O governo gaúcho fará mais mudanças na aplicação do
sistema de distanciamento controlado, segundo anúncio do governador Eduardo Leite, nesta quinta-feira (30). São medidas que atendem a pedidos de regiões ou seguem a intenção de reduzir tensões em quesitos para definir
as bandeiras que acabam gerando mais restrições na economia. Uma aponta para a criação de uma nova região de saúde e outra reduz o peso da ocupação de leitos de UTI por pacientes de fora, que já vale no mapa que começa a ser definido nesta sexta-feira (31).
Ao abrir a transmissão ao vivo que faz à quintas-feiras, Leite, que teve diagnóstico positivo na semana passada para o novo coronavírus, informou que está sem sintomas e que só usou analgésicos para dor de cabeça. "Não é fazer campanha contra medicamentos que sejam prescritos. O que vale é a indicação médica", esclareceu.
A retirada do efeito do leito ocupado por paciente oriundo de localidade fora da região onde está internado atende a cidades como Passo Fundo, no Planalto. O indicador da taxa de ocupação de leitos é um dos principais, ao lado de óbitos, para estabelecer a bandeira vermelha, de alto risco na pandemia. Mas Leite negou que tivesse recebido a sugestão de mudança da localidade do Planalto. O governador chegou a dizer que havia um princípio de solidariedade ao considerar o doente externo dentro do total de ocupação.
Por isso, a lógica será avaliar quantos pacientes de fora as regiões receberam e quantos mandaram para hospitais em outras áreas do Estado - neste caso, poderá impactar o nível de risco. "Vamos ver o saldo do que a região enviou e o que recebeu de casos. Se a bandeira se agravar por ter mais pacientes de outras regiões, isso será considerado", garantiu Leite. "A intenção do modelo não é punir regiões, mas estabelecer condições para evitar que o vírus circule mais", explicou. A interpretação é que o doente de fora está mais ligado a um contexto de transmissão da cidade de origem.
Já a nova região de saúde será viabilizada devido à abertura de 40 leitos de UTI em hospitais de São Jerônimo, Charqueadas e Camaquã. Dezenove localidades devem compor a 21ª região. Estes municípios dependiam de vagas de terapia intensiva na Região Metropolitana. Leite disse que o Estado vai custear o uso dos leitos até que as vagas sejam cadastradas no Ministério da Saúde, passando a ser beneficiados com recursos da pandemia.
"É uma demanda dos prefeitos para serem olhadas não só no contexto da Capital, mas por seus indicadores", começa a segregar os dados e a região terá uma leitura específica na próxima semana. A implementação dependerá do aval dos municípios. A secretária estadual da Saúde, Arita Bergamnn, disse que estudos de como seriam os impactos serão levados aos prefeitos. "Se forem aceitos, o governador fará o decreto criando a região", adiantou Arita.
O governo fará reunião na próxima semana com a Federação das Associações dos Municípios (Famurs), possivelmente na terça-feira (4),
para ouvir mais demandas de prefeitos. Críticas sobre a aplicação do sistema do distanciamento controlado cresceram nas últimas semanas, com prefeitos e setores empresariais cobrando mais autonomia para decidir medidas.
O governo também tenta acertar um compartilhamento da gestão do sistema, mas considera que os municípios não poderiam adotar menos restrições que cada bandeira delimita. Na segunda-feira (27), um grupo de parlamentares ingressou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF)
pedindo a suspensão do sistema de bandeiras.
O governador chegou a mostrar otimismo durante a transmissão com a evolução da ocupação de vagas em UTIs. "Uma informação importante é que teve crescimento em junho e julho e desacelerou. De uma semana para cá, há uma estabilização na demanda por leitos de UTI", pontuou e disse que espera a confirmação de "uma estabilização duradoura na taxa de ocupação de leitos".
"Quero dividir a estabilização de ocupação de leitos de UTI por região, como Porto Alegre, que é uma boa notícia", declarou o governador, que considerou como "um bom indicador", mas "temos de analisar com cautela". "Podemos estar alcançando momento menos tenso desde junho", concluiu Leite.