De escape games a passeios pelo Guaíba, empreendedores têm desbravado opções para que crianças e seus cuidadores desfrutem de tempo de qualidade na Capital

Experiência e tempo de qualidade com as crianças são apostas de negócios de Porto Alegre


De escape games a passeios pelo Guaíba, empreendedores têm desbravado opções para que crianças e seus cuidadores desfrutem de tempo de qualidade na Capital

O tempo de qualidade com as crianças é fundamental para o desenvolvimento emocional dos pequenos e para o fortalecimento dos vínculos. Com acesso cada vez mais facilitado às novas tecnologias, crianças e adolescentes têm passado mais tempo em frente às telas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças menores de 2 anos, não devem ser expostas a telas, enquanto crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, três horas por dia. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais perguntou a responsáveis por crianças e adolescentes sobre o tempo de tela das crianças. O resultado foi que mais de 51% dos entrevistados relataram que as crianças e adolescentes extrapolam excessivamente o período máximo de três horas. Para driblar esse cenário, empreendedores desenvolvem negócios que proporcionam experiências em família.
O tempo de qualidade com as crianças é fundamental para o desenvolvimento emocional dos pequenos e para o fortalecimento dos vínculos. Com acesso cada vez mais facilitado às novas tecnologias, crianças e adolescentes têm passado mais tempo em frente às telas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças menores de 2 anos, não devem ser expostas a telas, enquanto crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos devem ter o tempo de tela limitado a, no máximo, três horas por dia. Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Minas Gerais perguntou a responsáveis por crianças e adolescentes sobre o tempo de tela das crianças. O resultado foi que mais de 51% dos entrevistados relataram que as crianças e adolescentes extrapolam excessivamente o período máximo de três horas. Para driblar esse cenário, empreendedores desenvolvem negócios que proporcionam experiências em família.
Foi pensando neste público e em fomentar o turismo náutico de Porto Alegre que empresário e advogado Everson Carpes idealizou a Aventura Pirata Porto Alegre, projeto da empresa Ventos do Sul que fará passeios diários em duas embarcações com temática pirata. Com decoração inspirada no universo dos piratas, as duas embarcações oferecerão passeios que contarão com interação com personagens fantasiados, músicas e atividades que remetem à vida dos corsários. "Queremos proporcionar uma experiência completa, que transporte as pessoas para um mundo de aventura enquanto apreciam as belezas do Guaíba", explica Everson.
A operação, que iniciou no fim de setembro, ocorreria no mês de maio, mas foi adiada em decorrência da enchente. "O barco maior estava em Florianópolis e levaria 76 horas para chegar em Porto Alegre. Quando a embarcação estava na altura de Torres, a tripulação informou que a previsão de muita chuva para os dias seguintes dificultaria a chegada aqui, então decidimos atracar até que fosse seguro continuar a viagem. Jamais imaginamos a tragédia que viria nos próximos dias", confessa.
Apesar dos meses de espera, Everson conta que nunca pensou em desistir. "Foi um período difícil, mas ficamos resilientes, retomamos o projeto. Em momento algum pensei em desistir da ideia, porque acredito que isso também faz parte da autoestima da cidade. Esse projeto se junta a uma ideia de reconstrução, de que hoje a população vai poder contar com uma proposta de turismo diferente que vai trazer alegria", ressalta. O empreendedor também comenta que, para os próximos meses, a Ventos do Sul e a GAM3, empresa concessionária do Parque da Harmonia e do trecho 1 da orla, preparam novos pontos para que o público que frequenta a orla do Guaíba tenha acesso ao turismo náutico.
Os passeios ocorrerão de terça-feira a domingo, em três horários: 10h, 14h e 16h somente na embarcação Fantástico, navio com capacidade para até 130 passageiros. O passeio intitulado Pirataria nas Ilhas do Delta será realizado nos horários das 10h e das 14h, partindo do atracadouro Nico Fagundes, atrás da Usina do Gasômetro, e navegará rumo às ilhas da Pintada, da Pólvora, das Flores e dos Marinheiros. A navegação terá cerca de uma hora e custará R$ 40,00 e R$ 20,00 a meia entrada.
Já o passeio chamado Piratas rumo às Águas do Sul terá duração aproximada de duas horas e fará o contorno da Ilha das Pedras Brancas. Para os próximos meses, a empresa está em negociação para que os passageiros possam desembarcar e conhecer a ilha. O valor da do passeio é R$ 79,00 inteira e R$ 39,50 a meia entrada. Além das pessoas beneficiadas por lei, como pessoas com deficiência, crianças entre seis e 15 anos e idosos, a empresa contemplará o benefício de meia entrada para a categoria nomeada Heróis da Sociedade, concedida a policiais, bombeiros e professores. Crianças de até cinco anos são isentas, mas o ingresso deve ser reservado normalmente. As entradas estão à venda no site (linktr.ee/aventurapiratapoa)
"A expectativa é grande. Estamos ansiosos para ver a reação do público e acreditamos que esse será o início de uma nova fase para o turismo em Porto Alegre", conta Everson. A embarcação Piratinha, com menor capacidade de passageiros, tem previsão de início de operação para a segunda quinzena do mês de outubro. O navio fará o passeio reduzido, saindo a partir do Cais Embarcadero. "Quando começarmos a operar com a Piratinha, os passeios serão modificados, vamos fazer embates entre as embarcações. Vai ser muito divertido", antecipa.
Assim que começaram os passeios, no primeiro fim de semana de operação, mais de 390 pessoas embarcaram à bordo do Fantástico. Entre os passageiros, Everson destacou o grande número de crianças. "Todas estavam muito felizes, queriam tirar fotos com todos os piratas. Este é um projeto focado no público infantil e o início das nossas atividades nos deram certeza que as crianças adoraram", conta Everson.
A partir de novembro, a Ventos do Sul pretende que, a cada 15 dias, as embarcações realizem três passeios totalmente gratuitos para escolas públicas ou ONGs. Inicialmente, serão contemplados somente projetos e escolas da Capital, mas Everson pretende expandir para demais cidades em breve.
 

