Foi a partir das perdas durante o período da enchente, em maio deste ano, que a empreendedora Paula Moraes elaborou seu novo negócio. A Just Chocolate (@justchocolate___) abriu as portas na Galeria Casa Prado, na rua Dinarte Ribeiro, nº 148, no bairro Moinhos de Vento. O negócio tem como foco chocolates bean-to-bar desenvolvidos pela empreendedora, além de marcas premiadas.
Paula conta que a cozinha industrial da True Bites, negócio que estava em desenvolvimento, ficou pronta no dia 25 de abril, na Zona Norte de Porto Alegre. "No dia 3 de maio, já não conseguíamos passar para lá e não tínhamos recebido aviso nenhum do bairro Anchieta", lembra. Além de perder todo o investimento no espaço, a empreendedora perdeu também os insumos, que já estavam no local para iniciar a produção. Os únicos itens que não tinham ido para o espaço do bairro Anchieta eram os chocolates. "Tinha feito três chocolates saudáveis que iam ser produto de oportunidade no balcão da confeitaria. Eles não foram para o depósito, ficaram na minha casa. O pessoal da minha agência, então, disse que eu tinha um produto para iniciar", conta.
A partir daí, o chocolate deixou de ser um produto de apoio para se tornar o eixo do negócio. "Tinha perdido as embalagens e a minha gráfica também tinha perdido tudo. Liguei para o meu parceiro de gráfica e ele conseguiu fazer para o outro dia. O chocolate passou a se chamar True Chocolate e a ter protagonismo", afirma.
A loja da Just Chocolate, então, surgiu de uma oportunidade. A empreendedora segue em reformas para abrir a confeitaria saudável True Bites em um espaço na esquina das ruas Barão de Santo Ângelo e Dinarte Ribeiro. Assim, viu quando o pequeno ponto de 9 m² dentro da Galeria Casa Prado ficou disponível. "Quando liberou esse ponto, não podia ter nada que competisse com os produtos daqui. Pensei: por que não o chocolate? Comecei a trabalhar no nome, no logo, que me deu muito direcionamento para o branding de marca", diz.
A loja tem como foco os chocolates bean-to-bar, método de produção que diz respeito a chocolates produzidos com grãos de alta qualidade, em pequenos lotes e com rastreabilidade da origem dos insumos. No espaço, há duas linhas próprias. A True é focada nos produtos saudáveis, com opções inclusivas, sem leite animal, sem glúten e sem açúcar refinado, alguns com receitas próprias. Já a Just é a linha que conta com produtos mais criativos, com insumos como erva-mate, bergamota, arroz doce, pão de mel, cumaru, doce de leite e flor de sal. As barras custam de R$ 29,00 a R$ 32,00. "Vou trabalhar também com três marcas premiadas exclusivas, fora as minhas que, em Porto Alegre, estão somente na loja, mas estão em Pelotas, Canela, Petrópolis e estão entrando em Minas Gerais", afirma sobre os produtos que seguem um mesmo padrão. "Todos os chocolates são rastreáveis. São feitos com ingredientes orgânicos e a maioria não ultrapassa cinco ingredientes. São todos com grãos premiados, o que faz diferença até na maciez do chocolate", explica.
O espaço segue a decoração divertida e cheia de cores das embalagens desenvolvidas por Paula. O projeto da loja foi criado pelo arquiteto Thiago Barella com referências internacionais. "Viajo muito, conheço 66 países. E a maior parte das tiny stores do mundo estão no Japão, Coreia do Sul. Então, buscamos referências em Seul e Tóquio para fazer a loja. Queria muito que ela tivesse um fundo infinito. É o maior 9 m² que existe no Moinhos", brinca a empreendedora.
Criar um novo negócio a partir da perda de outro foi um desafio que Paula, na época, nem parou para dimensionar. "Nem pensei, engatei a primeira e foi. Acho que se parasse para pensar, ia continuar procurando cozinha para a True e ia montar só ela. Simplesmente fiz", garante.
