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- Publicada em 26 de Novembro de 2020 às 20:57

Aulas em bandeira vermelha podem trazer 'consequências desastrosas', diz infectologista

Critérios sobre atividades presenciais mudaram ao menos três vezes

Critérios sobre atividades presenciais mudaram ao menos três vezes


/Alex Rocha/PMPA/JC
Gabriela Porto Alegre
A permissão do governador Eduardo Leite a aulas presenciais em regiões de bandeira vermelha tem gerado preocupação a especialistas da área da saúde. O motivo é que essa autorização, ainda que no modelo híbrido, possa trazer consequências graves em relação à evolução da pandemia da Covid-19 no Rio Grande do Sul.
A permissão do governador Eduardo Leite a aulas presenciais em regiões de bandeira vermelha tem gerado preocupação a especialistas da área da saúde. O motivo é que essa autorização, ainda que no modelo híbrido, possa trazer consequências graves em relação à evolução da pandemia da Covid-19 no Rio Grande do Sul.
"A decisão de manter as atividades escolares parece ter forte relação com o cansaço de todos em relação à adoção de medidas de restrição e com a mudança de ambiente que observamos ao longo dos últimos meses. Propor medidas como essas hoje têm um custo e causam um desgaste muito maior do que há alguns meses", comentou o infectologista do Hospital Divina Providência, Sidnei Santos Júnior. 
Os critérios em relação às atividades presenciais estabelecidos pelo Gabinete de Crise do governo do Estado mudaram ao menos três vezes durante a pandemia. Inicialmente, regiões em bandeira vermelha poderiam realizar atividades escolares apenas no modelo remoto. Há uma semana, porém, o critério sofreu nova alteração: as aulas poderiam ser mantidas mesmo com a classificação de alto risco, desde que a região não estivesse com bandeira vermelha durante duas semanas consecutivas.
Pela regra atual, regiões como Capão da Canoa, Canoas, Novo Hamburgo e Ijuí, classificadas como de alto risco por duas semanas consecutivas, não poderiam manter as atividades presenciais nas escolas a partir desta semana. No entanto, na terça-feira (24), esse critério foi mais uma vez alterado. Conforme anúncio do governador, atividades presenciais em escolas de regiões em bandeira vermelha estão, a partir desta semana, autorizadas a receber alunos.
"Ao longo das últimas semanas, na medida em que foram atingidos os critérios para suspensão das aulas, eles foram flexibilizados. Com a piora dos indicadores, contudo, é provável que a suspensão acabe sendo determinada num segundo momento. Esperamos que esse tempo em que a medida foi protelada não nos traga consequências desastrosas", argumentou o infectologista.
O cenário, porém, preocupa, já que, segundo dados do próprio distanciamento controlado, em Capão da Canoa, por exemplo, o número de hospitalizações cresceu 48% em sete dias, enquanto o de óbitos teve um salto em 217%. Em Canoas, as hospitalizações também tiveram um salto de 55% e um crescimento de 67% no número de óbitos em apenas uma semana.
Em Novo Hamburgo, o cenário de hospitalizações e óbitos também foi de crescimento, com 52% e 79%, respectivamente. Em Ijuí, o número de mortes por Covid-19 caiu 14% em uma semana, enquanto o número de hospitalizações aumentou 79%. "Considerando essa evolução, não é possível seguir com liberações. Nas regiões em que o quadro é mais tranquilo, podemos pensar em manutenção de medidas, mas não em liberação. Nas regiões em que observamos piora do cenário, uma maior restrição já deve começar a ser considerada", orientou o médico.
Em Porto Alegre, macrorregião que permaneceu em bandeira laranja, o número de internações no período de 7 dias (da semana 28 para 29) aumentou 16%. O número de óbitos, no entanto, subiu 100%, passando de 51 na semana 28 do distanciamento controlado, para 102 na semana 29 - que está em vigência. A justificativa para região permanecer em laranja, segundo o Gabinete de Crise, foi de que foram consideradas melhoras em fatores complementares como a relação de leitos livres por leitos ocupados por Covid-19, por exemplo.
“O sistema de bandeiras tem muitos benefícios e é uma estratégia inteligente para enfrentamento da pandemia. Ainda assim, ela tem limitações. A manutenção da bandeira em Porto Alegre me parece adequada ao momento, mas pode transmitir uma mensagem incorreta e levar as pessoas a negligenciarem os riscos”, comentou o infectologista, que logo reforçou a importância de se manterem os cuidados. “Independente da cor da bandeira é fundamental que todos sigamos mantendo os cuidados recomendados: uso de máscaras, higienização frequente das mãos e, especialmente, ficar em casa. Sair apenas quando realmente necessário”.
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