Milhares de pessoas participaram na manhã deste domingo (2) da 145ª procissão de Nossa Senhora de Navegantes, que percorreu trecho entre o Centro de Porto Alegre e a zona norte. O cortejo saiu da Igreja Nossa Senhora do Rosário, local onde a imagem da santa estava desde o dia 19 de janeiro.
A estimativa, de acordo com a organização do evento, é de que 200 mil pessoas participaram da caminhada, e que, desde o dia 19 até o fim da noite deste domingo, o número de pessoas que deve passar pelo santuário chegará a 700 mil.
Percurso desde a Igreja do Rosário até a de Navegantes teve a ajuda de fiéis para conduzir a imagem. Fotos: Nícolas Chidem/JC
Com a santa no andor em forma de barco carregada pelos fiéis,o traslado percorreu as ruas Vigário José Inácio e as avenidas Mauá, Castelo Branco (antiga Legalidade) e Sertório, até chegar à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, destino final da celebração.
A maior cerimônia religiosa de Porto Alegre começou com uma missa na Igreja do Rosário às 7h, celebrada pelo padre Gelson Luiz Fraga Ferreira, marcando a despedida da imagem.
Dentre os presentes estavam o governador Eduardo Leite (PSDB), o prefeito da Capital, Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e o vice-prefeito Gustavo Paim (PP), o deputado estadual e pré-candidato à prefeitura Sebastião Melo (MDB), a deputada federal Maria do Rosário (PT) e o líder do governo na Câmara Municipal, Mauro Pinheiro (Rede).
Eduardo Leite, Nelson Marchezan Jr, Sebastião Melo e Gustavo Paim (esq. para dir.) ficaram no altar
Na chegada da santa, no fim da procissão, no bairro Navegantes, seguiam logo atrás das bandeiras, o ex-governador Olívio Dutra (PT) e o vereador Wambert Di Lorenzo (Pros). Na chegada, em torno das 10h30min, foi realizada uma missa campal com a presença de diversos sacerdotes, liderada pelo arcebispo metropolitano de Porto Alegre, dom Jaime Spengler.
Embora a procissão não tenha sido marcada por grandes atos políticos, Leite e Marchezan foram alvo de vaias por um breve momento na saída da missa, aos gritos de “fora”.
Já no início da avenida Mauá, pouco antes da santa passar para o trecho da Castelo Branco, manifestantes estavam com uma faixa dizendo “Cobradores ficam! Não ao aumento da passagem!” e receberam apoio de alguns dos fiéis que passavam falando mensagens de suporte. O protesto tem a ver com os
projetos que foram enviados pelo prefeito à Câmara de Vereadores que mexem no sistema para reduzir o valor da passagem.
Milene Lacerda (direita) percorreu a procissão ao lado do seu companheiro (esquerda)
Sob sol forte, com temperatura que superou 30 graus centígrados (ºC) antes do meio-dia, muitos fiéis fizeram os mais de cinco quilômetros do trajeto de pés descalços, tanto sobre o asfalto, quanto navegetação do acostamento. Uma fiel, que preferiu não se identificar, disse que fazia a procissão de pés descalços por ter “muita gratidão” à santa. Ela ergueu os braços em louvor quando chegou à igreja.
Já outras pessoas vieram acompanhadas também para fazer um programa familiar, como a professora Milene Lacerda, que percorreu a procissão ao lado do seu companheiro. “Esse é meu segundo ano. Viemos agradecer por tudo”, contou Milene.
No sincretismo religioso brasileiro, a santa é associada à Iemanjá, orixá ligada à maternidade e às águas nas religiões de matriz africana como a Umbanda e o Candomblé. Muitos dos fiéis presentes usavam roupas com uma imagem de Iemanjá. Artefatos religiosos da orixá e de Nossa Senhora de Navegantes eram vendidos lado a lado por alguns comerciantes de rua.
“Somos um povo de fé e esperança, que busca a caridade para melhor acolher a todos na festa da Mãe”, afirmou Gustavo Brum, provedor da Irmandade de Nossa Senhora dos Navegantes, que organiza a festa.