Em uma cidade com tanta influência cultural de seus clubes de futebol, empreendedores encontraram neste universo dos uniformes a inspiração para seus negócios

Peças esportivas e camisas de futebol antigas são apostas de negócios de Porto Alegre


Em uma cidade com tanta influência cultural de seus clubes de futebol, empreendedores encontraram neste universo dos uniformes a inspiração para seus negócios

O futebol é uma das paixões nacionais e, aqui em Porto Alegre, não é diferente: é raro encontrar alguém que não tenha seu dia a dia impactado pela rivalidade da dupla Gre-Nal - ou que, no mínimo, não tenha sido designado a torcer para Grêmio ou para Inter ao nascer. Neste contexto, a utilização de camisas de futebol é uma das maneiras que os aficionados encontraram de demonstrar a sua paixão pelo esporte ou pelo seu time de coração. Pensando nisso, empreendedores encontraram neste universo dos uniformes a inspiração para seus negócios.
O futebol é uma das paixões nacionais e, aqui em Porto Alegre, não é diferente: é raro encontrar alguém que não tenha seu dia a dia impactado pela rivalidade da dupla Gre-Nal - ou que, no mínimo, não tenha sido designado a torcer para Grêmio ou para Inter ao nascer. Neste contexto, a utilização de camisas de futebol é uma das maneiras que os aficionados encontraram de demonstrar a sua paixão pelo esporte ou pelo seu time de coração. Pensando nisso, empreendedores encontraram neste universo dos uniformes a inspiração para seus negócios.
Um desses empreendedores é Flávio Richter, que, a partir de sua paixão por artigos esportivos, criou a loja Memórias do Esporte. O empreendimento, que tem como objetivo vender itens esportivos vintages, como camisas, faixas e artigos em geral, começou vendendo peças pela internet e, atualmente, conta com uma sede localizada na avenida Protásio Alves, além de uma filial no Litoral, que funciona apenas no verão. A operação conta com um acervo de mais de 7 mil peças e tem como inspiração lojas como a Classic Football Shirts, em Londres, e o Brechó do Futebol.
Colecionador de camisetas de futebol há mais de 20 anos, Flávio começou no mundo do empreendedorismo de maneira despretensiosa. Inicialmente, ele vendia peças de seus amigos com o objetivo de ganhar dinheiro para comprar mais itens para sua coleção pessoal. "Na época, meu salário era insuficiente para comprar as camisas que queria, então vendia as dos meus amigos. Todo o dinheiro que ganhava, investia em camisa de futebol para minha coleção", lembra Flávio.
Foi assim até 2013, quando um amigo recebeu um acervo de camisas de um ex-jogador da seleção brasileira. Esse amigo, sem experiência para lidar com as peças, acionou Flávio e os dois decidiram vender os itens em conjunto. "Ele me propôs de fazer uma sociedade com essas camisas. No final da venda, tinha lucrado o mesmo valor de seis meses de trabalho do meu emprego", conta o empreendedor.
Com o sucesso de sua primeira experiência, Flávio passou a vender camisetas de futebol com mais frequência. Com o tempo, infeliz no seu antigo emprego, ele decidiu pedir demissão e, em 2018, passou a focar exclusivamente na venda de itens esportivos. Assim, ele investiu em um estoque e abriu a Memórias do Esporte, uma loja que, inicialmente, era exclusivamente online.
No fim de 2018, Flávio recebeu o convite da Rádio Inferno, uma rádio web focada na cobertura do Inter, para abrir uma loja física. A sociedade foi um sucesso e, no início de 2019, o empreendedor decidiu alugar um espaço maior. Foi aí que ele encontrou um antigo casarão localizado na avenida Protásio Alves, nº 3.664, onde a loja está situada até hoje.
"Minha loja ficava em um contêiner, que tinha espaço para mil camisas. Eu tinha 1,5 mil camisas, então, tinha que guardar um terço do meu acervo em casa. Por isso, decidi me mudar", conta Flávio.
Atualmente, o Memórias do Esporte conta com cerca de 7,5 mil itens em seu acervo, divididos em camisas, jaquetas, mantas, faixas, bermudas, fotos e até meias. Os preços variam de acordo com a raridade da peça, mas as camisas partem de R$ 150,00 e podem passar de R$ 15 mil. Mesmo com foco em camisas de futebol, a loja também busca oferecer artigos de outros esportes, como camisas de basquete, por exemplo. Outra frente do negócio é o Hall da Fama, que trabalha, exclusivamente, com camisas autografadas e com certificação. Liderado por Denise de Macedo Castro, esposa de Flávio, o empreendimento oferece itens mais raros, como camisetas autografadas por Pelé e Maradona e calção autografado pelo pugilista Evander Holyfield.
Recentemente, Flávio conta que percebeu um aumento na procura por artigos esportivos vintage. A utilização de camisas esportivas como artigo fashion tem virado tendência nas redes sociais e, segundo o empreendedor, tem impactado seu negócio. "A utilização de camisas esportivas como peça de vestuário é um movimento cultural que começou na periferia de países como Brasil, Inglaterra e Estados Unidos e que, aos poucos, foi sendo adotado por celebridades. Assim, as pessoas passaram a acordar para isso, e, cada vez mais, as pessoas estão usando esse tipo de roupa", explica.
Desse novo público interessado em peças vintage, o empreendedor destaca os consumidores mais jovens, a partir dos 8 anos. "Temos um público enorme na faixa etária dos 8 anos aos 16 anos. Por isso, dedicamos uma atenção especial para essa gurizada. Eles gostam, colecionam e sabem o que estão procurando. São muito bem informados e não querem qualquer camisa", afirma Flávio.
A loja está localizada na avenida Protásio Alves, n° 3.664, e opera de segunda a sábado, das 13h às 19h.
 

