De acordo com os sócios, cada edição mobiliza pelo menos 150 profissionais

Projeto que homenageia sambistas do RS atrai público de 28 mil pessoas em ano em Porto Alegre


De acordo com os sócios, cada edição mobiliza pelo menos 150 profissionais

Idealizado por cinco sócios em 2023,  o Samba de Rei (@sambaderei) completou um ano em novembro, atraindo um público superior a 28 mil pessoas. À frente da iniciativa estão os sócios Carlos Henrique Guimarães (Sok), Elias Pedroso (Dog), Leonardo Brito (Nards), Douglas de Azevedo (Dodo) e Diego Medeiros (Diga).
Idealizado por cinco sócios em 2023,  o Samba de Rei (@sambaderei) completou um ano em novembro, atraindo um público superior a 28 mil pessoas. À frente da iniciativa estão os sócios Carlos Henrique Guimarães (Sok), Elias Pedroso (Dog), Leonardo Brito (Nards), Douglas de Azevedo (Dodo) e Diego Medeiros (Diga).
Entre os empreendedores, existia o desejo de frequentar um samba exatamente como o evento que oferecem atualmente. "A maioria de nós está na faixa dos 40 anos, e alguns já passaram dessa idade. Não abrimos mão de conforto, de bom atendimento e de um ambiente seguro", conta Nards. A partir da carência de espaços como esse, surgiu o Samba de Rei, em agosto de 2023. O primeiro evento realizado pelos sócios ocorreu em novembro, no clube Grêmio 7 de Setembro, no Centro Histórico .

Alguns dos sócios já tinham experiência com o empreendedorismo. Sok tem uma empresa que comercializa produtos personalizados e foi o responsável pela identidade visual do projeto, um dos diferenciais do evento. "A ideia era começar pequeno, com um evento para 300 pessoas. Cada um deu R$ 250,00 apenas para fazer as camisetas da marca", lembra Sok. Já na primeira edição, 900 ingressos foram vendidos. Segundo os empreendedores, já nesse primeiro momento, as pessoas se surpreenderam com a estrutura do evento, que contava com garçons, caixa móvel, decoração e segurança. "Me lembro que o público comentava: 'era isso que a gente falava, era isso que precisávamos'. Ali, cativamos um público", destaca Nards. "Nós entregamos para o povo preto um bom atendimento, algo que eles não estavam acostumados a ter. Acho que esse foi o grande diferencial: cuidar de nós mesmos, do nosso povo", completa Sok.

Já na segunda edição, os sócios precisaram buscar um local maior e realizaram alguns eventos na Fábrica, no 4º Distrito. Com a ideia de homenagear os sambistas locais, o Samba de Rei passou a crescer a cada edição, convidando para a roda de samba os melhores músicos da grande Porto Alegre. A ideia de homenagear, em vida, quem participa da história do samba do RS partiu de Dodo, e, de acordo com os sócios, isso agregou ainda mais valor ao evento. "Foi uma entrega de todos. Desde a primeira edição, houve uma dedicação e uma união muito boa. E quando o público começa a cantar e responde, ele nos entrega tudo de volta", afirma Dodo.

Carlos Medina, Sandro Ferraz, Alemão Charles do Cavaco, e Tio Paulo estão entre os sambistas já homenageados pelo projeto. Cada um ganhou uma bandeira no Samba de Rei. "Normalmente, quem organiza as rodas de samba homenageia sambistas de fora, como Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Beth Carvalho. Começamos a fazer diferente", comenta Nards.

A virada de chave ocorreu no Natal, quando, em parceria com um tradicional samba da Capital, o Natal do Lu, os sócios sentiram a potência do público e perceberam que era o momento de apostar em espaços maiores, levando o Samba de Rei para a quadra da Saldanha. De acordo com eles, o evento, que antes recebia cerca de 800 pessoas por edição, passou a receber mais de 2 mil. Com o novo local, o projeto precisou ser adaptado.

Anteriormente, as edições ocorriam aos sábados à noite, mas, respeitando a identidade da quadra, passaram a ocorrer aos domingos, a partir das 12h. "Nesse momento, a gente não atende mais uma faixa etária específica. Vira um samba para a família", destaca Nards.

O Samba de Rei emprega, por evento, cerca de 150 pessoas, além de movimentar os comércios e ambulantes ao redor da Saldanha. Em um ano, a marca registrou um público de 28, 5 mil pessoas. "Por já estarmos inseridos há algum tempo na cena, percebemos que a cultura do samba estava um pouco negligenciada em Porto Alegre. Samba de qualidade tem em muitos lugares, mas com uma estrutura ruim, com entrega precária. A gente viu uma oportunidade nisso", explica Diga.

Entre os desafios, os sócios citam que, quanto maior o público, mais desafiadora se torna a logística do evento. De acordo com eles, nas primeiras edições, cerca de quatro pessoas eram responsáveis pela higienização dos banheiros durante o evento, enquanto, hoje, são 14 profissionais. Além disso, a cada edição, é necessário contratar banheiros químicos para atender a demanda.

Durante o inverno, devido às baixas temperaturas e chuva, o Samba de Rei se torna itinerante, e uma de suas edições ocorreu no Lindóia Tênis Clube. "Para muitas pessoas, frequentar esse espaço era algo distante. A partir de nós, essa galera tem acesso a esses espaços. Foi uma edição memorável", observa Diga.

Além disso, o Samba de Rei foi o primeiro samba realizado no espaço do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio. Os sócios já receberam convites para levar o evento à Serra Gaúcha, à Região Sul do Estado, entre outros locais. "Tem convite, mas um passo de cada vez. Estamos nos preparando para isso, quem sabe virar uma Tardezinha", comenta Nards.