Em função da escassez de medicamentos anestésicos dos kits intubação utilizados nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) orientou os hospitais gaúchos a cancelarem por tempo indeterminado todas as cirurgias eletivas previstas para serem realizadas no Estado.
O desabastecimento dos insumos, que atinge tanto a rede pública como a privada de saúde, também se estende a outros estados e, em função da pandemia da Covid-19, prejudica o tratamento dos pacientes internados nas UTIs. Segundo a SES, a falta dos medicamentos preocupa e vem sendo relatada por diversos hospitais, alarmados diante da diminuição dos estoques e impossibilidade de renová-los, seja por falta dos produtos ou pela prática de preços abusivos no mercado devido à demanda.
Por conta dessa realidade, as instituições de saúde que integram o Plano de Contingência Hospitalar do Rio Grande do Sul fizeram um levantamento dos estoques ainda disponíveis e informaram ao Estado, que já buscou apoio do Conselho Nacional de Saúde (Conass) e do Ministério da Saúde, que acenou com a possibilidade de uma compra emergencial dos produtos. Houve ainda pedido à Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para uma tomada internacional de preços para abastecer os estados e notificação às distribuidoras de medicamentos do Estado para ver a disponibilidade dos sedativos em estoque."Encaminhamos a lista dos principais insumos que faltam na rede hospitalar do Rio Grande do Sul, tanto para o Conass quanto para o Ministério da Saúde, e tivemos a informação de que o Ministério estaria encaminhando para o Estado os itens necessários de anestésicos, kits intubação e outros insumos", relatou a secretária na segunda-feira (29).
Nesta sexta-feira(3), a SES informou que alguns estados já começaram a receber lotes de medicamentos, e que o Rio Grande do Sul deverá ser contemplado em breve, já que o problema não era esperado e afeta diretamente o enfrentamento à Covid-19. Na lista de insumos em falta no Estado constam 22 medicamentos.
Enquanto isso, a secretaria solicita a hospitais e clínicas públicas e privadas que disponibilizem às instituições com setores de emergência e UTI os medicamentos em estoque, especialmente sedativos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares.
A secretaria ressalta que a responsabilidade pelo abastecimento dos medicamento é de competência exclusiva dos hospitais, mas reforça que o Estado está auxiliando o setor, princialmente diante da demanda crescente em função da pandemia e do aumento da
ocupação dos leitos de UTI. Os medicamentos sedativos em falta são utilizados em procedimentos que necessitam de anestesia e nos procedimentos a pacientes entubados. Segundo
dados apresentados pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Estado (Federação RS), desde que começou a pandemia no Estado, a quantidade de kits utilizados equiparou-se à aplicada em todo o ano de 2019.
Por meio de nota informativa oficial publicada nesta sexta, a SES reforça que, diante da constatação da atual escassez dos insumos, da dificuldade de aquisição dos mesmos e do risco de desabastecimento, "sugere a suspensão temporária dos procedimentos eletivos em âmbito hospitalar no Estado". O texto destaca ainda os esforços do governo gaúcho junto aos órgãos da Saúde e ao Conselho Regional de Farmácia para buscar alternativas para a normalização da situação, mas ressalta que, diante da impossibilidade imediata, "define conduta de racionalização do uso dos estoques disponíveis", orientando a suspensão da realização das cirurgias e procedimentos eletivos que utilizem os medicamentos do kit intubação para sedação dos pacientes, com exceção dos casos considerados graves ou nos quais a postergação determine riscos reais para a saúde do paciente, bem como a fiscalização dessas ações pelos profissionais da saúde e agentes públicos.
Instituições como o Hospital Vila Nova, de Porto Alegre, o Hospital Vida e Saúde, de Santa Rosa, o Hospital de Caridade de Ijuí, os hospitais Universitário e Nossa Senhora das Graças, de Canoas, e o Hospital Instituto Cardiologia de Viamão
já haviam cancelado as cirurgias eletivas por conta da baixa dos estoques dos medicamentos.