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Saúde

- Publicada em 06 de Agosto de 2022 às 09:09

Vitais para bebês prematuros, bancos de leite enfrentam dificuldades para manter seus estoques no RS

Colostroterapia utiliza o primeiro leite materno nas bochechas do bebê

Colostroterapia utiliza o primeiro leite materno nas bochechas do bebê


MOHAMMED HUWAIS/AFP/JC
Medo, insegurança, sono acumulado e estresse. Estes são alguns dos desafios enfrentados durante a maternidade. Porém, após o nascimento da criança, a mulher também encara o preconceito. Amamentar em público ou tirar e armazenar o leite ainda são considerados tabus, o que contribui para o desmame precoce, afetando diretamente o desenvolvimento do bebê. O Agosto Dourado, instituído no Brasil em 2017 pela Lei n° 13.435, visa ações de conscientização e esclarecimento sobre o aleitamento materno, executadas principalmente pelos 225 Bancos de Leite Humano (BLH) do País. Desse total, 10 estão localizados no Rio Grande do Sul, sendo quatro na grande Porto Alegre. Capaz de reduzir em até 13% os índices de mortalidade infantil, a amamentação é considerada pelo Ministério da Saúde (MS) a forma de proteção mais econômica e eficiente. Neste ano, a educação e o apoio foram os pilares definidos pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (Waba) como tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno (Smam) - que termina nesta segunda-feira (8). “Quando a gente fala em fortalecer a amamentação educando e apoiando, a ideia vai ao encontro das questões relacionadas ao aleitamento materno aos recém-nascidos prematuros, pois o aleitamento é essencial para eles. Ele traz, além de uma nutrição adequada, uma imunização que protege o recém-nascido”, diz a vice-diretora da Organização Não Governamental Prematuridade.com, Aline Hennemann. Nos primeiros dois anos de pandemia, nasceram 254.942 bebês no Rio Grande do Sul. Deste total, 30.996 foram prematuros, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Segundo Aline, há vários estudos que comprovam os benefícios do aleitamento materno para o recém-nascido prematuro. Devido ao fato de o bebê não estar recebendo vacinas neste primeiro momento, ele recebe imunização por meio do leite materno, além dos nutrientes adequados que auxiliam na redução de doenças crônicas.O nascimento de um bebê prematuro ou de baixo peso (abaixo de 2,5kg) configura uma urgência nutricional, uma vez que esses bebês têm baixas reservas de energia e proteínas. Este fato, por si só, pode impactar no tempo de hospitalização da criança. Na Capital, ao menos 11% dos recém-nascidos, de 2020 até o final do primeiro semestre de 2022, foram prematuros, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “O leite materno proporciona um vínculo entre mãe e bebê, gerando afeto, proteção e nutrição. É capaz de evitar diarréias, infecções respiratórias, diminuir os riscos de alergias, colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade na criança que foi amamentada e quando ela for adulta”, explica a nutricionista Angelita Laipelt Matias, responsável técnica pelo BLH do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. De acordo com ela, a amamentação também aumenta o QI e reduz a enterocolite, doença que afeta o intestino. O dourado da campanha de conscientização remete justamente ao padrão ouro de qualidade do leite materno.
Medo, insegurança, sono acumulado e estresse. Estes são alguns dos desafios enfrentados durante a maternidade. Porém, após o nascimento da criança, a mulher também encara o preconceito. Amamentar em público ou tirar e armazenar o leite ainda são considerados tabus, o que contribui para o desmame precoce, afetando diretamente o desenvolvimento do bebê. O Agosto Dourado, instituído no Brasil em 2017 pela Lei n° 13.435, visa ações de conscientização e esclarecimento sobre o aleitamento materno, executadas principalmente pelos 225 Bancos de Leite Humano (BLH) do País. Desse total, 10 estão localizados no Rio Grande do Sul, sendo quatro na grande Porto Alegre.

Capaz de reduzir em até 13% os índices de mortalidade infantil, a amamentação é considerada pelo Ministério da Saúde (MS) a forma de proteção mais econômica e eficiente. Neste ano, a educação e o apoio foram os pilares definidos pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (Waba) como tema da Semana Mundial de Aleitamento Materno (Smam) - que termina nesta segunda-feira (8).

“Quando a gente fala em fortalecer a amamentação educando e apoiando, a ideia vai ao encontro das questões relacionadas ao aleitamento materno aos recém-nascidos prematuros, pois o aleitamento é essencial para eles. Ele traz, além de uma nutrição adequada, uma imunização que protege o recém-nascido”, diz a vice-diretora da Organização Não Governamental Prematuridade.com, Aline Hennemann.

Nos primeiros dois anos de pandemia, nasceram 254.942 bebês no Rio Grande do Sul. Deste total, 30.996 foram prematuros, segundo dados da Secretaria Estadual da Saúde. Segundo Aline, há vários estudos que comprovam os benefícios do aleitamento materno para o recém-nascido prematuro. Devido ao fato de o bebê não estar recebendo vacinas neste primeiro momento, ele recebe imunização por meio do leite materno, além dos nutrientes adequados que auxiliam na redução de doenças crônicas.

