O governo federal diz que convocará nos próximos dias, por edital, médicos que "queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos". A pasta diz que a prioridade será dada a formados no Brasil e depois a brasileiros diplomados em Medicina no exterior.
Atualmente, 8.332 das 18.240 vagas do programa são ocupadas por cubanos, que são contratados por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em 2016, o número era de 11,4 mil cubanos atuando nos postos.
Além de edital para chamar candidatos, o governo diz que pode buscar alunos formados através do Programa de Financiamento Estudantil (Fies). "Essas ações poderão ser adotadas, conforme necessidade e entendimentos com a equipe de transição do novo governo", disse o Ministério da Saúde na nota. As medidas, segundo a pasta, buscam suprimir de "forma imediata" as necessidades do Mais Médicos.
No Rio Grande do Sul, que tem médicos cubanos atuando em postos, as secretarias da Saúde do Estado e de Porto Alegre e nem a Federação das Associações dos Municípios (Famurs) não quiseram comentar os impactos da saída de Cuba.
Por que Cuba rompeu acordo
O Mais Médicos foi criado em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff (PT), que foi afastada em 2016 após sofrer impeachment. O programa foi uma resposta do governo do PT a protestos que ganharam as ruas no primeiro semestre daquele ano e que cobravam melhoria em serviços públicos. A intenção inicial era de suprir a falta de médicos em localidades do interior e periferias.
Em julho de 2017, em audiência na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul quando o programa completava quatro anos,
Dilma mostrou preocupação com a continuidade da iniciativa. "Me preocupo muito com o Mais Médicos. Ainda não foi interrompido devido à grande crise política a qual seria construída com os prefeitos", observou a ex-presidente.
Segundo a petista, que tentou se eleger ao Senado por Minas Gerais este ano mas acabou não conseguindo, os riscos estavam associados à "instabilidade jurídica e legal".