A 47ª edição da Expointer, que começou no último sábado (24), já tem superado as expectativas dos empreendedores. Valesca Fonseca, 45 anos, que comanda a loja de roupas Talabarta, diz que, nos primeiros dois dias de feira, já atingiu os resultados esperados para toda a semana. A marca é inspirada no universo do cavalo Crioulo e conta com peças típicas da vestimenta gaúcha - como bombachas e alpargatas - incrementadas por referências de moda.
Valesca conta que a ideia da Talabarta surgiu durante a pandemia. Publicitária, ela viu no momento adverso uma oportunidade de repensar sua carreira. Assim, vendeu um imóvel para investir na marca própria. "Não queria ser multimarcas. Como sou publicitária, resolvi criar a minha própria marca. Pensei em um conceito, mas não sabia o desafio de ser empreendedora", conta sobre o negócio, que teve inspiração nos países vizinhos. "Quando entrei no conceito e na cultura, trabalhei focada no couro, o que deu o nome à Talabarta, que vem da origem de talabarteria dos países vizinhos. Comecei muito focada no chimarrão, nas mateiras. Toda a minha marca é sempre ligada ao couro, seja em uma etiqueta, nos tons terrosos do campo", explica.
Na hora de escolher um nicho para apostar, o universo do cavalo Crioulo foi a aposta. "Entendi que a mulher do mundo equestre gosta de estar baseada na nossa cultura, com uma bombacha, uma camisa, mas ter esse conceito de qualidade, elegância. E um amigo que é do cavalo Crioulo me disse que o dinheiro, o fluxo de caixa, estava no cavalo. Nem sempre é no CTG, no agro. Hoje, 95% do meu publico é feminino. Trabalhamos com o masculino, mas o público é maior, porque a mulher ou ela está no cavalo, conduzindo nas provas, ou acompanhando o esposo que também faz parte", percebe Valesca, destacando que a ideia é vestir suas clientes para diferentes momentos. "As mulheres gostam de estar bem vestidas no campo ou na cidade. Tu podes usar uma bombacha tanto de scarpin, quanto de bota. Fui me qualificando na moda, mas sempre voltada para esse conceito da cultura equestre e me aperfeiçoei no universo do cavalo Crioulo", afirma a empreendedora.
Valesca Fonseca é a empreendedora à frente da Talabarta
TÂNIA MEINERZ/JC
LEIA TAMBÉM > Com cornettos e outras iguarias italianas, casal de Bento Gonçalves abre padaria em Porto Alegre
Como uma empreendedora que tem como foco a clientela feminina, Valesca considera que superou os desafios em virtude das habilidades que trouxe da sua carreira como publicitária. "Atuei muito tempo no meio de homens, trabalhei em lideranças de equipes e não tive problema com machismo. Sempre tive uma expertise maior na questão do atendimento. Mas é desafiador, porque é uma cultura centenária, e o cavalo tem toda uma simbologia de robustez, de virilidade. E para uma mulher que não é do meio, não é criadora, conseguir mostrar a que veio é desafiador. Só que aí pego essa essência que é de alma, de coração e minimizo, porque faço com naturalidade essa questão da relação", afirma.
A relação com a clientela é um dos diferenciais do negócio, segundo a empreendedora, que possui um showroom em Porto Alegre e lojas conceito em Esteio e Rolante. "Acredito muito que uma marca só se consolida quando ela tem qualidade unido com relacionamento, atendimento personalizado, nada de mensagens prontas", pondera. Além dos pontos e das vendas online (talabarta.com.br), a marca acompanha todo o circuito do cavalo Crioulo ao longo do ano e está presente na sua terceira Expointer. "Antes, ficávamos no núcleo do cavalo Crioulo, que diria que é uma célula do cavalo, e hoje estou aqui na Boulevard Cavalo Crioulo que é o foco principal. Para gente, é uma conquista, porque estar aqui é uma identificação da marca", orgulha-se.
No terceiro dia de feira, a marca já conquistou bons resultados, como garante Valesca. "Já superamos as expectativas. Acho que essa virada em relação à enchente, expectativas de que talvez não acontecesse Expointer e aconteceu, fez com que o pessoal ficasse mais curioso para como está a situação, porque a área foi muito afetada. As expectativas já foram superadas", diz a empreendedora, que aguarda a edição do Freio de Ouro, no último fim de semana de feira, para angariar bons resultados.
