A Rede Genômica Fiocruz detectou a redução na frequência da linhagem ômicron BA.5 e suas subvariantes nas amostras do novo coronavírus colhidas em dezembro e acredita que a redução está relacionada a uma maior presença das linhagens XBB, que têm causado grande preocupação no mundo.
Em nota divulgada na tarde desta sexta-feira (13), a fundação explica que, desde meados de 2022, a linhagem ômicron BA.5 e suas subvariantes, incluindo a BQ.1.1, era observada em praticamente 100% dos testes realizados.
"Nesta semana, entretanto, a Rede Genômica Fiocruz detectou um aumento considerável de variantes com ausência da mutação Spike_69/70del em testes de PCR realizados em dezembro. Considerando o cenário global da diversidade de variantes do Sars-CoV-2, os pesquisadores concluíram que o aumento de variantes sem essa mutação pode corresponder à linhagem XBB", diz a entidade.
A frequência de possíveis linhagens XBB apresentou crescimento constante em dezembro, passando de menos de 5% no início do mês para 15% na última semana, de acordo com a Fiocruz.
Os estados em que foi detectada a possível circulação da variante XBB foram Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso e Santa Catarina.
A informação preocupa porque uma das subvariantes da XBB, a XBB.1.5, foi considerada a mais transmissível até agora pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e é a responsável pelo aumento recente de casos nos Estados Unidos.
No Brasil, dados de sequenciamento genômico detectaram duas amostras com a subvariante XBB.1.5 em São Paulo, e a Fiocruz defende a importância de ferramentas da análise por PCR, como a realizada agora, para a detecção precoce da mudança do perfil de circulação do vírus.
Nesse sentido, o trabalho ocorreria em duas etapas. Em primeiro lugar, com uma análise mais rápida, por PCR, para verificar a mudança na frequência da variante Ômicron e, em seguida, um estudo mais detalhado, por meio do sequenciamento genético, para confirmar a circulação da variante XBB.
"Portanto, fica clara a necessidade da manutenção das redes de vigilância genômica do Sars-CoV-2 no país, assegurando recursos financeiros e o fluxo de amostras para laboratórios capacitados a produzirem os genomas e analisarem os dados com celeridade", defende na nota o pesquisador da Fiocruz Tiago Gräf.