Permitido no Rio Grande do Sul desde segunda-feira (15), o retorno das aulas presenciais para cursos livres- de idiomas, música, artes, profissionalizantes, etc - e disciplinas de nível superior que exigem prática laboratorial e de pesquisa beneficia um contingente de 140 mil alunos no Estado, cerca de 5% do total de estudantes gaúchos.
Nas instituições de ensino superior, que mantêm as atividades de sala de aula em ambiente virtual, essa rotina começa aos poucos a tomar forma, com adequações necessárias de alunos, professores e servidores às exigências sanitárias e medidas de prevenção e controle da disseminação do novo coronavírus.
No dia 8 de junho o governo gaúcho publicou portaria conjunta da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e da Secretaria Estadual de Saúde (SES), com os protocolos de prevenção, monitoramento e controle da Covid-19, a serem adotados por todas as instituições de ensino no âmbito do Rio Grande do Sul, independente do nível, etapa e modalidade de ensino, para fins de prevenção e controle ao novo coronavírus. Entre as medidas para garantir a segurança do retorno gradual das aulas estão a criação de Centros de Operações de Emergência em Saúde para a Educação (COE), que ficarão responsáveis por monitorar casos, elaborar ações de prevenção, garantir a manutenção dos protocolos de saúde, higienização e sanitização de ambientes, capacitar a comunidade estudantil e elaborar o Plano de Contingência para Prevenção, Monitoramento e Controle do Novo Coronavírus.
O Plano deverá relatar os procedimentos operacionais padrão, as medidas adotadas para grupos de risco e identificação de casos suspeitos, as ações para promover, orientar e fiscalizar o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), bem como as medidas de higienização e sanitização dos ambientes, as de higiene pessoal e as de respeito ao distanciamento controlado.
Entre as universidades pesquisadas pela reportagem, a Unisinos retomou de forma gradual algumas das atividades práticas presenciais essenciais nos campi de São Leopoldo e Porto Alegre, enquanto que as aulas teóricas em sala de aula seguem mantidas virtualmente. Segundo a instituição, a previsão é de que esse processo, ao longo do no mês de junho, envolva mais de 1,6 mil alunos de mais de 10 cursos, que ocuparão os espaços acadêmicos em horários diferenciados, respeitando os protocolos de distanciamento e as margens de segurança determinadas pelo governo estadual e órgãos reguladores.
Outras atividades práticas presenciais individuais e essenciais, que já haviam sido retomadas em maio, seguem em funcionamento, como experimentos em laboratórios para alunos que estejam terminando trabalhos de conclusão de curso e atividades essenciais de pesquisa e prestação de serviços de Institutos Tecnológicos. O diretor de Operações e Serviços da instituição, Cristiano Richter, responsável pelo plano de contingência da Covid-19, destaca o total cuidado e atenção à saúde da comunidade universitária. "O plano prevê o avanço cuidadoso das atividades presenciais em nossos campi. Atualmente, estão somente autorizadas atividades e operações essenciais e emergenciais. Estamos seguindo com muito rigor o cumprimento dos protocolos de saúde e o cuidado com as pessoas", disse.
Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), o cronograma de retomada de um restrito conjunto de atividades iniciou na quarta-feira (17). Entre as cerca de três mil disciplinas ministradas regularmente, 120 práticas e de estágios obrigatórios voltaram a acontecer em modalidade presencial. Segundo a assessoria da universidade, o curso de Medicina foi o primeiro a ter retorno de alunos. Os demais estágios na área de saúde serão retomados na segunda-feira (22), "conforme calendários próprios de cada curso e campo de prática profissional". Já as aulas práticas no campus estão previstas para 29 junho, conforme organização de cada disciplina.
A diretora de graduação da Pucrs, Adriana Kampf, ressalta que há áreas cujos campos profissionais estão remotos, já outras em que as atividades profissionais presenciais são essenciais e não pararam. “As adequações curriculares que estamos fazendo neste momento de excepcionalidade visam assegurar as aprendizagens preconizadas em cada área, observando os documentos regulatórios emitidos pelo Ministério da Educação no contexto de pandemia, as diretrizes curriculares próprias de cada curso e os protocolos dos diversos campos de atuação profissional”, explica, ressaltando ainda que não é possível prever apenas uma data para a retomada linear de todas as atividades.
Já na Universidade Feevale, 16 cursos recomeçaram as atividades presenciais, a maioria deles na área da saúde. Ao longo desta semana, segundo a assessoria da instituição, 227 alunos voltaram a atuar nos laboratórios, porém, respeitando os cronogramas organizados, com dias, turnos e espaços diferenciados. A instituição informa ainda que está dando atenção diferenciada para cada aluno do grupo de risco, com "professores e coordenadores de curso analisando todos os casos e possibilidades de atendimento aos estudantes que não poderão retornar”, afirma a pró-reitora de Ensino, Angelita Gerhardt.
Na Pucrs, 120 práticas laboratoriais e estágios obrigatórios voltaram nesta semana. Foto: Camila Cunha/Ascom/PUCRS/Divulgação/JC
A universidade destaca que vem preparando sua estrutura já pensando na retomada efetiva do semestre letivo, com adoção de todas as medidas de segurança sanitária determinadas. Em relação ao segundo semestre, a Feevale acredita que o distanciamento social possa ser mantido por mais algum tempo, mas segue a preparação e planejamento das aulas, de acordo com as recomendações governamentais e dos órgãos de Saúde e Educação. Entre as medidas a serem adotadas estão trocas de desktops para que câmeras possam transmitir ao vivo as aulas a quem não puder comparecer e escolha de alunos mediadores, que ajudarão os professores na comunicação com os colegas que estiverem em casa durante a aula síncrona a ser implementada.
Além disso, todos os procedimentos de segurança que hoje já são adotados permanecerão, como regras de distanciamento físico, uso de máscaras, verificação da temperatura corporal, distribuição de álcool gel nas áreas de maior circulação e da desinfecção dos espaços. “Neste momento, flexibilidade e empatia são as palavras de ordem, ou seja, precisamos olhar cada caso e pensar na melhor solução possível. Dessa forma, pedimos a compreensão e colaboração de todos para que, juntos, possamos sair dessa pandemia ainda mais fortes”, completa o reitor da universidade, Cleber Prodanov.
Os cursos livres que também estão permitidos em todo o Estado seguem da mesma forma regras e protocolos determinados pelo governo, mas oferecem, em grande maioria, aulas com turmas e frequência semanal reduzidas.