Os debates acerca dos usos da Inteligência Articial (IA) ganharam os palcos da quarta edição do South Summit Brazil. Em um dos painéis na última quinta-feira (10), especialistas discutiram os benefícios e desafios da aplicação deste tipo de tecnologia no empreendedorismo.
O painel, mediado por Ricardo Luís Sehn, superintendente de varejo do Branco do Brasil no Rio Grande do Sul, contou com a presença de outros executivos da instituição financeira. Rafael Rovani, head de Inteligência Artificial e Analytics, e Rodrigo Mulinari, diretor de TI, debateram de que forma a IA pode ser uma aliada dos empreendedores.
Para Mulinari, a tecnologia é um marco na história e segue os passos de outros avanços anteriores. "Depois do mobile, talvez seja a tecnologia que mais vai revolucionar o mundo. É a grande mola transformadora dos próximos tempos", percebe o especialista, destacando que o diferencial da IA é a interação com as pessoas. "Ela vem para nos ajudar a pensar, a propor e tem essa possibilidade de compilar um número de dados que humanamente é impossível, oferendo insights que não teria como fazer de outra forma. Hoje, todas as soluções usam de alguma maneira a IA, e esse é o grande segredo: você consegue fazer melhorias eficientes nos seus processos, como você consegue melhorar a experiência, hiperpersonalizando e com segurança", avalia o diretor de TI do Banco do Brasil.
Olhar para a IA como uma aliada pode ser estratégico também para negócios de menor porte, pontua Rovani. "Os dados históricos do Sebrae mostram o quanto é difícil ser empreendedor no Brasil, o quanto ser resiliente e ultrapassar a barreira dos dois anos é fundamental. A IA é uma ferramenta poderosa para trazer eficiência para esse contexto. Sabemos que a maioria dos empreendedores, num primeiro momento, não tem um grande quadro de colaboradores, e a IA pode substituir esse funcionário, executando um processo administrativo, executando uma tarefa, gerando informações poderosas sobre o mercado, sobre preços de vendas e compras, sobre cadeia de valor. Apontar quais são os elos que conectam esse empreendedor a outras oportunidades de negócio para a cadeira produtiva. A IA nunca vai substituir um ser humano, ela sempre vai ser um complemento. A IA é um copiloto", afirma o head de Inteligência Artificial e Analytics do Banco do Brasil.
Ambos destacaram como o segmento bancário é um dos pioneiros quando o assunto é tecnologia de ponta no Brasil. "O segmento bancário brasileiro é um dos mais avançados do mundo, e é o setor brasileiro que mais investe em tecnologia. Dados da Frebaban mostram que foram mais de R$ 40 bilhões investidos em tecnologia só no ano passado, mais ou menos R$ 1,5 bilhão em IA, e isso cresce ano a ano", afirma Mulinari.
Seguindo o investimento do segmento, Rovani destaca que o Banco do Brasil está colocando em prática uma IA generativa pensada para os empreendedores parceiros da instituição. "Lançamos o primeiro agente de IA generativo que conversa com o cliente. Está disponível no painel pessoa jurídica para os clientes. O objetivo é ser um facilitador para o empreendedor, que consegue conversar de manhã com essa ferramenta, como se fosse uma revista eletrônica, e ter insights e saber que informações ele precisa consumir sobre o mercado dele", explica.
Para os especialistas, o empreendedor que consegue usar, de fato, a IA como aliada é aquele que identifica quais são os problemas e dores que a tecnologia pode resolver. "Primeira questão é entender o problema de negócio, e a segunda é gerar uma cultura sobre a IA. Entender a dor e a demanda, e se capacitar", diz Rovani. "Olhar para seus dados, entender qual é o problema, entender que não é uma solução de tecnologia tradicional. Experimentar, começar pequeno, entender se o problema está resolvido e aprender com ele a escalar", completa Mulinari.