Trabalhadores ligados ao Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) realizam hoje uma assembleia para definir as medidas que serão tomadas pela categoria diante da falta de diálogo com o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior. Na última semana, eles realizaram greve durante três dias contra o desligamento de mais de 1,8 mil trabalhadores. A assembleia, que ocorre às 18h, na Igreja Pompeia, vai definir se os profissionais darão seguimento à greve ou se manterão a suspensão. Sindicatos e trabalhadores não descartam a possibilidade de greve por tempo indeterminado nos postos de saúde da Capital. Médicos, que até agora não haviam aderido, também estarão na assembleia.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que tentou dialogar com os trabalhadores, a fim de negociar uma saída para essa situação. No entanto, a reunião que estava marcada para terça-feira foi suspensa. Segundo a pasta, o cancelamento aconteceu porque os servidores mantiveram a greve, mesmo com a tentativa de negociação por parte do Executivo.
Já o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, afirmou que não houve tentativa de diálogo, uma vez que mesmo com a suspensão da greve, que durou três dias, o prefeito cancelou a reunião. "Por conta desse diálogo que aconteceria no dia 22, nós suspendemos a greve no dia 18. Só que na segunda-feira, mesmo com suspensão, o prefeito cancelou", disse. "O prejuízo à população quem está causando é o Marchezan, que não quer dialogar. Se ele estivesse aberto à negociação, a gente já tinha suspendido tudo isso", acrescentou.
Para Jesien, a prefeitura está protelando uma decisão. "O processo não tem trânsito em julgado. Ainda há recursos a serem julgados. Ou seja, não há necessidade de acabar com o Imesf, não há necessidade de causar descontinuidade do atendimento. Não há necessidade de demitir 1,8 mil profissionais e contratar de novo", argumentou.
Quanto à assembleia, Jesien disse que não está descartada a possibilidade de radicalizar o movimento. "Se não querem nos atender, vamos pensar alternativas que efetivamente causem impacto. Hoje nós vamos definir o que faremos, se daremos seguimento, se manteremos suspensa ou se entraremos em greve por tempo indeterminado".
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, o problema maior não é o fim do Imesf, mas sim a falta de diálogo criada em torno disso. "Há uma dificuldade muito grande de negociação com o gestor municipal. Se o diálogo não fosse tão descartado, teríamos a possibilidade de diminuir essa distância".
Inicialmente, os médicos não haviam aderido à greve. No entanto, após declarações do prefeito, houve uma tendência de mudança. "O Simers ainda não tem uma posição definida, mas a posição do sindicato será a da categoria", assegurou Matias.