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- Publicada em 08 de Dezembro de 2021 às 11:59

'A prefeitura não tem nenhuma responsabilidade', diz Schirmer no júri da Kiss

"Esse inquérito, essa investigação, foi medíocre e espetaculosa", disse o depoente

"Esse inquérito, essa investigação, foi medíocre e espetaculosa", disse o depoente


Reprodução/YouTube TJ-RS/JC
Juliano Tatsch
Um dos depoimentos mais aguardados do julgamento dos quatro réus do incêndio da boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, aconteceu na manhã desta quarta-feira (8). Presente no plenário do júri, no Foro Central I de Porto Alegre, o prefeito de Santa Maria quando da tragédia, Cezar Schirmer, respondeu a perguntas elaboradas pelo juiz Orlando Faccini Neto, pelos promotores e pelo advogado de defesa de um dos acusados.
Um dos depoimentos mais aguardados do julgamento dos quatro réus do incêndio da boate Kiss, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, aconteceu na manhã desta quarta-feira (8). Presente no plenário do júri, no Foro Central I de Porto Alegre, o prefeito de Santa Maria quando da tragédia, Cezar Schirmer, respondeu a perguntas elaboradas pelo juiz Orlando Faccini Neto, pelos promotores e pelo advogado de defesa de um dos acusados.
O início do depoimento, às 9h14min, foi marcado pela saída dos familiares das vítimas e sobreviventes da plateia em protesto à presença do depoente. Schirmer começou sua fala falando sobre o fato de ter se calado nos últimos anos a respeito do ocorrido. "Eu nunca dei entrevistas. As poucas vezes que falei foram por notas oficiais. Eu era prefeito de uma cidade traumatizada. Com tantas vítimas, sobreviventes que precisavam de amparo, uma cidade emocionalmente abalada. (...) Uma cidade nestas circunstâncias, vivendo esse clima, o prefeito começar a debater publicamente com polícia, promotores, jornalistas. Então me auto impus o silêncio. Estou muito feliz de estar aqui hoje, pois pela primeira vez alguém vai me ouvir", disse Schirmer.
Durante a inquirição realizada pelo magistrado, o ex-prefeito de Santa Maria e atual secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos da prefeitura de Porto Alegre focou em críticas duras ao inquérito promovido pela Polícia Civil. "O inquérito não tinha nenhuma coerência. Poderia citar ações espetaculosas e informações falsas passadas para a imprensa. O inquérito foi feito pela imprensa, não foi feito por uma investigação. De muitos pontos de vista, esse inquérito, essa investigação, foi medíocre e espetaculosa", afirmou Schirmer no depoimento. "O inquérito é muito ruim. Foram chamados mais 150 funcionários da prefeitura. Pela primeira vez na minha vida estou dizendo isso. Foi uma vergonha o que aconteceu", completou.
Schirmer foi indiciado pela Polícia Civil por improbidade administrativa no caso da tragédia, mas teve o pedido arquivado pelo Ministério Público. Assim, sequer chegou a ser denunciado no caso. Segundo o depoente, a prefeitura de Santa Maria foi "a mais investigada do planeta". "Eu respondi a mais de duas mil perguntas. (...) Do que eles me acusaram? Por omissão, de que se conhecesse as atribuições e a estrutura não teria ocorrido. Essa acusação me foi feita. Que eu não conhecia as atribuições e estrutura da secretaria. Isso não tem cabimento", destacou.
O então prefeito da cidade onde ocorreu a tragédia reafirmou por diversas vezes que não teve responsabilidade alguma no incêndio. "Havia uma narrativa de que faltava mais gente para ser julgado. Uma narrativa para diminuir a responsabilidade deste ou daquele. Essa é a narrativa desde o começo. Desde o começo, ouço que não deveria estar aqui como testemunha, mas sim como réu. Não fiz nada. Nada. E nenhum servidor da prefeitura contribuiu para que aquilo ocorresse (...) Repito: houve um incêndio e a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade sobre esse assunto”, enfatizou.
Em um dos momentos de maior debate, o advogado Jader Marques, que defende de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos donos da boate, e que arrolou Schirmer como testemunha afirmou que se seu cliente estava ali como réu, o ex-prefeito também deveria estar. A fala foi rechaçada pelo Ministério Público, que disse que se tratava de coação de testemunha.
As defesas de Mauro Hoffmann (sócio da Kiss), Marcelo de Jesus dos Santos (vocalista da banda Gurizada Fandangueira) e Luciano Bonilha Leão (produtor da banda) não realizaram questionamentos à Schirmer.
Por fim, a acusação fez as últimas perguntas, reproduzindo, inclusive, entrevistas antigas do advogado de Kiko nas quais Jader Marques afirma que seu cliente não deveria ser absolvido e que fez mudanças no interior da boate, sob orientação de um engenheiro, sem o consentimento do MP.
Exatamente às 11h39min, duas horas e vinte cinco minutos após ter começado, o depoimento de Schirmer foi encerrado.
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