Empreendedor recria camisas de futebol históricas

Idealizado por Leonardo Ramos em 2020, O Mundo Retrô é um empreendimento focado na criação de réplicas de alta qualidade de camisas clássicas de futebol. A empresa, que já tem parcerias firmadas com o Juventude, Brasil de Pelotas e a Federação Gaúcha de Futebol, busca resgatar as memórias que o esporte proporciona.
A história do Mundo Retrô começou na pandemia, quando Leonardo, após perder seu emprego, passou a procurar maneiras de complementar a renda. O empreendedor, que já era colecionador de camisas antigas, decidiu se juntar com um amigo que tinha uma indústria têxtil para fazer algumas réplicas de camisas. "Grande parte da renda dele vinha da confecção de uniforme escolar e, como as escolas estavam fechadas, também teve uma diminuição drástica. Decidimos tentar fazer algumas camisas para vender para os amigos", lembra Leonardo.
Assim, eles fabricaram suas primeiras camisas e, de maneira despretensiosa, venderam os exemplares produzidos para pessoas mais próximas. Com o sucesso da primeira tentativa, o empreendimento foi crescendo e mais camisetas passaram a ser produzidas. "Descobri que era um nicho com uma demanda muito alta. Hoje, entendo que, quando a pessoa compra uma camiseta de futebol, ela não está comprando simplesmente uma camisa. Ela está comprando uma história. Uma camiseta de futebol retrô é uma máquina do tempo. Ao ver a peça, a pessoa vai lembrar do familiar que levou ela no estádio pela primeira vez", diz Leonardo.
Além de réplicas, O Mundo Retrô oferece o serviço de criação de camisas exclusivas. Leonardo conta que já foi procurado por empresas para produzir uniforme inspirado em camisas retrô de futebol, ou até mesmo por pessoas que gostariam de reproduzir a camiseta do seu antigo clube de bairro, ou camisas usadas na infância. "Temos muitas histórias que nos mostram que o que as pessoas realmente querem é voltar no tempo. A camiseta é uma ferramenta para levar a um outro período da vida", pondera. O fato de Leonardo ser colecionador de camisas é, segundo ele, um grande diferencial na hora de garantir que as peças sejam mais fiéis às suas versões originais. O empreendedor afirma se atentar aos mínimos detalhes, desde o tecido até a medida do escudo e o comprimento da barra da manga.
Essa proposta chamou a atenção de dirigentes do Juventude e da Federação Gaúcha de Futebol. O destaque vai para a camisa comemorativa da seleção gaúcha de 1972, utilizada por um conjunto de jogadores do Grêmio e do Inter que enfrentou a seleção brasileira - jogo em que os gaúchos deixaram a rivalidade de lado para protestar a ausência do lateral gremista Everaldo na lista de selecionados para representar o Brasil. "A camiseta original da Seleção Gaúcha nunca esteve à venda. Foi uma camiseta de um jogo único, que tem uma bela história e ela vendeu muito mais do que achamos que venderia, até para fora do País. Foram 72 peças vendidas em 2 horas, então. Tivemos que fazer mais", conta Leonardo.
 

