Negócios do Litoral tem no verão o ponto alto do ano. A sazonalidade, apesar de trazer desafios, também possibilita que empreendedores e empreendedoras colham, de dezembro a março, bons resultados. Neste ano, assim como no pós-pandemia, há quem perceba um movimento atípico nas praias gaúchas. Em virtude das enchentes, muitos empreendedores relatam que o inverno teve mais movimento que o habitual, já que muitas pessoas se refugiaram no Litoral ou precisaram migrar em virtude das perdas em suas cidades.
A gastronomia está entre os segmentos que sempre ganha destaque na região, já que é um dos mais procurados pelos veranistas seja na beira da praia, seja no centro das cidades. Assim, diversos negócios, através dessa alta demanda, expandiram as suas operações neste ano. É o caso do Bionicão Crepes, tradicional banda de Rainha do Mar que, neste ano, ampliou a operação em um contêiner. Patrícia e Alvenir Mello estão à frente do empreendimento, gerenciado pelo irmão de Patrícia, Ricardo Neidsberg. O negócio, que surgiu em 2012, hoje conta com quase 5 mil clientes fixos.
Ricardo, Alvenir, Patrícia e Lorenzo Melo são a família por trás do Bionicão, tradicional crepe de Rainha do Mar
NATHAN LEMOS/JC
Pensando em atender melhor a clientela fiel do negócio, em setembro de 2024, os empreendedores inauguraram o novo formato, com mesas para receber o público e também um sistema de senhas para agilizar as longas filas. "Temos uma equipe de colaboradores muito boa, mas o espaço não estava ficando legal. A nossa fila aqui era extensa, ia lá no meio da praça", conta Alvenir, que está otimista nesta temporada. O sucesso no verão é garantido, com uma média de 300 crepes vendidos por dia na alta temporada. "No dia 2 de janeiro, vendemos 355 crepes", relata Alvenir, evidenciando o crescimento do negócio e a boa aceitação do público.
Da estrada do Mar para o Litoral
A história da We Do Bakery sempre foi permeada pelo Litoral antes mesmo de chegar, de fato, às praias gaúchas. O negócio, comandado pelo casal Rafael Baguet Barcelos e Diana Santos da Silva, surgiu ao lado de um posto de gasolina na RS-389 - a Estrada do Mar. Depois de virar ponto de parada dos veranistas durante as viagens rumo ao Litoral Norte, o negócio abriu no Centro de Osório e, posteriormente, chegou à Capão da Canoa e Xangri-Lá. A operação é conhecida pelos pratos de café da manhã e brunch.
Rafael Baguet Barcelos é sócio da We Do Bakery; o negócio conta com três unidades, sendo duas no Litoral
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Hoje, a unidade de Capão da Canoa é a principal, já que toda a produção dos doces e salgados acontece por lá. Com capacidade para receber em torno de 90 pessoas, a We Do Bakery, nos primeiros nove dias de 2025, registrou um movimento de 3 mil clientes. O empreendedor observa que os públicos entre as unidades são diferentes. "O cliente de Osório, por já nos conhecer há muito tempo, tem uma proximidade maior, e gostamos de conhecer o cliente, saber o que cada um gosta. Aqui, é mais complicado pelo volume, mas é bom, porque nos traz outra perspectiva. Conseguimos ver outros produtos que podemos agregar. A diferença é que aqui é sazonal. No verão, temos um boom muito grande que é fora do nosso normal", pondera Rafael.
Tradicional gelato italiano é aposta em operação de Xangri-Lá
Recentemente, a Dolcelatto, gelateria localizada em Xangri-Lá, no Litoral Norte, mudou de endereço para expandir a operação. Há 18 anos no mercado, a marca foi adquirida em 2018 pelos atuais proprietários Diego Arend Garcia e Diane Queti Fernandes da Silva. A ideia da troca de endereço veio com a expansão do cardápio da gelateria, que passou a comercializar cafés, tortas, salgados e doces, açaí, além dos gelatos. O menu é composto por cerca de 20 sabores de gelatos e milkshakes. Entre os mais pedidos, estão o de doce de leite, o de pistache, com a pasta artesanal própria da marca, e o sabor ganache.
Diane Queti Fernandes da Silva e Diego Arend Garcia estão à frente da Dolcelatto há seis anos
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Segundo Diego, com a mudança de endereço veio do aumento da demanda e da necessidade de aprimorar o cardápio. Com a receptividade do público com o novo formato, veio a decisão de franquear a marca. "A ideia é abrir a primeira franquia ainda em 2025. Já estamos no desenvolvimento", comenta Diego, afirmando que já estão buscando cidades que sejam interessantes para abrir o negócio. "Acredito muito que Porto Alegre, Gramado, Novo Hamburgo têm o nosso público", destaca. O empreendedor aponta, que o último inverno teve um movimento atípico, maior do o esperado, consequência das enchentes que atingiram boa parte do Estado. "O Litoral sempre foi um refúgio de qualquer problema. Foi assim na pandemia também. Nas enchentes, foi a mesma situação. Então, fomos impactados positivamente no nosso faturamento", observa, destacando que as cidades litorâneas estão cada vez mais preparadas para receber o público em outros períodos além do verão.
