Para doar a bancos de leite, mães precisam tomar cuidados na hora da ordenha

Segundo o Ministério da Saúde, a amamentação exclusiva até os seis meses de idade reduz em 13% a mortalidade infantil

Por Bárbara Lima

Processed breast milk awaiting distribution is seen at the Breastfeeding Center for Greater Washington as the US struggles with a shortage of baby formula May 19, 2022, in Washington, DC. - The US government will fly in baby formula on commercial planes contracted by the military in an airlift aimed at easing the major shortage plaguing the country, the White House said on May 18, 2022. (Photo by Brendan Smialowski / AFP) Caption
No Agosto Dourado, mês do ano destinado a campanhas de incentivo ao aleitamento materno, muito se fala da importância do leite do peito para bebês recém-nascidos e prematuros. Segundo o Ministério da Saúde, a amamentação exclusiva até os seis meses de idade reduz em 13% a mortalidade infantil e evita doenças, como diarreia, candidíase e resfriados, além de ser essencial para fortalecer o vínculo mãe e filho. Nesse sentido, o Banco de Leite Humano do Hospital Santa Clara, no complexo Hospitalar Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, incentiva e acolhe mulheres, tanto pacientes como usuárias externas, para consultoria em amamentação e doação de leite, que alimenta os bebês prematuros da UTI Neonatal. Apesar disso, apenas 15% do leite enviado consegue ser aproveitado, segundo Bruna Acosta, nutricionista do Banco.
O motivo desse número ainda tão baixo estava sendo discutido logo cedo na manhã desta quarta-feira (10), no Banco de Leite. Uma das principais razões para descarte do leite doado por mães que realizam a ordenha, principalmente em casa, é a "sujidade" do material coletado. “Nossos pacientes são bebês prematuros que já estão em uma situação de fragilidade. Qualquer sujeira pode contaminar o leite, que deverá ser desprezado nesses casos”, explica Bruna. Por isso, para evitar que isso aconteça, as mães doadoras precisam tomar alguns cuidados essenciais que garantem a usabilidade do leite para os pequenos pacientes. “Quando a pessoa decide doar o leite, ela precisa ter consciência de que não é um descarte apenas para que ela alivie a dor do seio, um bebê vai ingerir o alimento”, reforça.
Entre os principais cuidados, estão a retirada de todos os adornos, como brincos e colares, resquícios de maquiagem, a utilização de máscara, quando possível, e o armazenamento em potes de vidro com tampas de plástico. Também é preciso estar com as unhas bem cortadas, lavar as mãos e as mamas, e realizar a coleta sem a parte de cima da roupa. O primeiro jato de leite deve ser desprezado. A nutricionista ressalta ainda que o ideal é que os potes sejam do tamanho de 100 ml e que, se for preciso, as doadoras utilizem mais de um pote, pois, assim, caso haja alguma contaminação em um deles, não há comprometimento do material todo. O Banco de Leite do Hospital Santa Clara também fornece os recipientes para as doadoras que desejam ordenhar em casa e ainda coleta os materiais em alguns pontos mais distantes.
As sujidades são identificadas na primeira fase realizada no Banco de Leite, quando o material começa a ser descongelado para, depois, ser pasteurizado e finalmente entregue ao laboratório de análises clínicas, onde devem ser identificadas bactérias e outros organismos que podem afetar a saúde dos bebês. Quando as sujidades (cabelos, cílios, insetos etc) são reconhecidas, o banco entra em contato com as doadoras, orientando novamente o processo. “Não queremos que a mãe desista de doar, pois o leite humano é um líquido precioso. Nossa meta nunca é estocar leite no banco, mas ter um grande volume que possa realmente ser aproveitado”, relaciona.
Vale destacar ainda que, a não ser nos casos em que a mãe doa para o próprio filho, internado na UTI Neonatal, não é possível doar em nome de algum bebê específico. Isso porque cada leite doado apresenta uma quantidade de calorias única que deve ser administrada de acordo com a prescrição médica. “Alguns bebês precisam ganhar mais peso, outros menos”. A nutricionista destaca ainda que não é saudável nem recomendado doar leite direto no peito para outra criança, sob o risco de transmitir alguma doença. “A única forma segura de doar é aos bancos de leite, pois aqui fazemos uma criteriosa análise do leite”, argumenta.
Para saber mais sobre esse assunto, confira a reportagem do Jornal do Comércio sobre a situação dos bancos de leite no Rio Grande do Sul.
Locais de doação de leite humano em Porto Alegre:
Banco de Leite Humano do Hospital Fêmina
Av. Mostardeiro, 17.
Telefone: (51)3314-5362
Posto Coleta - PCLH - Hospital Criança Conceição
Av. Francisco Trein, 596.
Telefone: (51)3357-2920
Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
Avenida Avenida Independência, 661.
Telefone: (51) 3289-3334
E-mail: bancodeleite@hmipv.prefpoa.com.br
Banco de Leite Humano da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
Rua Professor Annes Dias, 295.
Telefone: (51) 3214-8284
Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Rua Ramiro Barcelos, 2.350.
Telefone: (51) 2101-8000