Famílias e adolescentes são público-alvo de escape game

Foi durante uma viagem para Gramado em 2018 que Giordano Jobim decidiu abrir um escape game em Porto Alegre. Após conhecer a atração na Serra Gaúcha, o engenheiro civil, junto de um casal de amigos, decidiu pela criação de uma atração inspirada no cinema. Semanas antes de inaugurar o Cinescape, em 2018, os amigos de Giordano deixaram a sociedade. Neste momento, Fernanda Jobim, esposa do empreendedor, juntou-se ao negócio que, hoje, recebe mais de 200 jogadores por mês e prepara a abertura de sua terceira sala temática.
A ideia para abrir um escape game - um jogo de grupo em que os jogadores descobrem pistas, resolvem quebra-cabeças e realizam tarefas em uma sala trancada, buscando atingir um objetivo específico em um tempo limitado - inspirada em cinema nasceu da experiência vivida com amigos. Na Serra Gaúcha, Giordano e Fernanda jogaram várias salas de escape games. Na volta, conversando sobre as possibilidades, um dos amigos sugeriu que poderiam abrir o próprio negócio. Inicialmente, Giordano hesitou, mas foi amadurecendo a ideia.
"Queríamos criar uma experiência que fosse mais do que apenas resolver enigmas e abrir cadeados. A ideia era que os desafios fizessem parte de uma história envolvente, algo que os jogadores realmente sentissem que estavam participando de uma trama", explica Giordano. Assim, o diferencial do Cinescape, de acordo com os empreendedores, seria criar uma conexão mais forte entre o enredo e os desafios, criando uma experiência imersiva para os participantes.
Após quase um ano procurando um local ideal, o ponto escolhido foi na rua Pedro Chaves Barcellos, nº 475, no bairro Mont'Serrat. Mesmo com a desistência dos sócios de tocar o projeto, o casal seguiu em frente e abriu as portas em dezembro de 2018, com a primeira sala temática chamada Apuros em Las Vegas, inspirada em filmes do estilo Se Beber, Não Case. "Percebemos que, mesmo com outros escapes em Porto Alegre, as pessoas que conhecem estão sempre buscando novos locais, e aqueles que não conhecem se surpreendem muito", conta Giordano.
Durante a pandemia, o Cinescape, como tantos outros negócios, precisou se adaptar. O casal aproveitou o período de fechamento para criar uma nova sala e lançou versões online dos jogos, o que lhes permitiu alcançar um público fora do Brasil. O projeto online, no entanto, foi descontinuado para manter o foco no presencial. Com as operações normalizadas no fim de 2021, o casal estreou a sala O porão do Dr. Kiefern, inspirada em filmes de terror dos anos 1970. Giordano considera essa uma sala mais complexa, com limite de tempo de até 90 minutos.
Hoje, o Cinescape atrai públicos variados, de famílias a empresas em busca de experiências de integração. "Acabamos descobrindo que nossos jogos são muito procurados por adolescentes, especialmente para festas de aniversário, algo que não esperávamos no início", conta Fernanda. Além disso, o escape game tem sido usado por empresas para atividades de treinamento e confraternização. "Até hoje, a frase que mais escuto é 'não sabia que isso existia em Porto Alegre', porque ainda é algo pouco explorado aqui", diz Giordano.
"O escape game é uma forma de tirar as pessoas da rotina, das telas, e colocá-las em um ambiente imersivo e divertido. Aqui, elas podem ser protagonistas de suas próprias histórias, e isso é algo que realmente nos motiva a seguir em frente", explica Giordano. Outro público muito presente no local, de acordo com os empreendedores, são famílias que estão de passagem pela Capital com destino à Serra Gaúcha. Em função disso, com fechamento do aeroporto de Porto Alegre em virtude das enchentes que afetaram a cidade, o negócio foi impactado.
Além dos detalhes técnicos, a dupla reflete sobre o que aprenderam com a experiência de empreender. "Acho que a gente aprendeu a se virar, a improvisar, ter jogo de cintura", comenta Fernanda. Como ambos vêm de áreas diferentes - Giordano é engenheiro civil e Fernanda dentista -, a adaptação ao universo do entretenimento foi desafiadora, mas também recompensadora. Eles investiram cerca de R$ 100 mil para abrir o Cinescape e reformar o espaço. "Aprendemos a fazer de tudo, desde a reforma até o design das salas, e continuamos buscando maneiras de melhorar cada detalhe", conta Giordano.
Para atrair novos jogadores e fidelizar aqueles que já passaram pelo Cinescape, o casal irá inaugurar, no dia 31 outubro, uma nova sala temática de Halloween. Pensada para ser menos assustadora que o Porão do Dr. Kiefern, a sala ainda não tem o nome revelado, mas os sócios adiantam que a inspiração partiu de filmes como Os Caça-Fantasmas. A ideia, segundo Giordano, é que a sala seja divertida, com elementos leves de terror, mas ainda envolvente o suficiente para atrair um público variado, incluindo famílias, adolescentes e crianças.
 

