No ramo vegano ou para o público 50 , focar em um nicho tem destacado novos e antigos negócios na Capital

Operações de Porto Alegre exploram nichos de mercado para fidelizar clientes


No ramo vegano ou para o público 50 , focar em um nicho tem destacado novos e antigos negócios na Capital

Quando um negócio é idealizado, é preciso definir de que forma um novo empreendimento irá impactar o público-alvo. Uma das escolhas que passam pelas mãos dos empreendedores é a de nichar seu negócio. De acordo com o Sebrae, um nicho é um grupo de pessoas interessadas em um assunto específico, sendo mais específico que um segmento. Direcionar os recursos da empresa para um público que reconhece o trabalho pode, de acordo com a organização, possibilitar o aumento da receita da empresa, além de direcionar corretamente o empreendimento para atingir pessoas com interesse na área do negócio.
Quando um negócio é idealizado, é preciso definir de que forma um novo empreendimento irá impactar o público-alvo. Uma das escolhas que passam pelas mãos dos empreendedores é a de nichar seu negócio. De acordo com o Sebrae, um nicho é um grupo de pessoas interessadas em um assunto específico, sendo mais específico que um segmento. Direcionar os recursos da empresa para um público que reconhece o trabalho pode, de acordo com a organização, possibilitar o aumento da receita da empresa, além de direcionar corretamente o empreendimento para atingir pessoas com interesse na área do negócio.
Pensando nisso, Manoella Pesch fundou a Moo Veggie. A empreendedora de 30 anos está à frente do restaurante focado em comida vegetariana e vegana. O Moo está localizado em uma peça de 52m² na rua Demétrio Ribeiro, nº 466, no Centro Histórico, mas já tem data marcada para deixar o endereço rumo à expansão. A partir da segunda quinzena de setembro, o restaurante passará a ocupar os 140m² do número 784 da avenida Osvaldo Aranha, no bairro Bom Fim.
O empreendimento de Manoella nasceu de uma situação complexa: uma demissão em virtude do início da pandemia de Covid-19. A gaúcha conta que havia voltado recentemente de São Paulo, onde morou até 2019, para ingressar no curso de nutrição na Ufrgs. Com o retorno repentino, Manoella hospedou-se na casa da irmã e começou a trabalhar em um restaurante japonês. Com o início das restrições impostas pela pandemia, o restaurante optou por demitir a equipe em março de 2020.
Inicialmente, a Moo Veggie nasceu como uma forma de Manoella ter renda extra. Com um investimento de R$ 500,00 em equipamentos básicos e insumos, a empreendedora iniciou fazendo salgados veganos na cozinha de um apartamento que dividia com mais duas colegas de faculdade. "Comprei um depurador, uma chapa e os utensílios de cozinha. Um vizinho me emprestou um fogareiro e minha mãe me deu uma panela que foi a fritadeira da Moo por muito tempo", lembra. A produção inicial era somente de salgados, vendidos tanto prontos para consumo quanto congelados. Em pouco tempo, a demanda cresceu significativamente, levando a empreendedora a buscar outro local para a produção. Para aumentar a renda do negócio, a empreendedora decidiu vender, uma vez por semana, hambúrgueres veganos. "Minha mãe faleceu na época e eu fui para o sítio do meu pai para dar um apoio. Lá, fiz os testes de hambúrguer. Quando voltei para Porto Alegre, fiz a primeira noite do hambúrguer", conta.
A ideia rapidamente popularizou-se entre o público fiel da Moo, que hoje vende entre 250 e 300 hambúrgueres por semana, além de uma média de 100 a 200 salgados. O cardápio do local também conta com pizzas, sanduíches, panchos, petiscos e pratos quentes. A empreendedora, no entanto, ressalta: "o carro-chefe ainda é o hambúrguer". O sabor mais vendido é o Jersey Agridoce, com pão australiano, cebola caramelizada, queijo muçarela vegano, blend de proteína de soja defumada, tomate, rúcula e maionese verde da casa, no valor de R$ 46,90. Os hambúrgueres partem de R$ 35,90 até R$ 48,90 e acompanham fritas.
O crescimento da Moo culminou na necessidade de expansão para um novo espaço, localizado na avenida Osvaldo Aranha. Com um investimento de aproximadamente R$ 100 mil, a nova sede da Moo promete não apenas aumentar a capacidade de produção, mas também proporcionar uma experiência mais acolhedora e instagramável para os clientes. "A expectativa é que a Moo ganhe ainda mais visibilidade e que possamos espalhar a palavra do veganismo da melhor forma possível", afirma Manoella.
A expansão é um marco importante para a empreendedora, que sempre foi cautelosa com a gestão financeira de seu negócio. "Mantive tudo em dia para aumentar o score e ganhar credibilidade com o banco", explica.
Para o futuro, a expectativa é positiva, mas Manoella reconhece os desafios que vêm com o crescimento. "Construir resiliência e acreditar nos sonhos foram lições importantes. Hoje, sinto que meu trabalho é reconhecido, algo que muitas vezes não foi o caso na cozinha, especialmente como mulher", conclui.
 

