtuais e a todo tipo de conteúdo prejudicial à saúde mental.
No Estado, a Deca possui 17 delegacias de polícia especializada. Em Porto Alegre, são quatro, uma 24 horas e outras três que cuidam de cada região da cidade. Também recebemos os casos registrados em delegacias não especializadas e depois damos seguimento no processo.
Jornal do Comércio - Nas últimas semanas o País tem convivido com o medo a partir de ameaças de ataques em escolas. Isso tem se refletido em Porto Alegre?
Caroline Bamberg - Sim. O número de denúncias desse tipo explodiu. Os grupos de pais nas redes sociais estão em pânico. É um efeito manada. Mas estamos tomando todas as providências cabíveis e monitorando escolas. Não tivemos nenhum caso efetivo aqui, mas todas as denúncias são tratadas com seriedade, são tomadas diligências, com apreensões de materiais e celulares, por exemplo.
JC - Foi assim que atuaram no caso do colégio Maria Imaculada, que teve uma ameaça pichada no banheiro após um adolescente desconhecido entrar na escola?
Caroline - Atuamos lá. Contatamos a direção, demos dicas orgânicas de segurança e já identificamos o rapaz. Ele foi ouvido, assim como a família. Estamos investigando se teve algo a mais ou se foi uma brincadeira de muito mau gosto. 
JC - Que dicas de segurança foram essas?
Caroline - Orientamos que as escolas denunciem todos os casos de ameaça. Tivemos dois fatos em que as instituições já tinham recebido ameaças, mas deixaram passar. Reforçamos que não é para deixar passar, tem que fazer o registro. Além disso, é importante checar as mensagens que circulam nas redes sociais e não compartilhar, pois podem ser fake news e isso aumenta o pânico e a visibilidade das ameaças. 
JC - Mas vocês estão trabalhando com outros órgãos para criar ações que evitem esse tipo de ameaça ou eventual ataque?
Caroline - Sim. A Secretaria de Segurança está trabalhando com a Secretaria de Educação para elucidar os crimes.
JC - Como é a abordagem no caso do crime ser cometido por um menor?
Caroline - Ele é tratado com o rigor que tem ter, são assegurados os direitos, ele tem o defensor, com a supervisão da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase). E depois já fazemos o encaminhamento para o judiciário, lá vai ser decidido se ele vai ser apreendido, se precisa de acompanhamento com o conselho tutelar, porque ele também está em risco de alguma forma. 
JC - Vocês estão contando com reforços para lidar com essa enxurrada de denúncias?
Caroline - Nós recebemos as denúncias, mas outros órgãos estão contribuindo, sim. 
JC - E como estão as investigações sobre possíveis ataques?
Caroline - Temos que pedir para o judiciário para conseguir as autorizações das empresas estrangeiras, como o Twitter, por exemplo, é um caminho um pouco longo. Mas vamos chegar, tanto em quem mandou, quanto em quem compartilhou os conteúdos de forma irresponsável.
JC - E como os pais reagem nessas situações como a do colégio Maria Imaculada? Os pais podem ser responsabilizados?
Caroline - A depender do quanto os pais sabem e acobertam, podem ser responsabilizados, sim. E o menor fica com antecedente. Tem pais que acham que é brincadeira, mas não é. Esse pânico não é motivo de risada, então os responsáveis não podem apoiar. 
JC - Como você avalia a iniciativa da prefeitura de instalar botões de pânico nas escolas?
Caroline - É uma ação importante à curto prazo, pois vai acionar a Brigada Militar e a Polícia Civil, mas não é isso que vai resolver o problema. Tem que combater a violência e a prática de bullying dentro das escolas. Os pais precisam cuidar o que os filhos fazem no celular. Existem muitos grupos extremistas na deep web, por exemplo, que oferecem 'acolhimento' a quem está sendo machucado pelo bullying, são criminosos que se aproveitam disso, então tem que cuidar. 
JC - Como os pais podem fazer esse monitoramento?
Caroline - Sempre que possível olhar a mochila dos filhos e entender que filho menor de idade não tem privacidade. Eles são seres em formação, eles precisam ser norteados pelos pais, isso é uma construção que tem que existir na relação entre pais e filhos. Uma criança com celular pode até estar segura fisicamente, mas ela está exposta a diversos criminosos virtuais e a conteúdos prejudiciais à sua saúde mental.
JC - Vocês planejam montar um grupo de trabalho permanente para monitorar as ameaças às escolas?
Caroline - Temos o monitoramento com o Grupo de Inteligência, que realiza buscas e apreensões. Já temos certo acompanhamento, mas quando tiver algo mais pontual, vamos agir. Mas temos sim, tanto a nível federal, quanto estadual.
JC - E como esse Grupo de Inteligência faz as investigações? A partir das denúncias ou atua constantemente por conta própria?
Caroline - Geralmente, a partir das denúncias, porque aí potencializa a investigação. Ele trabalha antes também, mas não consegue monitorar tudo, até porque tu não vai pensar que aquilo vai acontecer. Então, a maioria das investigações é quando a denúncia surge mesmo.