Mesmo sem representantes brasileiros, a modalidade atrai interessados

Com estreia nas Olimpíadas, aulas de breaking atraem jovens gaúchos


Mesmo sem representantes brasileiros, a modalidade atrai interessados

Os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris estão sendo marcados por novidades, desde a cerimônia de abertura fora de um estádio às novas modalidades. Entre as novidades, está a inclusão do breaking, arte de rua que nasceu do movimento Hip Hop. A modalidade foi reconhecida recentemente como esporte. Nesta edição, 16 b-boys e 16 b-girls apresentam-se entre os dias 9 e 10 de agosto.
Os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris estão sendo marcados por novidades, desde a cerimônia de abertura fora de um estádio às novas modalidades. Entre as novidades, está a inclusão do breaking, arte de rua que nasceu do movimento Hip Hop. A modalidade foi reconhecida recentemente como esporte. Nesta edição, 16 b-boys e 16 b-girls apresentam-se entre os dias 9 e 10 de agosto.
Nos Jogos Olímpicos de Paris, o Brasil não terá representantes no breaking, cenário que não representa a força do movimento Hip Hop no País. Em Porto Alegre, a cena ganhou ainda mais força em 2023, após a inauguração do Museu da Cultura Hip Hop do Rio Grande do Sul, mesmo ano em que o movimento completou 50 anos no Brasil. O museu é o primeiro dedicado à cultura do Hip Hop na América Latina e tem financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura e patrocínio da Petrobras e do Instituto Neoenergia, com realização do Ministério da Cultura.
Entre as oficinas oferecidas pelo museu, está a de breaking. As aulas são ministradas por Leonel da Silva Vieira, ou Deaf, como é conhecido. Deaf atua como professor há 13 anos e segundo ele, o movimento Hip Hop sempre esteve presente na família, já que o irmão mais velho era b-boy e o do meio é MC. "Meu interesse maior sempre foi a dança, mas tinha uma barreira bem grande: a minha mãe. Ela via as acrobacias e morria de medo que eu me machucasse", comenta.
Aos 14 anos, Deaf começou a praticar o breaking a partir do projeto Escola Aberta. Desde então, a dança virou parte de sua vida. Com o decorrer dos anos, Deaf viu a cena crescendo e o movimento ganhar força rapidamente. "Com o avanço da tecnologia e a disseminação de informação em massa, tudo está sendo mais rápido e até mais fácil. Para nós da dança, foi bem positivo, mas tem os pontos negativos também".
Atualmente, 10 alunos participam ativamente das aulas, sendo uma turma pela manhã e outra turma no período da tarde. Segundo o professor, a procura pelas oficinas é muito grande, mas muitos alunos acabam desistindo do processo. "Como é tudo muito novo, muitos vão só para conhecer. Porém temos feedbacks positivos, e a procura está aumentando. Acredito que as próximas turmas estarão lotadas", afirma Deaf, revelando que os alunos são pessoas de todas as idades que estão buscando aprender algo novo e desafiador, onde possam colocar sua personalidade em evidência. Essa edição é a primeira que conta com o breaking entre as modalidades. Outra novidade é o caiaque cross.
Para Deaf, a importância breaking ser conhecido como esporte olímpico está na visibilidade que o esporte deve ganhar a partir de agora. "Infelizmente, não teremos representantes brasileiros, uma vez que todo esse apoio iniciou há apenas quatro anos em uma modalidade onde muitos outros países tratam a arte e a cultura como importante agente de transformação", destaca o dançarino, ressaltando que a novidade já trouxe mudanças. "Só o fato de aprenderem que a escrita é breaking e não break ou breakdance já mostra um avanço significativo para a cena", garante. Para Deaf, o breaking representa muito mais que um esporte. "Tem papel fundamental da construção pessoal e ajuda jovens menos afortunados a respeitarem os processos para atingir seus objetivos", diz.
• O Museu do Hip Hop anunciou a abertura das inscrições para o Programa de Formação: Oficinas 5 Elementos, que irá formar gratuitamente 570 alunos. O formulário para inscrições está disponível nas redes sociais do museu.
 

Professor aposta no estilo em Porto Alegre e na Região Metropolitana

Gustavo Silva fundou a New School Dreams, escola de danças urbanas, em 2005, mas desde 2002 já trabalhava como professor de dança. A escola mantinha um espaço físico até 2019, quando Gustavo teve de encerrar as atividades. "Sabia ser artista, dar aula, mas não sabia administrar um negócio", admite. Ainda sim, após o fechamento do espaço próprio, Gustavo seguiu realizando as aulas. Atualmente, o New School Dreams funciona em dois locais fixos em Porto Alegre e em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana. "Uma vez por mês, juntamos os alunos das duas turmas e nos reunimos para fazer um aulão com todos", explica.
Hoje, a escola conta com 21 alunos e, de acordo com Gustavo, a procura aumentou nos últimos meses. "Cresce a cada mês. Fiquei dois anos sem dar aula em Porto Alegre e voltei em abril, então tem entrado a cada mês mais bailarinos", relata. Além das aulas, Gustavo é responsável por um projeto de espetáculos, o Moúses - Filhas da Memória, com sessões no Teatro Oficina Olga Reverbel, no complexo Santa Casa.
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"Nós somos o grupo urbano com maiores premiações em festivais competitivos e prêmios por espetáculos", declara. A New School Dreams acumula 10 prêmios Açorianos de Dança, dois prêmios Braskem e, em 2013, ganharam o FIH2 - Festival Internacional de Hip Hop. Em Porto Alegre as aulas ocorrem na rua Gonçalves Dias, nº 309, no Menino Deus. Já em Novo Hamburgo, acontecem na rua Félix da Cunha, nº 57.