A atual reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) manifestou-se por meio de nota, nesta quarta-feira (16), a respeito da nomeação do professor Carlos André Bulhões para o cargo na gestão 2020-2024.
Terceiro colocado na consulta interna feita à univerdade, ainda em julho, Bulhões teve nome confirmado na edição do Diário Oficial da União de hoje. A chapa do novo reitor, Chapa 1, tem a professora Patrícia Pranke como vice-reitora.
O pleito foi vencido pela atual gestão, do reitor Rui Oppermann e da vice-reitora Jane Tutikian, da Chapa 2. Em segundo lugar ficou a Chapa 3, com Karla Maria Müller (reitora) e Claudia Wasserman (vice). O resultado da votação, porém, não é suficiente, já que a lista tríplice encaminhada pelo Conselho Universitário (Consun) com os nomes de Oppermann, Karla Maria Müller e Bulhões depende de decisão final do presidente da República. Na semana passada,
o deputado federal Bibo Nunes (PSL-RS) havia afirmado que Bulhões seria o escolhido de Bolsonaro para ocupar o cargo.
Nota assinada pelo reitor Rui Vicente Oppermann e pela vice-reitora Jane Tutikian afirma que a decisão de nomear Bulhões, tomada pelo presidente Jair Bolsonaro, opta por uma "proposta amplamente derrotada" pela comunidade acadêmica, ignorando "os grandes avanços feitos nos últimos anos na construção de uma universidade de excelência acadêmica, plural e inovadora".
O texto destaca ações da gestão atual, como a constante promoção da universidade em diferentes frentes e projetos de pesquisa, além de apontar o reconhecimento nacional e internacionalmente da universidade, que ocupa, pelo oitavo ano consecutivo, a posição de melhor universidade federal do País.
Por fim, a nota afirma que, frente a um cenário de "crescentes restrições orçamentárias e de pessoal", a universidade tem agora o desafio de "desenvolver um projeto que foi derrotado pela expressiva maioria da comunidade universitária".
No final de agosto, diante da possibilidade da nomeação de Bulhões, alunos e comunidade acadêmica da Ufrgs
chegaram a organizar um protesto contra a decisão, já que Bulhões foi o terceiro colocado na consulta interna. Bulhões representa oposição ao grupo que está à frente do comando da Ufrgs.
Natural de Alagoas, Bulhões é professor titular da Engenharia há 36 anos, atuando nas áreas de métodos de gestão de recursos hídricos, recursos renováveis, recursos energéticos, meio ambiente e infraestrutura.
Confira a nota da reitoria na íntegra:
Contrariando a vontade manifestada pela comunidade na consulta realizada em 13 de julho e pela eleição do Conselho Universitário (CONSUN), o Governo Federal optou pela proposta amplamente derrotada para estar à frente da UFRGS nos próximos quatro anos. Ignorou, assim, os grandes avanços feitos nos últimos anos na construção de uma universidade de excelência acadêmica, plural e inovadora.
Frente a todos os desafios impostos, nossa gestão avançou na promoção da UFRGS como instituição pública reconhecida nacional e internacionalmente e que ocupa, pelo oitavo ano consecutivo, a posição de melhor universidade federal do país, conforme avaliações do próprio MEC no Índice Geral de Cursos (IGC). Interagimos com os mais diferentes segmentos da sociedade, promovemos o diálogo e imprimimos a marca UFRGS em ações, projetos e pesquisas em todas as áreas.
Além das crescentes restrições orçamentárias e de pessoal, reduções nos investimentos em pesquisa e extensão universitária, tentativas de limitar garantias constitucionais de autonomia e de financiamento público, o cenário atual faz com que Universidade tenha mais esse grande desafio a enfrentar: o de desenvolver um projeto que foi derrotado pela expressiva maioria da comunidade universitária.
Estamos certos de que contribuímos para fazer da UFRGS uma instituição maior e melhor e que, juntamente com a nossa comunidade acadêmica, construímos nos últimos quatro anos uma parte da história dessa centenária instituição.
Rui Vicente Oppermann - Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Jane Tutikian - Vice-reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul