No ano que vem, acabarão as desculpas para quem não pratica esportes em Porto Alegre - a cidade ganhará uma pista de skate e 27 quadras esportivas, tudo isso às margens do Guaíba. Trata-se da revitalização do trecho 3 da orla, entre o Arroio Dilúvio e o Parque Gigante Internacional, que tem previsão de começar em agosto deste ano e terminar em agosto de 2020.
Parece difícil acreditar que tantas quadras caberão no 1,6 quilômetro, mas é exatamente este o número previsto no projeto, assinado pelo arquiteto curitibano Jaime Lerner. Serão, a princípio, 12 quadras de vôlei de praia, sete de futebol society, com grama sintética, três de beach tennis, duas quadras infantis, com grama sintética, duas de tênis e uma quadra poliesportiva - a princípio porque, durante o lançamento do edital para selecionar a empresa que fará a revitalização, o prefeito Nelson Marchezan Júnior sugeriu que houvesse mais quadras poliesportivas, o que pode ser ajustado durante a obra.
Além das quadras, serão instalados dois parques infantis, duas academias de ginástica, um vestiário, arquibancadas e uma pista de skate, a menina dos olhos da revitalização. O projeto do complexo é certificado pela Confederação Brasileira de Skate e pelo Comitê Olímpico Brasileiro, a fim de que o espaço receba competições internacionais da categoria.
A pista de skate, anunciada pela prefeitura como a maior da América Latina, com 6.157m2, contemplará diversas modalidades - incluindo a popular street, com estruturas simulando obstáculos de rua, como escadarias e corrimões. O local tenderá a ser o destino preferido dos skatistas que, hoje, utilizam a pista do parque Marinha, construída nos anos 1970 e com desgastes do tempo presentes na sua estrutura.
Área será mais arborizada e contará com estacionamento
O trecho 3 contará ainda com ciclovia em toda a sua extensão, plantio de mais de 550 árvores, entre cedros, figueiras, jerivás, cerejeiras e coronilhas, áreas de estar e convivência, estacionamento público com 200 vagas e iluminação em led 24 horas. Haverá também três bares, com estruturas nos mesmos moldes das instaladas no trecho 1, próximo à Usina do Gasômetro.
A arborização e a oferta de estacionamento atendem, segundo o vice-prefeito de Porto Alegre, Gustavo Paim, a demanda apresentada após a entrega do trecho 1. "Ouvimos muitas críticas de que há pouca sombra de árvores e não há estacionamento, e este trecho é bem diferente: muito arborizado, com muitas espécies arbustivas, e estacionamento para os carros", ressalta.
Para o prefeito Nelson Marchezan, a revitalização desse novo trecho da orla do Guaíba é uma oportunidade de dar mais autoestima aos porto-alegrenses e, além de trazer lazer e saúde, com a prática de esportes e a contemplação, atrair turismo. "Levaremos mais segurança, infraestrutura e conforto a um local que já é muito desfrutado mesmo hoje em dia. Seguimos com o grande desafio de dar acesso ao Guaíba para a população", afirma.
Na visão do prefeito, o Guaíba foi um dos motivos de os açorianos escolherem Porto Alegre como moradia, há 247 anos, e de a cidade ter se tornado capital do Estado. "Com o tempo, nos afastamos do Guaíba, então é importante este movimento de retomada", observa. Durante seu discurso no lançamento do edital, ele sugeriu, entre outros pontos, a colocação de um deque flutuante em frente ao trecho. Paim confirmou que a instalação é possível, mesmo não constando no projeto, através de um projeto à parte do poder público ou de uma proposta da iniciativa privada.
Trecho 2 deve ser o 'pulmão econômico' do parque
A prefeitura estuda uma maneira de viabilizar economicamente o Parque da Orla depois de sua conclusão. Além do trecho 1, já finalizado, e do 3, cujas obras começam em agosto, resta o 2 (que vai da Rótula das Cuias até o arroio Dilúvio), sem previsão de revitalização. O espaço está sob análise do Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (Unops), que estuda quais as melhores modelagens jurídicas para administrar o local - possivelmente, se tratará de uma parceria público-privada ou de uma concessão, pela qual uma ou várias empresas assumiriam a responsabilidade de revitalizar o trecho 2 e gerir os demais. Para tanto, esse trecho possuiria estruturas com potencial de ganho financeiro, tornando-se o "pulmão econômico" do parque, conforme o vice-prefeito Gustavo Paim.