Em entrevista ao Jornal do Comércio no dia 3 de abril, o engenheiro de Transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, Antônio Augusto Lovatto, que representa as empresas que operam o sistema de transporte por ônibus na cidade, afirmou que em 15 dias, o sistema iria entrar em colapso. O prazo se encerra no próximo sábado (18). Passados 11 dias da estimativa, o quadro não mudou, conforme Lovatto.
De acordo com o representante da ATP, não houve avanços significativos nos últimos dias em direção a uma solução, ainda que paliativa, para o problema. "As tratativas estão se esgotando. A prefeitura não sinalizou nada de concreto", afirma.
As empresas de ônibus afirmam que a crise, a qual elas apontam que existe desde a assinatura do novo contrato de operação, em 2015, se aprofundou drasticamente no último mês, em razão das restrições de circulação da população por causa da pandemia do novo coronavírus.
Segundo a ATP, a estimativa de custos operacionais para o mês de abril, que era de R$ 46 milhões no início do mês, subiu para mais de R$ 50 milhões, na medida em que as empresas não realizaram demissões de funcionários. "O prejuízo estimado para abril já passa dos R$ 30 milhões", diz o engenheiro.
As empresas apontam que o sistema de ônibus, em um primeiro momento, não irá parar por completo em um único dia. A tendência é de que as reduções de linhas e horários, que já vem ocorrendo, se acentuem. "O sistema vai parando aos poucos. Não vai parar da noite para o dia. Depende do fôlego de cada empresa", observa Lovatto. "O cenário de um colapso está cada vez mais presente. Até o início de maio, vai parando aos poucos. Talvez, no dia 5 de maio, haja um baque maior", destaca.
A prefeitura sinalizou dois caminhos para amenizar os impactos da crise. O primeiro deles seria um aporte de recursos do governo federal para subsidiar o modal ônibus durante esse período. O segundo, e mais possível de concretizar, é o de um financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
As empresas, porém, afirmam que um simples empréstimo não resolveria o problema, podendo gerar mais complicações futuras, inclusive. "O dinheiro pode vir. O problema é que financiamento tem juros. O ideal seria a prefeitura tomar esse dinheiro por empréstimo e colocá-lo no sistema como vale-transporte", diz o gestor da ATP. "A prefeitura criou essa operação que vai custar R$ 52 milhões neste mês. Ela que tem de arcar com essa diferença entre custo e receita", completa.