Porto Alegre reúne diversos negócios que, através da gastronomia, aproximam o Rio Grande do Sul da cultura árabe

Gastronomia árabe ganha espaço com negócios típicos em Porto Alegre


Porto Alegre reúne diversos negócios que, através da gastronomia, aproximam o Rio Grande do Sul da cultura árabe

O Brasil é um dos países com a maior população árabe do mundo. A imigração começou no final do século XIX, com a chegada de cristãos e muçulmanos, principalmente do Líbano e da Síria, mas pessoas de países como Turquia, Iraque, Egito e Palestina também se estabeleceram por aqui. Tendo um impacto cultural tão relevante na nossa sociedade, é natural que muitos empreendimentos focados nos costumes dos países árabes tenham surgido nestes mais de 100 anos de imigração.
O Brasil é um dos países com a maior população árabe do mundo. A imigração começou no final do século XIX, com a chegada de cristãos e muçulmanos, principalmente do Líbano e da Síria, mas pessoas de países como Turquia, Iraque, Egito e Palestina também se estabeleceram por aqui. Tendo um impacto cultural tão relevante na nossa sociedade, é natural que muitos empreendimentos focados nos costumes dos países árabes tenham surgido nestes mais de 100 anos de imigração.
Um deles é o Lubnnan, restaurante libanês que, há mais de 30 anos, busca servir comida típica e fomentar a cultura do país árabe em Porto Alegre. O negócio, localizado na avenida Cristóvão Colombo, atualmente funciona apenas no sistema de delivery e é comandado pelas irmãs Fatmeh, Leila e Muna Bjeije. A trajetória do Lubnnan está intrinsecamente ligada à história da família Bjeije. Charif, o patriarca da família, chegou ao Brasil em 1951 e, dois anos depois, conheceu Luahey, com quem se casou e teve quatro filhos: Fatmeh, Leila, Muna e Kalil. Inicialmente, Charif era dono de uma loja localizada na rua Benjamin Constant, em sociedade com seus irmãos, porém, em 1989, ele decidiu mudar de área e, junto de sua esposa, abrir o restaurante.
O empreendimento começou em um pequeno espaço localizado na avenida Cristóvão Colombo, mas, segundo as empreendedoras, caiu nas graças do público rapidamente e logo foi ampliado. “Ampliamos em 1992. Foi iniciativa do meu irmão, e compramos o espaço do lado do restaurante”, conta Fatmeh O Lubnnan sempre serviu clássicos da comida típica da região, como kibe, homus, coalhada árabe - chamada de labneh-, baba ghanoush, mjaddara, entre outros. Na época, eram oferecidas as opções de sequência degustação e à la carte.
Segundo Fatmeh, um dos principais diferenciais do empreendimento é a utilização de insumos oriundos diretamente do Líbano. “A maioria dos nossos produtos vêm do Líbano. Claro que, às vezes, é um pouquinho difícil, mas tentamos de tudo e, se falta, damos uma adaptada”, explica Fatmeh. Mas, muito mais que apenas servir comida típica, o Lubnnan buscava ser um ponto de fomento da cultura libanesa e árabe em Porto Alegre. Assim, além de uma decoração pensada para lembrar a terra natal dos empreendedores, o restaurante contava com shows de danças libanesas e de outros países árabes. “Não é só a comida que as pessoas buscam. Elas buscam conhecimento da cultura, que gostamos de manter sempre acesa. Tenho muito orgulho de ser filha de libaneses e minha família também. Temos tradições e costumes que a gente não quer que se apague jamais”, orgulha-se Fatmeh.

A família Bjeije é responsável pelo Lubnnan | arquivo pessoal/JC
A família Bjeije é responsável pelo Lubnnan arquivo pessoal/JC
O restaurante se manteve assim por 30 anos, até o início da pandemia de Covid-19. O Lubnnan, assim como muitos outros empreendimentos da Capital, sofreu com o período de isolamento social e teve que mudar o foco da operação. “O ramo da gastronomia foi um dos que mais sofreu durante a pandemia. Abríamos as portas e ninguém aparecia”, lamenta Luahey. Portanto, a família Bjeije decidiu fechar a operação de salão e focar exclusivamente no delivery.
Com o fim da pandemia, o Lubnnan não voltou a operar normalmente. No entanto, Fatmeh relata que, com o tempo, a clientela passou a sentir falta de frequentar o restaurante. Assim, o Lubnnan passou a abrir nas sextas, sábados e domingo no almoço, exclusivamente com reservas. O fato do Lubnnan ter uma clientela fiel foi um dos pontos mais exaltados por Fatmeh. Segundo ela, sua família e os clientes do restaurante nutrem uma relação única. “Conhecemos praticamente quase todas as famílias que frequentam o restaurante. São pessoas maravilhosas e que a gente tem um carinho. Eles não são nossos clientes. Eles são nossa família”, exalta.
O Lubnnan está localizado na avenida Cristóvão Colombo, n° 727. Para informações sobre horários de funcionamento e delivery, acesse o Instagram (@lubnnanrestaurantearabe) ou pelo WhatsApp (51) 99170-7454.

