A Casa de Pelotas trabalha com doces coloniais e clássicos há 17 anos, mas inova nos sabores em outubro

Doces de Pelotas versão Halloween: tradicional doceria da Cidade Baixa une tradição e criatividade


A Casa de Pelotas trabalha com doces coloniais e clássicos há 17 anos, mas inova nos sabores em outubro

Há 17 anos, a Casa de Pelotas traz em seus doces a cultura da cidade da região Sul do Estado para Porto Alegre. Mas é no Halloween que o local encontra um momento para inovar e misturar a tradição com as gostosuras típicas de outubro. O negócio, que fica na Cidade Baixa, é comandado por Márcia Carvalho e Álvaro Porepp, mãe e filho. Álvaro conta que o Halloween na Casa de Pelotas está no seu terceiro ano, mas já virou tradição para quem vive a experiência. Ele explica que a ideia de criar versões comemorativas para os doces clássicos surgiu de forma descompromissada, mas surpreendeu nos resultados. Em 2022, as forminhas de fantasmas, caveiras e abóboras foram usadas pela primeira vez, e, de acordo com Álvaro, foram um sucesso. Em decorrência da boa recepção da clientela, no ano seguinte, o negócio começou uma produção especial para a data. “Quando juntamos a forma e o sabor, iniciamos uma tradição de laboratório de doces neste mês. É nosso momento de liberdade criativa. Passamos meses pesquisando, testamos e ficamos ansiosos para que sejam provados. Virou um ritual para as pessoas esperar nossas criações, e isso é o mais legal”, explica o empreendedor. Ele conta que alguns sabores se tornam fixos após o período, pelo gosto dos consumidores. Além disso, diz que o maior rendimento financeiro da confeitaria é no período de frio, mas que o Halloween está mudando isso na Casa de Pelotas. “No ano passado, a data representou 15% do nosso faturamento. O Halloween supera todas as datas comemorativas do ano para nós. É muito expressivo”, conclui.
Há 17 anos, a Casa de Pelotas traz em seus doces a cultura da cidade da região Sul do Estado para Porto Alegre. Mas é no Halloween que o local encontra um momento para inovar e misturar a tradição com as gostosuras típicas de outubro. O negócio, que fica na Cidade Baixa, é comandado por Márcia Carvalho e Álvaro Porepp, mãe e filho.

Álvaro conta que o Halloween na Casa de Pelotas está no seu terceiro ano, mas já virou tradição para quem vive a experiência. Ele explica que a ideia de criar versões comemorativas para os doces clássicos surgiu de forma descompromissada, mas surpreendeu nos resultados. Em 2022, as forminhas de fantasmas, caveiras e abóboras foram usadas pela primeira vez, e, de acordo com Álvaro, foram um sucesso. Em decorrência da boa recepção da clientela, no ano seguinte, o negócio começou uma produção especial para a data.

“Quando juntamos a forma e o sabor, iniciamos uma tradição de laboratório de doces neste mês. É nosso momento de liberdade criativa. Passamos meses pesquisando, testamos e ficamos ansiosos para que sejam provados. Virou um ritual para as pessoas esperar nossas criações, e isso é o mais legal”, explica o empreendedor. Ele conta que alguns sabores se tornam fixos após o período, pelo gosto dos consumidores. Além disso, diz que o maior rendimento financeiro da confeitaria é no período de frio, mas que o Halloween está mudando isso na Casa de Pelotas. “No ano passado, a data representou 15% do nosso faturamento. O Halloween supera todas as datas comemorativas do ano para nós. É muito expressivo”, conclui.
Os doces se Halloween são o carro-chefe das datas especiais do negócio | THAYNÁ WEISSBACH/JC
Os doces se Halloween são o carro-chefe das datas especiais do negócio THAYNÁ WEISSBACH/JC

Tradição de Pelotas em Porto Alegre

A história da família se iniciou com um trabalho que atravessa gerações, sobretudo de mulheres. Álvaro conta que sua avó Hermínia fazia doces coloniais em Pelotas, tradição que passou para sua mãe e sustentou a família. Como explicam mãe e filho, esta não é uma história incomum, o mercado de doces da cidade permite que mulheres participem da economia de Pelotas há décadas.

