"Olha o açaí!" Para quem veraneia na praia de Capão da Canoa, é comum encontrar na faixa de areia carrinhos vendendo o produto, mas de um jeito diferente. O Açaí do Capitão (@acaidocapitao_oficial) leva aos banhistas entretenimento, realizando apresentações de dança com vendedores caracterizados como marinheiros. Há oito anos no Litoral Norte do Estado, os empreendedores Marcus Vinícius Alves da Silva, conhecido como Vinni Show, e sua esposa, Michele Baptista, decidiram testar o produto na beira da praia. Alguns anos após o início do negócio, o Açaí do Capitão passou a viralizar nas redes sociais.
"Comecei a trabalhar depois do Carnaval, por 11 dias aproximadamente. Então, veio o meu espanto: em 11 dias, cobri todas as minhas despesas, que achei que demoraria um ano para começar a ter esse retorno", lembra o empreendedor, que sempre atuou na área de eventos realizando apresentações.
Residente em Guaíba, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Vinni veraneava em Capão da Canoa em 2016 e começou a observar o comportamento dos demais veranistas e como o comércio funcionava naquele local. "Passei a perceber algumas deficiências que a beira da praia apresentava na hora de ofertar um produto ao público. Acabou coincidindo que uma amiga minha já tinha uma loja de açaí em Porto Alegre, então começamos a costurar essa parceria", conta.
A preocupação inicial do empreendedor era que a nova operação atrapalhasse sua agenda de shows. Assim, ele contratou o primeiro colaborador para auxiliar nas vendas. Além disso, alguns testes e erros ocorreram no percurso, como a escolha de um carrinho inadequado e a decisão de alugar uma casa afastada da praia, o que dificultava a logística. "Ficava em uma casa muito longe; até chegar na beira da praia, já estava 'morto'", explica.
Após algumas experiências e adaptações, o negócio começou a dar certo. De acordo com o empreendedor, as dancinhas surgiram de forma natural e se tornaram um sucesso indispensável na hora da venda. "As dancinhas começaram de uma forma genuína. Levei uma caixinha de som para ouvir, bem baixinho, e, de repente, quando vi, estava dançando. E a galera parou para me assistir. Depois que terminou a música, o pessoal começou a bater palma. As apresentações viraram nosso carro-chefe", destaca.
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A fantasia usada por Vinni já era um elemento comum em suas apresentações, só foi necessário realizar algumas adaptações para que a roupa se tornasse o uniforme oficial do Açaí do Capitão. A equipe coloca a praia para dançar ao som do sucesso dos anos 2000, como Onda Onda (Olha a onda), do grupo Tchakabum. "Hoje, está bombando a música 'Descer para BC'. Acontece que a gente prefere sempre usar uma música atemporal, que vai sempre ser benquista por onde a gente passar." Não demorou muito para o grupo viralizar nas redes sociais. "Aconteceu de forma orgânica. O nosso público faz nossas redes sociais", afirma Vinni, comentando que, pelo menos uma vez ao ano, um vídeo da equipe viraliza no TikTok e no Instagram. "Ano passado, um vídeo nosso foi parar na página Gina Indelicada e chegou a mais de 4 milhões de visualizações", lembra.
Segundo o empreendedor, muita gente que não costuma comprar os açaís acaba ajudando o negócio através da divulgação nas redes. "Muita gente vê os nossos vídeos em casa e acaba criando uma memória afetiva. Quando chegam aqui, já nos conhecem, e isso vira uma oportunidade de venda. As redes sociais foram um divisor de águas para o negócio", reconhece. Além disso, ele enfatiza que os veículos de imprensa foram fundamentais para o crescimento da marca.
Hoje, o negócio conta com mais de 16 colaboradores, entre vendedores, equipe de manutenção e preparação do produto. Apesar do crescimento do negócio, Vinni destaca que esta temporada apresenta um movimento atípico em relação aos verões anteriores. "Infelizmente, é um verão que já posso dizer que está abaixo dos últimos verões. Está um pouco melhor do que aquele da pandemia", compara.
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Essa percepção parte da análise do empreendedor sobre as mudanças no comportamento dos turistas nos últimos anos. "Eles não deixam de fazer determinados movimentos. O que acontece é que, antes, essas pessoas vinham todos os fins de semana ou ficavam o mês inteiro na praia. Agora, ficam 10 dias ou menos. Um fim de semana sim, outro não." Além disso, ele destaca que os banhistas passaram a levar o que vão consumir na beira da praia. "O número de caixas térmicas hoje é exorbitante. Então, os veranistas se adaptaram", explica.
Apesar dos desafios e das mudanças, Vinni segue acreditando que o empreendedor que oferece uma experiência para além do produto consegue se destacar. "Nosso intuito é trazer alegria, entretenimento, jogar para o universo, e ele nos traz de volta essa recompensa. É mais ou menos assim: alegria todos os dias naquilo que a gente faz", afirma.
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