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Meio Ambiente

- Publicada em 13 de Outubro de 2022 às 13:26

Pampa perdeu o equivalente a 70 vezes a área de Porto Alegre nos últimos 37 anos

Houve uma perda de 29,5% de vegetação nativa apenas entre 1985 e 2021

Houve uma perda de 29,5% de vegetação nativa apenas entre 1985 e 2021


Eduardo Amorim/Visualhunt/Divulgação/jc
Atualmente, o Pampa tem mais áreas modificadas pela ação humana do que de vegetação nativa no Rio Grande do Sul. Em 1985, as áreas de vegetação nativa ocupavam 61,3% do Pampa, em 2021, essa participação foi de 43,2% - quase o mesmo das áreas de agricultura, que já ocupam 41,6% do bioma. Houve uma perda de 29,5% de vegetação nativa apenas entre 1985 e 2021, sendo acentuada nas últimas duas décadas. Os dados são do mais recente levantamento do MapBiomas sobre uso e ocupação de solo sobre o bioma cobrindo o período de 37 anos.
Atualmente, o Pampa tem mais áreas modificadas pela ação humana do que de vegetação nativa no Rio Grande do Sul. Em 1985, as áreas de vegetação nativa ocupavam 61,3% do Pampa, em 2021, essa participação foi de 43,2% - quase o mesmo das áreas de agricultura, que já ocupam 41,6% do bioma. Houve uma perda de 29,5% de vegetação nativa apenas entre 1985 e 2021, sendo acentuada nas últimas duas décadas. Os dados são do mais recente levantamento do MapBiomas sobre uso e ocupação de solo sobre o bioma cobrindo o período de 37 anos.
Formado por diferentes tipos de campos, o bioma, que teve um decréscimo de 3,4 milhões de hectares – o equivalente a 70 vezes a área do município de Porto Alegre, viu o crescente avanço da agricultura resultar em perda das formações campestres, a vegetação nativa típica do bioma e tradicionalmente usada para a pecuária. Em 1985, as formações campestres ocupavam 48,6% do território. Já em 2021, eram apenas 30,9%, uma perda de 36%.
O coordenador do mapeamento do Pampa do MapBiomas e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Heinrich Hasenack, explica os efeitos do crescimento da agricultura neste ecossistema: “o avanço exagerado da agricultura, especialmente da soja sobre as áreas de vegetação campestre, deve servir de alerta sobre qual será o futuro do bioma. Estamos deixando de lado a pecuária sustentável, que é a vocação natural do bioma - e que permite produzir e ao mesmo tempo conservar a natureza, e apostando tudo em poucas commodities, como a soja e a silvicultura”. “Uma economia pouco diversificada aumenta os riscos de prejuízos recorrentes com as perdas de safras, como vimos nos últimos anos, especialmente num cenário de mudanças climáticas'', explica o pesquisador.
A silvicultura ocupa atualmente 3,8% do bioma e foi a cobertura com maior proporção de crescimento no período de 1985 a 2021, com aumento de 1.641%. Ainda que seja encontrada em todo o Pampa, a silvicultura ocorre de forma muito concentrada na região centro-leste do bioma. Os cinco municípios que mais tiveram avanço com a silvicultura nos últimos 37 anos foram Encruzilhada do Sul, Piratini, Canguçu, Dom Feliciano e Butiá.
“As transformações no uso da terra do Pampa têm sido muito expressivas em uma única direção, o que preocupa muito, já que não apontam para um caminho de sustentabilidade ambiental. Deveríamos implementar políticas públicas de promoção da pecuária, de diversificação da produção nas áreas rurais, de estímulo ao turismo rural e de cuidados com o patrimônio natural do Pampa, como a criação de novas unidades de conservação”, adverte Hasenack.
Os resultados do mapeamento do bioma também mostram que 1 em cada 4 hectares de vegetação nativa no Pampa é vegetação secundária - aquela já foi suprimida pelo menos uma vez e acabou se regenerando. Entre 1985 e 2021, 2,2 milhões de hectares da vegetação nativa se tornaram vegetação secundária, o que equivale a mais de 45 vezes o município de Porto Alegre. Ou seja, dos 43,2% do bioma que ainda é coberto por vegetação nativa, mais de 25% já é secundária.
Futuro do Pampa
Heinrich Hasenack ainda adverte sobre o futuro do bioma, analisando que "se as perdas de cobertura natural continuarem no ritmo atual, em 50 anos teremos chegado em uma situação na qual muito da cobertura original não mais terá condições de se regenerar".
Para evitar esta situação irreversível, o pesquisador recomenda: "devemos compreender que a responsabilidade deve ser compartilhada entre o governo, o produtor e a sociedade. O primeiro, assegurando o respeito à legislação ambiental, promovendo estratégias de fomento ao uso sustentável, com maior oferta de assistência técnica ao produtor e fomentando novas cadeias produtivas visando uma diversificação econômica para a sustentabilidade econômica do Estado, hoje tão dependente da soja".
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