Uma parceria entre moradores de Porto Alegre que queriam alimentos mais saudáveis e produtores familiares que produziam de forma ecologicamente sustentável está comemorando 33 anos. Em outubro de 1989, numa comemoração ao Dia Mundial da Alimentação (16), nascia a Feira de Agricultores Ecologistas (FAE), a 1ª feira ecológica do Brasil.
Mais de três décadas depois, a FAE cresceu. Multiplicou sua experiência pela capital dos gaúchos, outros estados e até países e é uma referência não só na possibilidade de acesso à um alimento saudável, livre de agrotóxicos. Mas também em um sistema de comercialização que vai muito além das questões financeiras, abrangendo ainda trocas culturais e de saberes entre o produtor da agricultura familiar e seus parceiros urbanos (consumidores), exercício de cidadania, educação ambiental e respeito às diversidades.
A celebração dos 33 anos da FAE acontecerá no próximo sábado (15), entre 8h e 12h30min, na feira (avenida José Bonifácio – 1ª quadra). Inicia com um café da manhã aberto a todos, com degustação de produtos da feira; terá o lançamento do livro “Sistemas alimentares no século 21: debates contemporâneos”, organizado por Potira Preiss e Sergio Schneider; atrações musicais com Demétrio Xavier e o DJ Marcelo Andres (só com vinil) e termina com o bolo de aniversário, canto coletivo do parabéns e o tradicional abraço na feira. A festa conta com o apoio do Goethe-Institut Porto Alegre. Em caso de chuva, o evento poderá se transferido para o próximo sábado (22).
Programação:
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8h - Abertura mesa de café da manhã + DJ Marcelo
9h - Falas agricultores
9h30min - Lançamento do livro “Sistemas alimentares no século 21: debates contemporâneos”, organizado por Potira Preiss e Sergio Schneider, com a participação das autoras Fernanda Vasconcellos e Juliana Machado Severo
10h15min - Show com Demétrio Xavier
11h - Parabéns, abraço na feira e bolo
11h30min - DJ Marcelo
12h30min - Encerramento
MOMENTO DE DESAFIOS
Dois movimentos políticos com a participação da Prefeitura Municipal de Porto Alegre trazem alerta aos organizadores das feiras ecológicas da capital dos gaúchos: a criação da Lei das Feiras Orgânicas de Porto Alegre e o processo de privatização da Redenção.
A Lei das Feiras Orgânicas de Porto Alegre é uma demanda antiga das feiras ecológicas da capital do RS, que desde a sua criação estão sob a Lei dos Ambulantes que não considera as particularidades destes empreendimentos coletivos. Entre os principais pontos defendidos pelas feiras estão a sua autogestão e a sucessão familiar.
A autogestão é fator cerne na criação, desenvolvimento e existência das feiras ecológicas de Porto Alegre/RS. Ela consiste nas decisões coletivas, tomadas pelos representantes das suas bancas e de consumidores, na administração do seu dia-a-dia. Tudo dentro de parâmetros combinados com o poder público por estarem ocupando as ruas da cidade. Este modelo de autogestão vem funcionando há 33 anos, desde a criação da FAE – Feira de Agricultores Ecologistas.
A sucessão familiar das bancas nas feiras ecológicas é outra bandeira histórica. Atualmente as feiras mais antigas já estão na 3ª geração de feirantes dentro de uma família. Entretanto, pela legislação atual vigente, se o titular da banca não puder mais estar presente a mesma entra em processo de licitação. Isso desestrutura todo o processo de agricultura familiar, estabelecido nas propriedades que produzem de forma ecológica o alimento orgânico que é ofertado nestas feiras.
As aproximadamente 500 famílias de agricultores familiares que ocupam as mais de 150 bancas das feiras ecológicas da Redenção (FAE – Feira de Agricultores Ecologistas e FEBF – Feira Ecológica do Bom Fim) também foram surpreendidas pelo anúncio de lançamento de edital em 2023 para a privatização dos parques Farroupilha (Redenção) e Marinha do Brasil. Em especial por não estar havendo o devido diálogo e muito menos garantias de permanência na atual localidade destas feiras consideradas pela Lei Estadual nº 15.296/2019 como de relevante interesse cultural do Rio Grande do Sul.