Emocionada frente ao novo negócio, a empreendedora afirma que estar em movimento foi a única opção para perseverar diante das adversidades trazidas pela enchente. "Choro todos os dias. É a primeira coisa que estou tirando do papel pós-enchente. Quando começou 2024, disse: 'vai ser meu ano'. E não foi. Mas agora vai ser", acredita Paula, com lágrimas nos olhos.
Empreendedores apostam no conceito de beach bar em novo negócio em frente ao Guaíba
Com a aposta de trazer um beach bar para Porto Alegre, Gustavo Santos, Everton Teixeira, Ruan Prietsch e Guilherme Marin embarcaram em um novo empreendimento com vista para o rio Guaíba: o Kawa Bar (@kawacais). O negócio inaugurou há três semanas e movimenta o Cais Embarcadero, que teve sua reabertura em 12 de novembro, após enfrentar as enchentes de maio.
O espaço de gastronomia esteve de portas fechadas desde as chuvas que afetaram o Estado, mas, no penúltimo mês do ano, o Cais voltou às suas atividades. Gustavo e Ruan, que já estão à frente de uma operação de praia em Xangri-Lá, juntaram-se a Guilherme, que possui um bar em Porto Alegre, e a Everton, que está iniciando no mundo do empreendedorismo e dos eventos, para dar vida ao Kawa. "Vimos em POA essa oportunidade de trazer algo que lembrasse a praia, um beach bar. Já tínhamos a vontade de abrir uma operação juntos. Resolvemos trazer a vibe de praia para Porto Alegre", conta Gustavo.
O período de cheias, porém, afetou diretamente os planos de inúmeros empreendedores do Estado. Gustavo conta que os sócios levaram em consideração os aprendizados de maio na hora de elaborar o negócio. "Todos nós desejamos que o Rio Grande do Sul não passe por outros eventos como este. Mas entendemos o risco da região, e construímos uma estrutura pensando nisso, com uma base de concreto e mobiliários de madeira que são facilmente removíveis. Estar no Cais Embarcadero, trazendo um beach bar, algo novo para a cidade, é algo que acreditamos valer muito a pena", pontua.
O Kawa conta com uma programação para o público em geral durante as sextas-feiras, sábados e domingos, com a presença de DJ's e banda ao vivo, variando os estilos musicais. Durante a semana, o bar fica aberto para eventos corporativos e privados. A respeito da recepção do público, os empreendedores estão satisfeitos. "A parte sunset está bombando, o sol se põe aqui na frente, e o pessoal curte escutar uma música eletrônica", conta.
O local funciona com ingresso na entrada, que normalmente iniciam no valor de R$ 20,00, com ocupação por chegada ou reserva. Além das atrações musicais, o Kawa oferece, juntamente aos ingressos de camarote, a opção de um passeio de lancha pelo Guaíba. Com saída na marina do Cais Embarcadero, os clientes podem dar uma volta pelas águas, registrar o momento e voltar ao evento.
A história do Kawa, porém, veio se construindo aos poucos na vida dos empreendedores. Após seis anos trabalhando na produção do festival Planeta Atlântida, Gustavo recebeu o convite para integrar a área administrativa do Cais Embarcadero, onde permanece trabalhando. "Nesse momento, pensei em criar um evento. Eu e o Ruan começamos a fazer festas itinerantes em espaços de Porto Alegre. Até criarmos o espaço em Xangri-Lá, onde só operamos no verão. Agora, nós temos nossa casa própria definitivamente, o Kawa", explica Gustavo, destacando o ingresso de Everton no negócio. Com mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos, o sócio vive há três anos em São Paulo, mas embarcou na possibilidade de abrir o Kawa com os amigos em 2024. "Já vinha com essa inquietação de empreender, conversei com amigos sobre os desafios e o quão difícil é o começo", conta Everton. Em março, ele voltou ao Rio Grande do Sul para passar um tempo com a família, mas com a chegada das enchentes, ficou por 60 dias trabalhando aqui.
"Esse período foi importante para perceber ainda mais o que é prioridade nas minhas escolhas. E a prioridade era empreender", pontua. Ele ainda explica que é um caminho com muitas incertezas. "Muitas vezes, é preciso alterar rotas. Trilhamos nesses meses, de junho até setembro, após a enchente, muita dedicação e planejamento", conclui.
