Após suspeitas de vazamento de dados, o Ministério da Justiça notificou nesta quarta-feira (8) o aplicativo de chamadas de vídeo Zoom, que se popularizou com o distanciamento social.
A empresa terá dez dias para prestar os esclarecimentos necessários ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, órgão vinculado ao ministério. De acordo com a pasta, caso o Zoom não responda aos questionamentos no prazo ou haja mais indícios de violação de direitos dos consumidores, poderá ser instaurado um processo administrativo, e ainda ser aplicada multa.
A notificação ocorre após reportagem do jornal americano Washington Post ter apontado vulnerabilidades no sistema do aplicativo. De acordo com o texto, muitos dos vídeos parecem ter sido gravados por meio do Zoom e salvos na nuvem em servidores do software sem necessidade de senha para o acesso.
Outra possível falha, reportada pelo The New York Times, seria um recurso de mineração de dados na plataforma que permitia que participantes das videochamadas acessassem dados do perfil de LinkedIn de outros usuários.
O aplicativo viu seu número de usuários diários no mundo se multiplicar em meio à pandemia do novo coronavírus. "A empresa foi notificada hoje [nesta quarta] para esclarecer dúvidas sobre o compartilhamento de dados de usuários do aplicativo Zoom com o Facebook, especialmente no que se refere à versão para o sistema iOS", diz o Departamento de Direito ao Consumidor do Ministério da Justiça.
O governo brasileiro deu início na última segunda-feira (6) a investigações do aplicativo, após veiculação de reportagens sobre o tema. O ministério questionou a empresa sobre sua política de privacidade e sobre há o consentimento dos usuários para o compartilhamento de dados. "A investigação procura entender se a Zoom notifica o Facebook quando o usuário abre o aplicativo, assim como detalhes criados pelo dispositivo para direcionar anúncios para os usuários".
O governo brasileiro pede que o Zoom especifique questões ligadas ao compartilhamento de informações dos usuários como desde quando e por quais motivos isso ocorre; quem são as pessoas que têm seus dados compartilhados; em qual ou quais versões do aplicativo e em quais sistemas operacionais há o compartilhamento.
A empresa terá de esclarecer ainda se o compartilhamento de dados do usuário ocorre independentemente de haver conta no Facebook ou em outro aplicativo e qual a base legal para a realização da coleta do tratamento de dados. Desde a veiculação das reportagens, empresas e órgãos públicos passaram a proibir o uso do aplicativo entre os servidores.
A Anvisa bloqueou o uso interno do aplicativo de reuniões digitais Zoom desde segunda. Em comunicado aos funcionários, a agência disse que as falhas podem permitir o acesso não autorizado à câmera e ao microfone, o roubo de usuário e da senha de acesso, bem como a coleta e envio de informações das ligações.