As aulas da rede estadual de ensino do Rio Grande do Sul serão retomadas nesta quinta-feira (23). São 2.341 escolas em todo o Estado que se preparam para receber os cerca de 780 mil educandos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Em Porto Alegre, as aulas do Fundamental municipal já retornaram nesta quarta-feira, com 35,6 mil estudantes matriculados nas escolas.
Segundo o vice-presidente do Cpers/Sindicato, Alex Saratt, o momento de retorno das aulas da rede estadual é de desafios, ainda que também de otimismo. "Temos o compromisso de fazer a educação voltar a estar no centro do debate social, porque o setor vive uma crise mundial. O Brasil apresenta as suas próprias características dentro desse cenário, mas acredito que vamos superar", refletiu, referindo-se à luta salarial dos profissionais da área, que reivindica reajuste de 14,45% no piso, aos problemas de estrutura nas escolas e à aplicação do novo Ensino Médio gaúcho, que tem causado divergências entre professores.
"Checamos a lista de escolas em situação de urgência, são várias. Um ambiente saudável é essencial para quem trabalha e para quem estuda", ponderou. Em todo o Estado, são 176 escolas com problemas críticos que necessitam de reparos imediatamente. Diante da situação, o governo anunciou, na semana passada, uma nova gestão de obras nas instituições, com um aporte de R$ 30 milhões para reformas nas escolas.
Sobre o novo Ensino Médio gaúcho, que começou a ser implementado nas turmas de 1º ano e abrangeu cerca de 1.100 escolas e mais de 100 mil alunos no ano passado, Alex ressalta que há preocupação. "A comunidade escolar entende que o ensino das matérias básicas são importantes e que ainda não há suporte necessário para os professores acompanharem a nova realidade. Notamos que acaba gerando um sofrimento aos colegas e os alunos se sentem frustrados porque as disciplinas parecem desconectadas da realidade", afirmou.
Pela proposta do novo Ensino Médio, aprovado pela lei 13.415 em 16 de fevereiro de 2017, a carga horária total é de 1.000 horas. O novo modelo contempla 800 horas de Formação Geral Básica e mais 200 horas dos componentes obrigatórios que fazem parte dos itinerários formativos. Nessa etapa, o aluno tem as disciplinas de formação geral como Língua Portuguesa, Matemática, Inglês, Artes, entre outras, além de carga horária destinada a seu Projeto de Vida, sua relação com o Mundo do Trabalho e com a Cultura e Tecnologias Digitais. No 2º ano do Médio, que inicia este ano, depois de o aluno trabalhar seu Projeto de Vida, ele poderá optar por Itinerários Formativos que contemplem seus interesses e anseios profissionais.
Para o retorno estadual, a categoria de professores ainda espera que este seja um ano "mais democrático" dentro das escolas, como definiu o vice-presidente do Cpers,/Sindicato com mais diálogo com a Secretaria da Educação (Seduc). "Precisamos valorizar a escola, mas ainda enfrentamos evasão por conta da pandemia", concluiu.
O ano letivo de 2023 encerra dia 22 de dezembro e o recesso de inverno acontece de 19 a 30 de julho.