Focado no público 50+, bar é novidade na Capital

Com um ambiente intimista, o Columbus pretende agradar o público que não costuma frequentar ambientes abertos

Pensando em criar um local para a vida noturna dos porto-alegrenses na faixa dos 50 anos, os sócios Cecília Capovilla e Eduardo Etchepare abriram o Columbus. O bar, focado em drinks e petiscos, fica na avenida Cristóvão Colombo, nº 582, no bairro Floresta.
A dupla, que já comandou outros negócios, buscou um novo ponto após o encerramento das atividades do Osvaldo Bar, no qual os sócios operaram por cinco anos. "O Osvaldo não era para ser como ele se tornou. Em função da pandemia, montamos o bar meio aberto, mas não era para ser abertão. Não que não fosse funcionar na rua, mas ele era para ser mais fechado, mais reservado", explica Cecília. Ainda de acordo com os empreendedores, outro ponto-chave foi um aumento expressivo nos aluguéis no Bom Fim.
Com o encerramento das atividades na avenida Osvaldo Aranha e o sentimento de que Porto Alegre não tinha um ponto para pessoas da mesma faixa etária que os empreendedores, Cecília e Eduardo começaram a maturar a ideia do novo negócio. "Moro aqui perto e sabia que esse lugar estava para alugar há mais de seis anos, mas pensei que, por ser um casarão de 1915, um local de mais de 100 anos, estaria fora do nosso orçamento. Quando fechamos o Osvaldo, parei aqui na frente e decidi que iria ver o preço do aluguel. Quando percebemos que encaixava no nosso bolso, decidimos que seria aqui", lembra Cecília.
De acordo com Cecília e Eduardo, o bairro Floresta era, durante a juventude dos sócios, um ponto com diversos bares e danceterias. "Queríamos ir para alguma avenida icônica de Porto Alegre, e a Cristóvão Colombo foi uma avenida que, nos anos 1980, 1970, tinha muitos lugares memoráveis", lembra Eduardo. Os sócios também descobriram, por meio de amigos, que na década de 1980, diversos negócios que ocupavam a região do Bom Fim também se deslocaram até o Floresta, movimento que serviu de inspiração para o negócio.
A Columbus abriu suas portas há pouco mais de um mês. Os sócios ressaltam que, por sustentabilidade, 100% dos móveis utilizados eram do ponto anterior.
"Tínhamos pouco para investir e queríamos algo mais intimista, com uma luz baixa. Os lustres são as estruturas das placas de aluga-se desse prédio e da placa do Osvaldo", conta Cecília, explicando que, embora o local comporte um público maior, optaram por restringir o serviço para até 100 clientes. "Nosso bar tem alma, as pessoas vêm atrás da gente, porque colocamos nossa alma nos negócios", comenta Cecília, explicando que, na segunda semana de operação, o Columbus já havia registrado fila de espera para ingressar no local.
De acordo com os empreendedores, o Columbus busca ser um bar com foco em pessoas que buscam mais do que um simples local para beber. Eduardo afirma que a meta para os próximos meses é estruturar uma cozinha para que o local passe a atender como um gastrobar de pratos sazonais.
O bar oferece drinks clássicos e autorais com opções sem álcool, cerveja e chope. Para comer, o Columbus tem pizzas individuais em cinco sabores. no valor de R$ 45,00, pão parrillero em dois sabores, por R$ 32,00, e dois sabores de quiche, por R$ 23,00.
 

É possível nichar um negócio que já existe, diz especialista

O diferencial de trabalhar com um produto ou serviço nichado é conhecer bem o público que se conecta com o negócio. É nisso que acredita a coordenadora do segmento de saúde e bem-estar do Sebrae-RS, Ana Paula Rezende. A especialista na área acredita que trabalhar com nichos é uma forma de customizar os serviços da melhor maneira para atender os clientes.
Em 2023, Ana Paula foi uma das responsáveis pela pesquisa Oportunidades na economia prateada para micro e pequenas empresas do Rio Grande do Sul, realizada pelo Sebrae-RS. No levantamento, constatou-se que a população idosa do Estado busca, cada vez mais, por serviços especializados no público 60 , mas tem dificuldade de encontrar. As áreas de maior interesse são as de moda e beleza, cultura e lazer e a de casa e decoração. "Hoje, já temos aqui na Capital salões especializados em cortes e no cuidado para os cabelos grisalhos. Isso hoje já é um nicho de mercado. Porém, pensa em uma pessoa com mais de 60 anos que quer tomar um café com amigos, talvez não encontre uma cafeteria que atenda os requisitos que essa faixa etária busca, como um ambiente mais fechado e mais silencioso para interagir com outras pessoas no local", explica Ana Paula.
A especialista também ressalta que há oportunidades também em negócios já consolidados. "Hoje tu podes achar oportunidades de nichar o teu negócio que já existe a partir de um público ou direcionamento específico. Um exemplo é uma academia que fica na Zona Sul, que direcionou uma parte do seu horário de funcionamento somente para o público 60 ", lembra Ana.
Além de alcançar melhores objetivos com o público escolhido, outra vantagem de nichar o empreendimento, de acordo com Ana Paula, é a identificação dos clientes com a marca. "Quando tu ofereces algo específico para um público, isso gera a fidelidade do cliente com o teu negócio. Nichar um negócio cria a oportunidade de se aproximar desse consumidor", explica.
Outra questão ressaltada pela especialista é a especificidade que um nicho de negócios gera, uma vez que torna a operação mais personalizada e individualizada para cada cliente.
"Algumas destas atividades, por exemplo, são pensadas para o público 60 , mas um público com poder aquisitivo maior. É importante ter sempre em mente que o nicho não é só a idade, mas a classe social e o bairro onde essas pessoas moram ou frequentam", diz Ana, destacando que olhar de maneira ainda mais atenciosa para um nicho pode ser um recurso importante para o vínculo com a clientela. "Quanto mais específico o produto ou serviço, maior a oportunidade de personalização, mas isso também gera um senso de comunidade, pertencimento", pontua.