O nascimento de um bebê prematuro ou de baixo peso (abaixo de 2,5kg) configura uma urgência nutricional, uma vez que esses bebês têm baixas reservas de energia e proteínas. Este fato, por si só, pode impactar no tempo de hospitalização da criança. Na Capital, ao menos 11% dos recém-nascidos, de 2020 até o final do primeiro semestre de 2022, foram prematuros, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“O leite materno proporciona um vínculo entre mãe e bebê, gerando afeto, proteção e nutrição. É capaz de evitar diarréias, infecções respiratórias, diminuir os riscos de alergias, colesterol alto, diabetes, hipertensão e obesidade na criança que foi amamentada e quando ela for adulta”, explica a nutricionista Angelita Laipelt Matias, responsável técnica pelo BLH do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. De acordo com ela, a amamentação também aumenta o QI e reduz a enterocolite, doença que afeta o intestino. O dourado da campanha de conscientização remete justamente ao padrão ouro de qualidade do leite materno.

Colostroterapia possibilita desenvolvimento da flora intestinal

Dados do Ministério da Saúde mostram que houve aumento de 7% no volume de doações em 2021 em comparação a 2020. No entanto, o quantitativo representa apenas 55% da real necessidade por leite humano no Brasil. As unidades de saúde, incluindo os bancos de leite de Porto Alegre, enfrentam dificuldades para manter seus estoques. O inverno, aliado à falta de informação e ao período de pandemia, ainda vigente, agravam a situação.

Em 2019, a média de atendimentos na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, centro de referência dos BLHs, era de 2 mil mães ao mês. Atualmente, 1.400 mulheres são atendidas. “Depender de doação é muito difícil porque é difícil captar e esgotar leite. Muitas doadoras são mães da Região Metropolitana e não conseguimos fazer a busca”, comenta a nutricionista e coordenadora, Bruna Acosta.

Já no Hospital Fêmina, onde fica localizado o banco de leite do GHC, a redução ocorreu após o pico de casos e mortes pela Covid-19. A média mensal, entre 2020 e 2021, era de 100 a 120 litros por mês. Hoje, este número está em 70, com uma redução de 40%. Durante o aleitamento na prematuridade, há uma particularidade: caso seja um bebê prematuro ao extremo, que não recebe Nada por Via Oral (NPO), o leite é recebido por sonda.

“A mãe, que tem o bebê na UTI de neonatologia, vem ao banco de leite, esgota e estimula a mama. Os bebês em NPO ou em nutrição parental total, aos pouquinhos, irão receber o leite da mãe”, comenta Angelita. Nesta fase, o leite materno é fundamental para garantir a imunização do bebê dentro de Unidades de Terapia Intensiva de Neonatologia, por meio da colostroterapia. Segundo o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef), o colostro, leite amarelado e grosso que a mãe produz nos primeiros dias após o nascimento, é o alimento ideal para recém-nascidos.

“Nas crianças que ainda não podem mamar, pegamos 0,2 ml do colostro, a cada três horas, e colocamos nas bochechas. A colostroterapia ajuda na produção de imunidade do bebê e na colonização da flora intestinal, pois apresenta probióticos e prebióticos, evitando doenças e infecções nos bebês prematuros que estão na UTI”, explica a enfermeira neonatal do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Michele da Rosa Ferreira, também integrante do Grupo de Incentivo ao Aleitamento Materno (Giame).

Fórmulas lácteas e a indústria

Com 200 mililitros de leite humano doados é possível alimentar até dez recém-nascidos

Com 200 mililitros de leite humano doados é possível alimentar até dez recém-nascidos


BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/JC
A doação de leite humano também representa uma importante economia de recursos, uma vez que alimentar um prematuro com leite humano, ao invés de leites artificiais, traz impactos benéficos de curto, médio e longo prazos na vida da criança, e também há a diminuição da necessidade de compra das fórmulas infantis nos hospitais. Segundo o MS, 200 mililitros de leite humano doados podem alimentar até dez recém-nascidos.

“O leite materno não pode ser comparado com fórmula, pois é um alimento vivo que muda sua composição ao longo do dia, já a fórmula é sempre a mesma. A fórmula é produzida de leite de vaca, mas as mães não sabem. A indústria tenta igualar a composição da fórmula com o leite materno, mas não é possível”, diz Angelita.

A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactantes e Crianças de Primeira Instância traz regras como a proibição à propaganda de fórmulas lácteas infantis, o uso de termos que lembram o leite materno em rótulos de alimentos preparados para bebês e fotos ou desenhos que não sejam necessários para ilustrar métodos de preparação do produto. Além disso, torna obrigatório que as embalagens dos leites destinados às crianças tragam inscrição advertindo que o produto deve ser incluído na alimentação de menores de um ano apenas com indicação expressa de médico, assim como os riscos do preparo inadequado do produto. A lei também proíbe doações de mamadeiras, bicos e chupetas ou a sua venda em serviços públicos de saúde, exceto em casos de necessidade individual ou coletiva.

As formas lácteas “são importantes para os casos em que os bebês não podem receber o leite materno, por algum motivo, mas o que a gente vê é que a indústria não consegue produzir uma fórmula láctea na composição do leite materno. Então, o leite materno é exclusivo da mãe pro filho”, complementa Michele.

Locais de doação de leite humano em Porto Alegre

  • Banco de Leite Humano do Hospital Fêmina
    Av. Mostardeiro, 17.
    Telefone: (51)3314-5362
  • Posto Coleta - PCLH - Hospital Criança Conceição
    Av. Francisco Trein, 596.
    Telefone: (51)3357-2920
  • Banco de Leite Humano do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas
    Avenida Avenida Independência, 661.
    Telefone: (51) 3289-3334
    E-mail: [email protected]
  • Banco de Leite Humano da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre
    Rua Professor Annes Dias, 295.
    Telefone: (51) 3214-8284
  • Banco de Leite Humano do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
    Rua Ramiro Barcelos, 2.350.
    Telefone: (51) 2101-8000