Pioneira no segmento, loja foca na restauração de camisas de futebol

O Rei dos Patchs é um empreendimento focado na restauração e personalização de camisas de futebol. O negócio foi idealizado por José Osvaldo e, atualmente, conta com a parceria de Jair Cunha. Segundo os empreendedores, o negócio é um dos pioneiros do segmento no mundo inteiro, sendo o primeiro do Brasil a trabalhar com personalização de camisas esportivas.
A caminhada de Osvaldo no mundo da personalização começou em 2002. O empreendedor comandava uma gráfica e, por ser ano de Copa do Mundo, teve a ideia de disponibilizar a opção de personalização de camisas de futebol em sua loja, algo que, segundo ele, não era comum na época. "Foi um chute na lua. Na época, as camisas já iam para as lojas com os números nas costas e, então, resolvi fazer essa personalização. Começou apenas como um dos produtos na minha gráfica", lembra Osvaldo. 
Com o tempo, a ideia foi caindo no gosto do público e a demanda foi aumentando. Atualmente, além de nome e número, o negócio oferece a aplicação de outros itens, como patchs de competição e até mesmo patrocínios. O sucesso foi tanto que, em 2015, o empreendedor deixou a gráfica de lado e passou a focar exclusivamente nas camisas esportivas.
"Ninguém fazia isso no Brasil inteiro. Foi uma ideia inusitada que tive, não copiei de alguém, nem vi alguém fazendo em algum lugar do mundo. Depois de um tempo, começou a proliferar e se tornou o que é hoje, uma referência", orgulha-se.
A outra frente do negócio é a restauração de camisas, algo que, segundo Osvaldo, é o carro-chefe da operação. Camisetas com patrocínios, números, nomes que caíram ou estão com falhas podem ser restaurados no Rei dos Patchs. O empreendedor conta que entrou nesse nicho por acaso, quando recebeu uma camisa danificada e resolveu arrumar.
 "Um cliente chegou na loja com uma camisa estragada e decidi restaurar. Só que deu tanto trabalho que jurei que nunca mais faria restauração. Mas esse cliente indicou para um, este um foi indicando para outro e, hoje, o que mais faço é a restauração", conta Osvaldo, com muito bom humor. O processo de restauração é bem artesanal. Antes de ir para a prensa, as camisas são escaneadas, os itens que vão ser substituídos são redesenhados e a camisa passa por uma higienização para que nenhum resíduo fique presente.  
Camisas de futebol, muitas vezes, são itens que podem carregar um valor emocional grande, passando de geração em geração, ou remetendo a momentos únicos na vida. Por isso, Osvaldo destaca o cuidado e carinho que coloca na restauração. "Nos orgulha muito quando o cliente nos dá um feedback positivo, porque o cliente tem aquela camisa e ele quer que ela esteja recuperada como nova.", afirma Osvaldo.