FAB prorroga prazo de saída voluntária de garimpeiros do Território Yanomami

Prazo de abertura parcial do espaço aéreo do Território Yanomami foi estendido pela Força Aérea Brasileira em Roraima

Por Folhapress

Destruição de aeronaves e maquinários é fiscalizada pelo Ibama
A Força Aérea Brasileira (FAB) prorrogou até 6 de maio a abertura parcial do espaço aéreo para a saída voluntária de garimpeiros ilegais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. O novo prazo foi informado nesta segunda-feira pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia.
"Os três corredores humanitários de voo foram abertos no último dia 6 de fevereiro, com o intuito de possibilitar a saída coordenada e espontânea das pessoas não indígenas das áreas de garimpo ilegal por meio aéreo", diz nota do comando.
Equipes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) detectaram um fluxo de embarcações de garimpeiros com combustível e mantimentos entrando na Terra Yanomami, um indicativo da continuidade da atividade de exploração de ouro e cassiterita apesar das ações para seu desmonte.
Além disso, agentes do órgão constataram a disposição de grupos invasores armados à resistência e ao enfrentamento a forças policiais que operam para a destruição de aeronaves e maquinários, além da retirada dos invasores.
Os indígenas encolheram suas áreas de plantações, não têm água potável para beber e nem para tomar banho. Não conseguem pescar por causa da contaminação de metais, como mercúrio, na água e a caça foi afugentada pela invasão de garimpeiros.
O governo Lula (PT) declarou no dia 20 de janeiro emergência em saúde pública, com ações de assistência humanitária na terra indígena. Depois, deu início à Operação Libertação, para retirada dos invasores do território indígena, com participação de agentes do Ibama, Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Força Nacional de Segurança Pública e Forças Armadas. A operação deve ter duração entre seis meses e um ano.
Comissões de investigação
O crescimento e a consolidação do garimpo ilegal na Terra Yanomami, permitidos e estimulados pelo governo Jair Bolsonaro (PL), provocaram uma crise humanitária e de saúde entre os indígenas, com explosão dos casos de malária, desnutrição grave e infecções respiratórias. Neste ano, senadores e deputados aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro entraram com pedidos de criação de comissões externas, para tentar legalizar a atividade garimpeira.
A defesa das atividades de garimpo ilegal por parlamentares de Roraima acendeu o alerta no Senado e no Congresso. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), propôs que a comissão externa de investigação fosse formada também por parlamentares de outros estados.
Já o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), alegou que “podem surgir outras demandas de inclusão de outros colegas parlamentares para acompanhar o drama que vivem os yanomamis e o drama, em última análise, que vivem os irmãos amazônidas roraimenses".