Um homem de 25 anos invadiu a creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, em Santa Catarina, e matou quatro crianças que estavam no parquinho da insitutição, de acordo com a Polícia Militar e o Corpo dos Bombeiros do estado. As vítimas são três meninos e uma menina, com idade entre 5 e 7 anos.
Uma machadinha foi usada na ação, segundo o tenente Márcio Filippi, comandante do 10º Batalhão da Polícia Militar (BPM). Conforme as informações iniciais, o assassino chegou em uma moto, pulou o muro e escolheu as vítimas aleatoriamente. Ao perceber que as professoras correram para proteger as demais crianças, ele decidiu fugir pulando novamente o muro.
Segundo a polícia, o autor não tinha aparentemente nenhuma ligação com a creche. Outras quatro crianças feridas foram socorridas e levadas para o hospital Santo Antônio. De acordo com a unidade, são duas meninas de 5 anos e dois meninos de 5 e 3 anos, nenhum em estado grave.
De acordo a PM, o autor do ataque se entregou no 10º BPM e se manteve calado. Uma das professoras da creche disse que trancou a sala onde se encontravam os bebês para tentar protegê-los. Ela confirmou que uma das armas utilizadas pelo autor era uma machadinha.
As vítimas são Bernardo Cunha Machado, 5 anos, Bernardo Pabest da Cunha, (4), Larissa Maia Toldo, (7) e Enzo Marchesin Barbosa (4). O delegado Ulisses Gabriel, chefe da Polícia Civil de Santa Catarina, afirmaram que ainda não se sabe as motivações para o crime.
O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), decretou luto oficial de três dias no estado. "O assassino já está preso. Que Deus conforte o coração de todas as famílias neste momento de profunda dor", afirmou.
No Twitter, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou de "monstruosidade" o ataque. "Não há dor maior que a de uma família que perde seus filhos ou netos, ainda mais em um ato de violência contra crianças inocentes e indefesas", escreveu.
O clima em frente à creche, localizada na rua dos Caçadores, bairro da Velha, é de consternação. Há mobilização de bombeiros e policiais para atender familiares. Além de funcionar como creche e pré-escola, a unidade oferece no contraturno atividades educativas para alunos de escolas públicas conveniadas.
Em nota, o Ministério Público de Santa Catarina disse que vai acompanhar todos os desdobramentos nos âmbitos criminal e cível, "mas, no momento, quer externar sua profunda tristeza com o ocorrido e prestar condolências aos familiares das vítimas e aos envolvidos nessa tragédia que abala a todos os catarinenses".
A creche Cantinho Bom Pastor disse que ajudará nas investigações e que se solidariza com as famílias. "Estamos desolados com a tragédia ocorrida no dia de hoje no nosso ambiente escolar, sofrendo terrivelmente e sentindo as dores que afeta cada criança, familiar e amigo. Ainda estamos tentando entender o ocorrido, que atinge o que nos é mais sagrado: a integridade de nossas crianças, que sempre foram aqui recebidas com amor e carinho", declarou a instituição em nota.
Atentados em escolas mataram 40 alunos e professores nos anos 2000
O ataque a uma creche de Blumenau aumentou para ao menos 40 o número de alunos e professores mortos em atentados a escolas desde o início dos anos 2000. Ao menos 18 casos do tipo foram registrados no período, totalizando mais de 70 feridos.
O levantamento é parte de um relatório apresentado durante os trabalhos de transição do governo federal, em dezembro. Não foram identificados casos ocorridos antes de 2002, quando um estudante de 17 anos disparou dentro de uma sala de aula em Salvador.
O levantamento indica que, até 2022, ocorreram 16 ataques a escola no Brasil, com 35 mortos e 72 feridos. Somente no segundo semestre do ano passado, foram registrados quatro casos.
O ataque em Blumenau envolveu um homem de 25 anos. Ele atacou as vítimas após pular um muro, deixando ao menos quatro crianças mortas, de 5 a 7 anos, e outras cinco feridas. Nos Estados Unidos, onde o número de casos é o maior do mundo, foram 554 vítimas ao todo, 185 mortos e 369 feridos em ataques violentos à escolas.
Outro caso recente ocorreu em 27 de março, na cidade de São Paulo. A professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, foi esfaqueada por um aluno de 13 anos de uma escola estadual na Vila Sônia, na zona Oeste da Capital. Outros três docentes e um estudante também foram feridos.
Em parte dos casos de violência, há associação com símbolos neonazistas. Em Aracruz (ES), onde três professoras e uma aluna morreram no ano passado, por exemplo, o atirador usava uma suástica.