Dancinhas como estratégia de Marketing
"Olha o açaí!" Para quem veraneia na praia de Capão da Canoa, é comum encontrar na faixa de areia carrinhos vendendo o produto, mas de um jeito diferente. O Açaí do Capitão (@acaidocapitao_oficial) leva aos banhistas entretenimento, realizando apresentações de dança com vendedores caracterizados como marinheiros. Há oito anos no Litoral Norte do Estado, os empreendedores Marcus Vinícius Alves da Silva, conhecido como Vinni Show, e sua esposa, Michele Baptista, decidiram testar o produto na beira da praia. Alguns anos após o início do negócio, o Açaí do Capitão passou a viralizar nas redes sociais.
Açaí do Capitão; especial de verão do GeraçãoE
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Hoje, o negócio conta com mais de 16 colaboradores, entre vendedores, equipe de manutenção e preparação do produto. Apesar do crescimento do negócio, Vinni destaca que esta temporada apresenta um movimento atípico em relação aos verões anteriores. "Infelizmente, é um verão que já posso dizer que está abaixo dos últimos verões. Está um pouco melhor do que aquele da pandemia", compara. Essa percepção parte da análise do empreendedor sobre as mudanças no comportamento dos turistas nos últimos anos. "Eles não deixam de fazer determinados movimentos. O que acontece é que, antes, essas pessoas vinham todos os fins de semana ou ficavam o mês inteiro na praia. Agora, ficam 10 dias ou menos. Um fim de semana sim, outro não." Além disso, ele destaca que os banhistas passaram a levar o que vão consumir na beira da praia. "O número de caixas térmicas hoje é exorbitante. Então, os veranistas se adaptaram", explica.
Parrilla em Balneário Pinhal
Desde janeiro de 2022, o Paralelo 30 (@paralelo30s) se destaca em Balneário Pinhal pela oferta de assados e hambúrgueres no mesmo espaço. Como característica da casa, todos os pratos, e até mesmo sobremesas, passam pela parrillas, levando o preparo no fogo como conceito central para o Litoral. Administrado por Gabriel Kunrath e Cezar Furini, o restaurante celebra três anos de operação.
O Paralelo 30 fica na avenida Itália, n° 3.266, em Balneário Pinhal; o local abre todos os dias, atendendo a clientela das 19h30min às 23h30min
PARALELO30/ARQUIVO PESSOAL/JC
"Neste verão, fizemos uma releitura do prato típico da cidade, um salmão ao molho de mel. Para os hambúrgueres, criamos uma versão com guacamole, o Guaca 30, e o 30 barras, que é um prato de polenta frita com molho remolado e camarão assado. Na parte dos drinks, acrescentamos o Verano, feito com amora e morango, que tem uma pegada mais cítrica e seca, e o Bianco Verano, que é feito com maracujá e manga, mais doce e leve", descreve Gabriel.
Da Região Metropolitana para o Litoral Norte
Há 11 anos, Anderson de Quadros Pereira comanda o Dog do Anão. A lancheria, tradicional em Cachoeirinha, conta com unidades em Porto Alegre, Capão da Canoa e Xangri-Lá - a última inaugurada neste verão. A operação é conhecida pelo seu funcionamento: três das seis unidades abrem as portas 24h.
A unidade de Capão da Canoa do Dog do Anão opera 24 horas por dia e fica na avenida Paraguassu, nº 2.081
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A unidade de Capão da Canoa existe há três anos e é uma das que opera 24h. De acordo com Anderson, hoje as lojas do Litoral representem 50% do negócio. "As lojas do Litoral vendem mais que as da Capital", garante. O segredo, conforme o empreendedor, é entender as adaptações necessárias para cada região. "Cada município modifica muito o comportamento do consumidor. Não é o público que é diferente, é o comportamento. No Litoral, quando a gente vem para tirar férias, o comportamento é diferente. Mas o produto é o mesmo, mudam alguns detalhes", pontua sobre as diferenças das lojas, como o preço e algumas opções do cardápio. "Neste ano, foi bem boa a arrancada de ano", complementa sobre as operações nas praias gaúchas.
Lanches com carnes exóticas em Capão da Canoa
Comandado pelo casal Luciane de Souza Gonzaga e Régis Severo, o Xna10 aposta em novas versões dos tradicionais lanches - xis e bauru -, usando carnes e preparos diferentes. O carro-chefe do negócio é o xis ao prato, uma versão aberta do lanche que é servida com salada e batatas fritas. Além disso, o espaço usa carne exóticas, como avestruz e jacaré, em seus pratos.
Régis e Luciane comandam o Xna10, na rua Tupinambá, nº 300
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A operação, que fica de portas abertas o ano todo, tem adaptações no cardápio conforme as estações. "O carro-chefe é a parte de lanches, mas no inverno inverte um pouco. No verão, o pessoal procura mais lanches, mas no inverno mais massas", explica o empreendedor. No entanto, para ele, essa sazonalidade mudou no pós-pandemia. "Algumas praias têm muito essa sazonalidade presente, mas Capão da Canoa não. Depois da pandemia, muita gente veio morar aqui. Tem bastante vida no inverno", conta.
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