A cozinha do bar é uma parceria com a Alegrow. A clientela vai até o caixa e solicita o cardápio da Alegrow, que também opera dentro do Cais Embarcadero. Para o futuro, os empreendedores projetam continuar as melhorias de funcionamento e expandir o negócio.
Gustavo afirma que os quatro estão muito contentes com as propostas de eventos que estão recebendo, algo que os enche de confiança para o futuro do Kawa. "Nos surpreendeu, em tão pouco tempo, ter tanta repercussão. A galera comprou muito a ideia, nos preocupamos muito com os feedbacks. Quase tudo que recebemos é construtivo", conta.
Trazendo um pedaço da Espanha para Porto Alegre, operação abre com investimento de R$ 1,5 milhão
O bar Tapas y Besos, que começará a operar no dia 23 de dezembro em soft opening, pretende levar para o Cais Embarcadero "um pedaço da Espanha", como definem os empreendedores Pedro Venzon, Gregor Carvalho, Gonzalito Marinho e Brenda Quadros. Com um investimento de R$ 1,5 milhão, o local reúne gastronomia, coquetelaria e uma atmosfera que remete à tradição dos bares do país de inspiração, apostando em um ambiente voltado à interação social.
"Tapas y Besos é um sonho nosso. Percebemos que aqui, no Cais Embarcadero, faltava um ambiente mais intimista, que favorecesse a interação social. Acreditamos que isso está se perdendo cada vez mais. Todo o projeto é estruturado para valorizar isso", destaca Pedro. De acordo com ele, formado em Administração de Empresas e à frente de outros negócios no setor, a inspiração espanhola nasceu de uma viagem à Madrid. "Conheci um pequeno restaurante de tapas, uma bodega, com apenas duas pessoas para atender. A alegria do casal ao receber os clientes, todo a hospitalidade, me marcou. Algo muito intimista, de casa, uma cozinha aberta. Aqui, temos um bar aberto", compara. Após se apaixonar pela culinária espanhola, o empreendedor juntou-se aos outros sócios que, hoje, trabalham juntos na construção do Tapas y Besos. "Todos os sócios são complementares, o Gregor é engenheiro, Marinho tem muita experiência em operações de bares e restaurantes, e a Brenda é nossa jurídica e uma das responsáveis pelo projeto de expansão", diz Pedro.
Com capacidade para até 150 pessoas, o bar terá dois andares, com vista privilegiada em seu terraço. A clientela que pedir um drink ou um prato no espaço, será cercada, para cada um dos lados que olhar, pela imagem do Guaíba, Usina do Gasômetro ou da bandeira do Rio Grande do Sul hasteada na Orla da Capital.
"Utilizar o 'besos' é trazer a questão da paquera, mas para além do beijo na boca, resgatar o se cumprimentar entre as pessoas. Estamos perdendo a essência em uma era uma digital. Queremos pegar a proposta clássica de bares da Espanha e trazer uma atmosfera descolada, com a nossa identidade dentro do negócio", explica Pedro. Assinado por Pollyana Pizzutti, o projeto arquitetônico utiliza materiais que remetem à cultura espanhola. No primeiro andar, as paredes revestidas de cerâmica vermelha remetem às cores da bandeira do país. Enquanto no cardápio, o destaque vai para pratos tradicionais, como croquetas de jamon, gambas ao ajillo, montadito de vinagrete de frutos do mar e abacate. A carta de drinks resgata ícones da coquetelaria de lá, como a clássica sangria.
Os sócios afirmam que foi um desafio procurar um ponto para iniciar no período pós-enchentes. Apesar das adversidades, Marinho garante que os sócios acreditam muito no negócio que estão construindo. "Acreditamos em Porto Alegre, na cidade e no seu crescimento", complementa Gregor. Além de apostar na região, os empreendedores já têm planos de ampliação do negócio. "O Tapas y Besos é concebido mirando a expansão, já iniciamos com um projeto muito bem estruturado. Até 2028, queremos abrir mais unidades no Rio Grande do Sul, posteriormente em Santa Catarina e São Paulo". O projeto visa atingir ainda EUA e Lisboa.