No dia 29 de agosto é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo. Mesmo que os malefícios do cigarro sejam amplamente divulgados em campanhas nacionais de prevenção, o hábito ainda é responsável por uma em cada dez mortes no mundo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No Brasil, em 2015, 256.216 pessoas morreram por causas relacionadas ao tabaco, o que representa 12,6% dos óbitos de pessoas com mais de 35 anos.
Ao contrário do senso comum, o câncer de pulmão não é a única consequência do tabagismo. Desse total de mais de 250 mil mortes em 2015, 35 mil foram vítimas de doenças cardíacas e 31 mil, de doenças pulmonares obstrutivas crônicas. O câncer de pulmão, ainda de acordo com o Inca, foi o quarto motivo de morte relacionado ao tabagismo, com 23.762 casos, e o fumo passivo causou o óbito de 17.972 pessoas.
O chefe do serviço de Pneumologia e Cirurgia Torácica do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Gazzana, explica que o câncer de pulmão é apenas uma das neoplasias relacionadas ao hábito. Cânceres de bexiga, de pâncreas e de estômago, por exemplo, também podem se desenvolver. "Geralmente, as pessoas só associam àqueles relacionados ao sistema respiratório: pulmão, boca, laringe. Mas têm muitas outras consequências", argumenta o médico.
O desenvolvimento de asma, de pneumonia e de enfisema pulmonar também é comum, e, em casos graves, essas doenças podem levar à morte. Doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e AVC (Acidente Vascular Cerebral), além de úlcera, obesidade e infertilidade, são outras patologias relacionadas ao consumo.
O médico reconhece que abandonar o hábito de fumar não é fácil. A nicotina, substância presente no cigarro, causa dependência física. Ao parar, o fumante sentirá sintomas de abstinência. "Mesmo com o suporte ideal, as pessoas acabam tentando umas três ou quatro vezes até conseguir. O ideal é escolher uma data e estabelecer como meta não fumar a partir dela. Se for só redução, a dependência segue", alerta. Gazzana também recomenda que hábitos paralelos sejam evitados nas primeiras semanas. "É como qualquer mudança de hábitos. Requer esforço. Se a pessoa procurar auxílio médico também ajuda", orienta.
Além de doenças, o cigarro também causa um rombo econômico no País. O Brasil, segundo o Inca, tem um prejuízo anual de R$ 56,9 bilhões com o tabagismo - R$ 39,4 bilhões em gastos com despesas médicas e R$ 17,5 bilhões em custos indiretos, ligados à perda de produtividade causada por incapacitação de trabalhadores ou morte prematura. Somente a doença pulmonar obstrutiva crônica gerou gastos de R$ 16 bilhões aos sistemas públicos e privados de saúde em 2015. As doenças cardíacas custaram cerca de R$ 10,3 bilhões. Enquanto isso, a arrecadação de impostos com a venda de cigarros é de R$ 12,9 bilhões, gerando um saldo negativo de R$ 44 bilhões por ano.
O cenário, porém, parece estar mudando. Dados apresentados em maio deste ano pelo Ministério da Saúde mostram que a frequência do consumo entre os fumantes nas capitais brasileiras reduziu em 36% no período de 2006 a 2017. A prevalência de fumantes caiu de 15,7%, em 2006, para 10,1% em 2017. Em 2016, o número total de adultos que fumam era de 10,2%. Os dados, compilados pela pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico 2017, também apontam que as capitais com maior incidência de fumantes são Curitiba (15,6%), São Paulo (14,2%) e Porto Alegre (12,5%). Salvador foi a capital com menor prevalência de fumantes, com apenas 4,1%.
Benefícios de parar de fumar
Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
Fonte: INCA