“Comecei com os ensinamentos da minha sogra (Hermínia). Todos os doces eram coloniais, cristalizados, doces em pastas, em fios de ovos. Os potes e caixas de doces eram enormes e vendidos de porta em porta. Ela participou da primeira Fenadoce da cidade,” conta Márcia.
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A Casa de Pelotas fica na rua da República, nº 421, na Cidade Baixa | THAYNÁ WEISSBACH/JC
A Casa de Pelotas fica na rua da República, nº 421, na Cidade Baixa THAYNÁ WEISSBACH/JC

A história da Casa de Pelotas como negócio começou em 2007, em uma parceria entre a prefeitura de Pelotas e a de Porto Alegre para levar os doces ao Mercado Público e divulgar as potencialidades da cidade do interior. A primeira loja foi fundada por Márcia, mas sua história durou apenas até o incêndio que atingiu o Mercado Público em 2013, devastando o empreendimento. “Passamos por dois difíceis momentos, primeiro vimos nosso negócio ser consumido pelo fogo, e, agora em maio, presenciamos a força das águas”, conta Álvaro.

Em 2024, a Casa de Pelotas já residia na Cidade Baixa, onde se reconstruiu e funciona há 11 anos. Álvaro explica que o período das enchentes afetou muito o bairro, mas que sentiram a aproximação da rede de apoio que construíram ao seu redor. “Ficamos 22 dias fechados, por conta da logística dos doces que vêm de Pelotas. Sofremos com o que aconteceu no Rio Grande do Sul de maneira geral”, reflete.

Para além da produção, o assunto da confecção dos doces é importante para os empreendedores, pois os doces coloniais estão sob risco de desaparecer. Em maio de 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu a tradição doceira de Pelotas como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, mas o selo vale apenas para os clássicos. “Doces tombados pelo Iphan seguem receitas tradicionais e levam um selo em sua seda, como o quindim, camafeus ou bem-casados. Mas, quando esse processo aconteceu, os doces coloniais ficaram de fora”, explica Álvaro.

Como contam os administradores, até poucos anos atrás havia apenas uma doceira em Pelotas que ainda produzia o Pastel de Santa Clara, sendo responsável por fornecer o doce para todo o Estado. “É um processo muito lindo. Em uma mesa enorme, é aberta uma massa delicada como um véu, feita com os mesmos ingredientes da hóstia, que é dobrada e derrete na boca”, descreve Márcia.
Interior da Casa de Pelotas | THAYNÁ WEISSBACH/JC
Interior da Casa de Pelotas THAYNÁ WEISSBACH/JC


Álvaro complementa dizendo que isso traz um debate sobre a sobrevivência da tradição. “Grande parte das produtoras, que já estão em um número reduzido, já têm mais idade, e as receitas vão se perdendo”, afirma. Os dois explicam que toda a história por trás dos doces de Pelotas é muito anterior a eles e que empreender na Casa de Pelotas ao longo dos anos é uma alegria. “Queremos contar e preservar essa cultura, que fala desde a formação do Rio Grande do Sul até as influências africanas nas receitas. Um marco foi a conquista de uma cozinha de produção em 2020, em decorrência das dificuldades da pandemia. Isso nos deu liberdade para produzir os clássicos e inovar, o que nos traz até o Halloween de hoje, que tem sido uma experiência muito boa”, conclui Álvaro.
Álvaro e Márcia comandam a Casa de Pelotas há 17 anos | THAYNÁ WEISSBACH/JC
Álvaro e Márcia comandam a Casa de Pelotas há 17 anos THAYNÁ WEISSBACH/JC

Endereço e funcionamento da Casa de Pelotas

A doceria funciona de terça a domingo, das 12h às 19h30min. Localizada na rua República, n° 421, no bairro Cidade Baixa. Os doces de Halloween variam de R$ 11,90 a R$ 14,90. Tanto os doces tradicionais quanto os personalizados para o mês de outubro podem ser encontrados na loja física, Ifood ou delivery próprio do estabelecimento.