Empresa de brinquedos de papelão cria caixa para pais e crianças guardarem os celulares

Foi de uma percepção incômoda do casal Simone Buksztejn e Thiago Cestari que a Caixa do Agora foi criada. "Eu e meu marido estávamos na sala de casa e olhamos para os nossos filhos. Uma estava no tablet, o outro olhando televisão e nós dois estávamos cada um com seu celular na mão", lembra Simone. A partir deste insight, os fundadores da Eu Amo Papelão - marca de brinquedos feitos de papelão que, desde 2022, faz parte do Grupo Mazurky - criaram uma caixa para que pais e crianças desconectassem da tecnologia e compartilhassem entre si tempo de qualidade. Oito anos depois da primeira versão, a empresa relançou o produto, agora remodelado e em dois tamanhos diferentes.
Simone conta que, depois de perceber quanto tempo a família gastava estando junto, mas sem interagir, ela e o marido decidiram criar uma caixa para guardar os telefones por um período em que a família ficasse unida. A primeira versão, lançada em 2016, foi pensada somente para dois telefones, o que foi alterado no novo modelo. "Percebemos que, infelizmente, esta questão tem piorado. As crianças cada vez menores já estão com acesso à tecnologia. Hoje, passam muito mais tempo interagindo com a tecnologia do que fazendo qualquer outra coisa", diz Simone. Essa observação fez com que a idealizadora da marca sugerisse um relançamento com a opção de uma caixa maior, que comportasse também tablets, muito usados por crianças.
"A Caixa do Agora foi feita para lembrar de guardar um pouquinho a tecnologia e ficar junto. Está no nome dela, a caixa é para curtiu o agora, o momento, curtir a vida real", afirma. Simone também observou que, próximo do Dia das Crianças, todos os clientes que adquiriram a caixa, compraram junto outro brinquedo da marca. "Isso mostra que, mesmo que brinquem só naquele dia, o público recebeu muito bem a ideia", acredita. As caixas custam R$ 9,90 e R$ 29,90 no site (loja.euamopapelao.com.br).