Um dos quitutes mais tradicionais do Rio Grande do Sul, a cuca, em suas diferentes versões - italiana, alemã, gaúcha -, segue sendo a aposta de negócios. A Cukaz! Cucaria Artesanal é uma dessas operações que tem um olhar dedicado a perpetuar uma das receitas mais clássicas do Estado. Desde 2020, o negócio tem como foco trazer para Porto Alegre a autêntica cuca alemã - com a massa baixa e cobertura. Agora, a Cukaz se prepara para expandir horizontes e levar a iguaria para São Paulo.
Felipe Kaoê Aranda é o nome por trás do negócio. O administrador, que teve uma carreira com ênfase em comércio exterior, aproximou-se das cucas durante um período que passou trabalhando em Santa Cruz Sul, município que fica a 155km de Porto Alegre e que é caracterizado pela forte colonização alemã. "Quando conheci as cucas nesse estilo, que têm a massa baixinha, sem recheio e cobertas, que é o estilo alemão, pensei que isso em Porto Alegre seria bacana", afirma o empreendedor, que começou a estruturar o negócio com o intuito de seguir com a sua trajetória profissional em paralelo. No entanto, ele foi arrebatado pelo universo das cucas. "A intenção era que pudesse ficar para a minha mãe, mas fui gostando do negócio, fomos evoluindo o produto para ter a maior qualidade desde o começo. Sempre falo que era muito boa quando começamos, mas logo depois fomos evoluindo muito e tornando muito melhor", garante.
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O empreendedor chegou em Porto Alegre para começar a obra do negócio poucos dias antes do início da pandemia de Covid-19, em 2020. Portanto, os planos mudaram. A Cukaz ficou operando no modelo take away, adaptando-se às possibilidades do momento. "Começamos as obras na loja achando que poderíamos montar a cafeteria ali na Cristóvão Colombo. Tive que fazer o formato de take away, que era o que todo mundo estava fazendo. Reparti a sala e fiquei desse jeito", lembra.
Há pouco mais de um ano, o negócio ganhou novos ares, passando a operar na rua Visconde do Rio Branco, nº 691, no bairro Moinhos de Vento. O endereço é o ponto de vendas à pronta-entrega das cucas e também retirada de encomendas. A fábrica foi alocada na região do 4º Distrito de Porto Alegre. "Saímos da loja, porque a cozinha acabou ficando pequena, e fomos para a rua Visconde do Rio Branco, onde é hoje. É uma lojinha bem pequena, de 11m², que temos só como um ponto de venda e de encomenda. O foco maior é na avenida Pernambuco, que é onde temos a fábrica. Temos equipamentos para dar uma vazão muito, para, em cada hora, ter uma produção de 100 cucas", conta.

Felipe Kaoê Aranda é nome por trás da Cukaz! Cucaria Artesanal
THAYNÁ WEISSBACH/JC
O investimento na fábrica, no entanto, não tem como objetivo atender somente a pequena loja do Moinhos de Vento. O negócio está em fase de preparação para expandir para São Paulo. A produção seguirá em Porto Alegre para atender também a demanda no Sudeste. "Vamos começar em um formato de delivery e Sedex para o Brasil inteiro. Vai ser bem bacana, pode ser que vá para o patamar que a gente sempre pensou que podia chegar", estima Felipe, revelando que estar presente em mais cidades é um desejo presente desde o começo do negócio. "Desde o que começo, pensamos em um modelo que pudesse virar franquia. Levar as cucas para o Brasil inteiro. A cuca alemã, com massa baixa, cobertura e farofinha crocante, passando de Blumenau, não existe mais no Brasil inteiro", diz. Ainda em fase de estruturação da unidade paulista, o empreendedor já mostra desejo de chegar a mais regiões. "Como temos uma fábrica bem grande que comporta a produção, a ideia é espalhar unidades."
Foco na receita tradicional alemã
A receita da cucaria artesanal tem como objetivo respeitar a premissa alemã da iguaria com um toque inovador. "Um amigo mostrou a base de como era a receita da cuca alemã e a minha mãe, que é cozinheira, foi adaptando ela para chegar no que é hoje", conta Felipe. Uma das novidades da Cukaz é a cuca no pote, que custa R$ 15,00. "É feita com brigadeiro branco e preto e fatias de cuca. Nossa ideia é, depois, ter a maior quantidade de produtos relacionados à cuca", afirma o empreender, que pretende inserir, também, uma versão média do quitute. Hoje, a operação oferece mais de 50 sabores de cuca, que pesam, em média, 800g. Os carros-chefes do negócio são a cuca de linguiça com requeijão, que sai por R$ 35,00, e a de abacaxi com chocolate branco, que tem o mesmo valor.
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A cuca no pote é uma das novidades da Cukaz!
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Hoje, a produção diária do negócio gira em torno de 50 unidades de cuca. Analisando a sua trajetória empreendedora, Felipe acredita que seguiu um caminho conhecido por outros negócios. "O brasileiro empreendedor vai devagarinho. E foi assim para a gente, com pandemia, enchente. Sempre priorizei que tivesse um produto fantástico para levar a marca para frente", afirma. Para ele, a cautela na hora de crescer foi fundamental para que o negócio consolidasse a sua clientela. "Cuidamos da marca muito bem, sempre entregando qualidade e a melhor cuca possível, mas dentro de um sistema que a gente conseguisse fazer esse atendimento. Diferente de uma empresa que chega divulgando e fazendo venda a qualquer custo, fomos priorizando ter amigos e clientes que vão nos indicar, para que, depois de termos essa base estruturada, estarmos prontos para explodir mesmo", conta Felipe, ressaltando que ter um produto de qualidade faz com que o amor pelas cucas não diminua ao longo dos anos. "O bom de fazer o melhor que tu podes, entregando um produto de qualidade, é que a gente adora comer. Não enjoa, o negócio é muito bom", diverte-se.

Hoje, a cucaria artesanal tem mais de 50 sabores
THAYNÁ WEISSBACH/JC