Empresária foca na comida típica por encomenda

Foi por estímulo de sua família e amigos que a empreendedora Saida Cristina Kadan abriu o Zait e Zaatar, negócio focado na venda de comida árabe sob encomenda. Com a utilização de temperos importados diretamente da Palestina, Saida produz pratos típicos e sonha em abrir o próprio restaurante.
Saida é gaúcha, mas cresceu na Palestina junto de sua família. Por lá, conheceu a cultura árabe e, através de sua mãe e sua avó, aprendeu a cozinhar. Aos 16 anos, retornou ao Brasil e se casou com um amigo de infância, também gaúcho e crescido na Palestina, com quem teve quatro filhos.
Mesmo estabelecendo-se no Brasil, Saida e sua família nunca deixaram de lado os costumes do país árabe. Portanto, a comida típica da região da Palestina sempre se fez presente em sua casa. Com o tempo, amigos e familiares passaram a estimular Saida a comercializar seus produtos que, segundo eles, tinham uma qualidade única.
"Quando fazia a comida, todo mundo gostava. Quando mandava para o lanche dos nossos filhos, os colegas adoravam. Todos perguntaram porque eu não vendia", lembra Saida
Por muitos anos, ela negou a ideia de empreender e reservava-se a cozinhar apenas para conhecidos. Porém, no início de 2024, após a insistência de sua filha Dunia, ela embarcou na aventura e passou a produzir as iguarias na cozinha da própria casa.
"Tinha receio que ninguém ia comprar. Um dia, minha filha mais velha disse que ia me ajudar e, se ninguém comprasse, a gente chamaria nossa família e eles nos ajudariam a comer", relata.
Segundo ela, o sucesso foi instantâneo e todas as unidades produzidas foram vendidas no mesmo dia. Assim, o Zait e Zaatar surgiu. Saida cuida exclusivamente da cozinha, enquanto o restante da família participa das outras frentes do negócio. Seu marido é encarregado das entregas e as filhas comandam as redes sociais. O empreendimento é focado na venda de comida árabe por encomenda. Portanto, são oferecidos kibes, de carne ou de queijo, esfihas e uma porção de seis unidades de falafel.
Além disso, estão disponíveis pastinhas, como homus e coalhada. Os kibes são vendidos congelados e pré-prontos e, para garantir que eles serão preparados da maneira correta, Saida manda um manual de instruções de como prepará-los no óleo, no forno ou até mesmo na air fryer. Um ponto exaltado foi o fato de tudo ser feito de maneira artesanal e com insumos importados da terra natal da família da empreendedora. Isso, segundo ela, é um dos principais diferenciais. "Tudo tem que ser de primeira. Os vegetais eu compro na feira, é tudo fresquinho. A carne eu já ensinei o açougueiro a moer direitinho. Então, acompanho tudo. Além disso, todos os temperos vêm da Palestina. Minha sogra me manda de lá", afirma Saida.
Morando há anos no Brasil, a empreendedora se sente orgulhosa de ter a oportunidade de propagar a cultura do país árabe, mesmo morando a quilômetros de distância. Segundo ela, sua clientela conta com pessoas das mais diferentes etnias. "Tenho clientes que se interessam muito. Que nunca comeram ou que só comeram em lugares mais industrializados, que não é a mesma coisa. Eles me perguntam se eu já morei lá, como eram as coisas. Se interessam muito por saber da nossa cultura", explica Saida. O Zait e Zaatar aceita pedidos por tele-entrega e retirada através do Instagram (@zait_e_zaatar) ou pelo WhatsApp (51) 99931-9363.
 

Operando há 35 anos, Al Nur é clássico da capital gaúcha

Fundado em 1989, o Al Nur é um dos restaurantes mais conhecidos do segmento em Porto Alegre. O empreendimento, que já teve quatro pontos na cidade, hoje conta com uma sede na Protásio Alves e outra na rua Chavantes, na Zona Sul. O empreendimento foi fundado há 35 anos por uma imigrante libanesa.
A proprietária original havia trabalhado na cozinha de um tradicional restaurante árabe em Rio Grande e, depois de um tempo, decidiu investir em seu próprio negócio. Assim, abriu o Al Nur em um pequeno espaço na avenida Protásio Alves, local que abriga uma das sedes do restaurante até hoje.
Segundo os empreendedores, a sede original tinha metade do tamanho do restaurante atual. O local sempre buscou oferecer comida árabe tipicamente libanesa, como kibe, esfihas, chancliche, mjadra, entre outros. Além da comida, o Al Nur, originalmente, buscava apresentar outras facetas da cultura árabe, com shows de dança e apresentações artísticas. Isso fez do empreendimento um ponto de encontro da comunidade libanesa na Capital. Hoje, o negócio é liderado por Sid Said, filho da proprietária, e Fernando Dreher, gestor dos dois restaurantes. Fernando conta que foi Sid que decidiu expandir a marca e, em 2013, criou as filiais.
O experimento de colocar a marca em shoppings na Capital, no entanto, acabou não tendo muito sucesso. Em 2015, por conta de uma baixa no faturamento, os empreendedores resolveram fechar as sedes no Bourbon Wallig e no Praia de Belas, seguindo apenas com as lojas de rua. “O nosso modelo de negócios não combina com shopping. É difícil. Não adiantava insistir”, lamenta Fernando. No entanto, segundo ele, o Al Nur segue firme e forte.
O restaurante conta com opções à la carte, sequência - onde é possível degustar todos os itens do cardápio - e, durante o almoço, com um menu executivo no valor de R$ 33,90, que oferece pequenos combos pensados para uma pessoa. Entre os favoritos da clientela estão os kibes - tanto o cru como o frito. Atualmente, o Al Nur conta com uma clientela bem diversa, segundo o empreendedor. Além da comunidade árabe da região, muitas pessoas, das mais diferentes etnias, apreciam a culinária libanesa.
O Al Nur também conta com muitos clientes veganos e vegetarianos, já que a culinária árabe tem naturalmente pratos sem insumos de origem animal, como o falafel e o homus. Segundo Fernando, entre os jantares no fim de semana, o restaurante vende aproximadamente 1 mil unidades de kibe frito.
O Al Nur funciona nas terças, das 18h30min às 22h. De quarta a sexta, das 11h30min às 14h30min, e das 18h30min às 22h. Nos sábados, das 11h30min às 15h, e aos domingos, das 18h30min às 22h.