Em sua primeira agenda no Rio Grande do Sul, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, esteve na Capital nesta quinta-feira (8), onde reuniu-se com o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito Sebastião Melo (MDB), para tratar da priorização de vacinas contra Covid-19 para profissionais da Educação. Antes do encontro, que aconteceu em uma sala do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Queiroga visitou o Instituto de Cardiologia e, após a conversa com os gestores públicos, concedeu entrevista coletiva à imprensa, seguindo para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Pela manhã, o ministro recebeu o projeto de reforma do Instituto de Cardiologia das mãos do presidente do hospital, Marne Gomes. A Instituição também atua no tratamento de pacientes com Covid-19 e necessita de verba para melhorar a estrutura. À tarde, Queiroga visitou a Gerência de Ensino e Pesquisa do GHC e o Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde conversou com a equipe de pesquisa da vacina Janssen, e conheceu a unidade de tratamento semi-intensivo, criada no local de um antigo depósito da Instituição. O diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, lembrou que esta foi "uma obra deste governo". "Nesta nova unidade os pacientes têm um atendimento compatível com os melhores centros do Brasil, e esta expertise pode ser transferida para outras unidades de Saúde dos mais de cinco mil municípios do País", avaliou o ministro.
Frisando que o Grupo Hospitalar Conceição é federal, Queiroga disse que a Instituição "tem trabalhado fortemente" segundo as orientações do Ministério da Saúde (MS) para ampliar "o acesso aos brasileiros que têm (contraído o vírus da) Covid-19, utilizando a sua infraestrutura, e fazendo adaptações". "Transformamos um grande depósito em uma área de atendimento com 55 leitos para pacientes com Covid-19. Esta área já está em funcionamento, e qualificando o sistema de Saúde", ponderou Oliveira.
Após passar pela UTI do Conceição e conversar com profissionais do bloco, o ministro seu reuniu com os gestores públicos, em sala da diretoria do GHC, para tratar da situação da vacinação no Estado. Além de do governador e do prefeito, o encontro contou com a presença de outras autoridades, como o vice-prefeito, Ricardo Gomes; a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann; o secretário municipal da Saúde, Mauro Sparta; o secretário de Atenção Primária à Saúde do MS, Raphael Câmara Parente; a coordenadora-geral do Programa Nacional de Imunizações do MS, Francieli Fantinato, entre outros, além do diretor técnico do GHC, Francisco Paz, e do diretor administrativo e financeiro do GHC, Moises Prevedello.
Durante a reunião, o prefeito entregou um ofício ao ministro, detalhando as despesas municipais e pedido de repasses federais diante dos gastos extras para ampliar o atendimento de saúde no enfrentamento da pandemia. Já o governador frisou da importância do Ministério da Saúde habilitar novos leitos nos hospitais do Rio Grande do Sul, considerando que com a proximidade do inverno a população inicia a apresentar sintomas de outras doenças respiratórias.
"Isso tem que ser considerado na estratégia de vacinação", reforçou Leite à imprensa. Ele também lembrou que as próximas doses de imunizante que chegarem ao Estado deverão ser priorizadas à população que precisa receber a segunda aplicação da vacina. "Especialmente no mês de março, a política utilizada pelo Ministério da Saúde, a pedido dos governadores, foi para que se dispensasse a reserva de segunda dose, então boa parte das doses que chegam agora precisam ser direcionadas para a fase dois das duas vacinas (Coronavac e Astrazeneca)".
O governador também sinalizou que a conversa sob o ponto de partida para algumas flexibilizações foi "boa". "O prefeito se sente seguro para dar este passo na permissão de mais atividades econômicas. Para o Estado o grande ponto é a garantia de que a fiscalização acontecerá de forma rigorosa. O que estamos demandando dos municípios é que eles nos apresentem planos que nos deem segurança de que eles têm estrutura e estratégia para fiscalizar." Leite destacou, que "se não tiverem recursos humanos suficientes, o governo do Estado se disponibiliza a passar recursos para a contratação emergencial de fiscais por um período extra."
Enquanto ocorreu a vista de Queiroga ao GHC, do lado de fora do Hospital Conceição, um grupo de profissionais da Saúde protestou com cartazes e faixas pedindo "vacina para todos". Para a imprensa, o ministro afirmou que "a carência de vacinas é um problema mundial". "Não é só (um problema) do Brasil, que já é o quinto país que mais vacina contra a Covid-19", disse. Ao destacar que o governo pretende "vacinar toda a população brasileira o mais rápido possível", ele afirmou que tem como incumbência do Presidente da República implementar o maior programa de vacinação do mundo. "É um legado que queremos deixar para a sociedade."
Queiroga também afirmou que o governo tem consciência de que "é fundamental fortalecer o sistema único de saúde (SUS)". "Precisamos qualificar os nossos recursos humanos, investir na pesquisa e reformar o SUS para que se possa ter eficiência e para que materializem politicas públicas que beneficiem todos os brasileiros." Questionado se a compra de vacinas pelas empresas (cujo projeto foi aprovado na Câmara Federal nesta quarta-feira, dia 07) poderia viabilizar que pessoas saudáveis furassem a fila da vacinação organizada pelo Plano Nacional de Imunização, o ministro enfatizou que "uma vez que existe lei, é preciso cumprir a lei". "Não vou me manifestar sobre decisões do Congresso Nacional, que são convergidas em legislação e todos devem cumprir. Nós do governo temos que executar o programa público, se tiver vacinação privada, melhor - mas temos que acelerar nossa atuação."
Ao observar que o governo tem dialogado com países produtores de insumos para as vacinas, Queiroga ainda disse que o governo federal deve cumprir o compromisso de imunizar 1 milhão de pessoas/dia no combate à Covid-19. "O nosso presidente (Jair Bolsonaro) já disse que vai coordenar o maior programa de vacinação pública do mundo e estamos fazendo isso em parceria com os governadores, com os prefeitos e com secretários estaduais e municipais de saúde."